Fátima, Sábado 4 de Junho de 2022, 15h35
Não ... chegar a Fátima não é o mesmo que chegar a
Santiago. As sensações são diferentes, a envolvência é diferente, a
mística é diferente. Mas chegar a Fátima no final de uma peregrinação de 9
dias, respondendo ao anseio e à Fé de uma Amiga de há quase meio século ...
também é diferente de todas as vezes em que cheguei, a pé, à Capelinha das
Aparições e à imagem de Nossa Senhora.
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Entre Advagar e Arneiro das Milhariças,
2.Junho.2022, 10h05 - E o Caminho prossegue ao ritmo da nossa
Amizade...
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Retomado o Caminho em
Advagar, depois da "
Casa da Avó Ana", as etapas 7 e 8 eram as de maiores desníveis. A subida aos Moinhos da
Chã de Cima, passado o
Arneiro das Milhariças, foi a mais penosa
para as duas peregrinas; a minha pequena arraiana cada vez gosta menos de
subidas... 😌
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Subida aos Moinhos da Chã de Cima ... onde há "peregrinos" que conseguem ser mais
lentos... 😂
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E ao fundo já se via a Serra d'Aire. Passo a passo ... o
destino aproximava-se.
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A 7ª etapa terminou em
Amiais de Baixo. O
Centro Ciência Viva do Alviela foi o nosso albergue para a penúltima noite; para minha admiração, o
bar/restaurante que ali existia e onde já tantas vezes comi ... está fechado e
abandonado. Valeu-nos o carro de apoio, para regressar a Amiais ... e onde
"descobrimos" dois restaurantes em frente um do outro, o "
Tribo das Papoilas" e o "
Retiro do Capado"; recomendável, particularmente este último, em cuja pastelaria fizemos
também o pequeno almoço do dia seguinte. No
Caminho de Fátima com os "Novos Trilhos", em 2013, também jantámos num destes.
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Praia fluvial dos Olhos de Água do Alviela,
2.Junho.2022
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Monsanto, 3.Junho, 08h45 ... num dia de alguns chuviscos
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Monsanto ... sem palavras...
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O oitavo dia, de Amiais de Baixo a
Minde, foi até aí o dia mais
cinzento, com chuviscos pelo meio. Tínhamos combinado um ponto de encontro com
o nosso "motorista" no
Covão do Feto, antes da subida da
Costa de Minde ... mas talvez para tomar balanço andámos mais
depressa do que ele previra ... pelo que encontrámos um carro "abandonado"...
😆
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Covão do Feto, 10h10 - Com a Costa de Minde pela
frente ... e um carro "abandonado"... 😀
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Transpor a
Costa de Minde foi o troço mais duro desta "aventura".
Aliás ... bem me lembro do que me custou em 2017, quando da minha "
insanidade sã" em non stop. Mas, como então ... passo a passo as minhas duas peregrinas galgaram aquela
fraga ... e depois de um almoço em
Minde ainda avançámos até ao
Covão do Coelho, para encurtar um pouco a última etapa.
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A penosa subida da Costa de Minde; mas lentamente, passo a
passo ... foi vencida
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O descanso das guerreiras, no miradouro com vista "aérea" para
Minde (Foto superior: António Mousinho)
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Descida para Minde e em Minde, 03.Junho, 14h15 ...
mas ainda iríamos até ao
Covão do Coelho
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Um pôr do Sol espectacular ... antevendo o último dia deste Caminho de
Fátima
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Em
Minde, almoçámos e jantámos no "
Eiras Bar" ... também conhecido por "Tasca do Chico". Francamente recomendável; e, ao
jantar, ainda nos puseram em cima da mesa a "almotolia" da imagem à esquerda;
fica o desafio de sugerirem qual seria o conteúdo... 😉
E chegava ... o último dia. Antes das nove da manhã estávamos a partir do
Covão do Coelho, onde tínhamos terminado ontem. Estávamos a 14 km de
Fátima ... e a 481 km de Santiago.
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Acabáramos de sair do Covão do Coelho, 04.Junho.2022, 08h50
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10 km ... 5 ... 2 ... 1 ... a distância para o destino diminuía
rapidamente...
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Hoje foi a jornada mais chuvosa, alternando abertas com Sol quente com
aguaceiros por vezes grossos. Pode ser que, tal como em Santiago ... a chuva
em
Fátima seja arte...
Pouco depois do meio dia e um quarto ... missão cumprida 💖 9 dias e 137 km
depois, ao ritmo de uma amizade com quase 50 anos ... chegámos ao destino.
Fátima não é
Santiago (para mim, claro) ... mas foi bom chegar
ali ... muito bom 🙏 Obrigado "Manos velhos" ... obrigado
compañeira de
uma Vida 💖
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Missão cumprida. Fátima ... altar do Mundo onde se pede
pela Paz
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Clique no mapa para ampliar ou aqui para ver no
Wikiloc
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Etapas, números ... e memórias:
1) Sacavém - Póvoa de Santa Iria: 14,1 km
2) Póvoa - Vila Franca de Xira: 14,3 km
3) Vila Franca de Xira - Azambuja: 18,3 km
4) Azambuja - Porto de Muge: 16,3 km
5) Porto de Muge - Santarém: 15,6 km
6) Santarém - Advagar:15,9 km
7) Advagar - Amiais de Baixo: 12,8 km
8) Amiais de Baixo - Covão do Coelho: 14,8 km
9) Covão do Coelho - Fátima: 14,2 km
Total: 137 km, 1770m D+ / 1425m D-
Ao fim destes 9 dias, ficam-nos gravados momentos, imagens, memórias. Ainda
estou a ver um peregrino belga em "velocidade de cruzeiro", com um andar
desengonçado, com os atacadores desapertados a dançarem ao ritmo acelerado do
andamento dele.
Ainda nos vejo a entrar em Azambuja, engalanada para a largada de
touros, a rua principal coberta de areia ... a Maria dos Anjos a dizer que
vinham lá os touros ... o albergue onde mal se conseguia entrar, com o taipal
de defesa frente à porta; ainda vejo os pontos de interrogação e de exclamação
no rosto dos nossos "manos velhos" ... ao sentirem-se pela primeira vez num
Albergue de Peregrinos ... a dormir com mais 12 peregrinos, entre portugueses,
americanos, italianos e alemães ... lado a lado ... beliches com beliches 😊;
ainda estou a ver, claro ... um carapau pequeno como exemplar único de uma
dose de carapaus, na tasca onde um solícito azambujense nos levou para
almoçar; a etapa maior, a da Azambuja ... ficou marcada por várias memórias...
Para as boas memórias fica também a hospitalidade do Enrico Biolcati, italiano
que um dia se apaixonou pela
Valada e ali abriu o
Albergue "Dois Caminhos", transmitindo paixão e espírito hospitaleiro.
Ainda estou a ver a primeira subida deste Caminho de Fátima, a subida das
Ómnias a
Santarém ... as minhas memórias de outros tempos ... os
tempos de uma ilusão; mas também estou a ver a camarata do
Hostel N1, o
mais caro dos alojamentos onde ficámos ... onde as paredes e o chão eram de
cimento bruto...; mas pelo menos tivemos um dos melhores almoços, na tão
típica "
Taberna do Quinzena". Depois, no dia seguinte ... também fica para a história a nossa paragem de
mais de uma hora na
Azóia de Baixo, onde tínhamos combinado um breve
encontro com o nosso "motorista" de serviço ... mas que depois de ter ido às
compras no Pingo Doce ficou retido no respectivo estacionamento... 😋; ainda
estou a ver, também, o peregrino italiano que também dormiu no
N1 e que
passou por nós, a bom ritmo, quando estávamos parados na Azóia de Baixo.
As ditas compras do Pingo Doce eram para o nosso jantar na "
Casa da Avó Ana", na
Azenha, sem dúvida a melhor relação qualidade/preço no que
respeita aos alojamentos neste Caminho, na etapa que terminámos em
Advagar ... depois da minha primeira passagem pelo "
Cantinho dos Peregrinos" sem a presença do seu mentor e motor, o Sr. Francisco Torre...
Depois de Santarém deixámos praticamente de ver peregrinos, excepção para o
italiano, duas brasileiras na subida da penosa Costa de Minde e
uma portuguesa, sozinha, que passou por nós a rezar o terço, hoje, na última
etapa.
Ainda estou a ver - e todos quatro estaremos seguramente - a Amizade/Amor que
nos une há quase meio século. Tal como a estrela que tem Vivido a Vida comigo,
a Maria dos Anjos vem desde os bancos da velhinha Faculdade de Ciências de
Lisboa, ainda na mais velhinha Escola Politécnica. Vimos crescer os filhos e
os netos ... em boa hora os levámos a ambos para os Caminheiros Gaspar
Correia. Cada vez que nos juntamos ... cada vez que Vivemos Vivências juntos
... sinto que aquilo que nos liga ... nos liga ainda mais. E este
Caminho de Fátima que há muito a Maria dos Anjos ansiava percorrer ...
ligou-nos ainda mais. Obrigado "Manos Velhos" ... obrigado Universo!
1 comentário:
Vivam os amigos, viva a amizade! Abraços e beijos
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