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Quinta da Piedade, 30.Jun.2020
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Conforme confidenciei no meu tímido
regresso às origens a 13 de Maio
... durante o confinamento comprei uma "bicla" 😋. A paixão sempre foi contudo
e é o pedestrianismo; a
bike foi essencialmente para aumentar um pouco
o raio de acção das minhas "aventuras confinadas" ... pelos bairros perto de
casa ... pela várzea do Trancão ... pelos passadiços ribeirinhos. Mas ... nos
meus planos começou a surgir algo mais ousado: que tal ... dar a volta ao
Estuário do Tejo? Fiquei à espera de um dia propício, em que houvesse
pouco calor mas bom tempo. E esse dia surgiu...
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8.Jul.2020 - Com o nascer do Sol ... nasceu o projecto da volta
ciclista ... abençoada por Santiago
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Cinco minutos antes das seis da manhã e 23 minutos antes do nascer do Sol, saí
de mansinho para a minha primeira grande volta ciclista. A manhã estava
fresca, como era desejável ... e o astro Rei levantou-se sobre o
Tejo quando já pedalava nos passadiços ribeirinhos, a bom ritmo.
Algumas nuvens embelezavam a alvorada, originando raios mágicos e reflexos de
cor e de luz. Pela primeira vez ... aquele que é para mim o grafiti mais
bonito de quantos conheço foi registado em modo
bike; pedi a bênção a
Santiago, para a jornada a que me propusera ... e prossegui para
Vila Franca.
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Vila Franca, Ponte Marechal Carmona, 7h40 ... atravessando o
Tejo
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A recta do Cabo era a parte eventualmente mais perigosa do meu projecto: 7
infindáveis km, com muito trânsito, mas felizmente com uma faixa bem larga;
percorri-os em pouco mais de 20 minutos, com uma paragem junto à setecentista
Ermida de S. José das Lezírias, ao estilo da contemporânea Ermida da
Senhora de Alcamé, nos trilhos da Ponta da Erva e da foz do
Sorraia,
Sorraia que cruzei à entrada do
Porto Alto.
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Ermida de S. José das Lezírias e o Rio Sorraia, à
entrada do Porto Alto, 8h10
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A seguir ao
Porto Alto, novos 7 km de recta, agora na EN 118; a margem
agora era estreita, mas felizmente não havia muito trânsito. Quinze minutos
antes das nove da manhã, com 43 km percorridos à boa média geral (incluindo
pequenas paragens) de 15,5 km/h ... não me pareceu mal. E ali ... deixei a
estrada, para entrar nos estradões que me levariam aos Montes
de
Pancas e
Vale de Frades ... e de novo à
EN 118 mas já quase à entrada de
Alcochete.
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Monte e Herdade de Pancas ... onde cheguei a bom ritmo...
😊
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Sapais e Marinhas de Vale de Frades e da Bela Vista
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A
Ponte das Enguias, no que resta da antiga EN 118, está em franco
abandono e degradação. De repente ... quase me senti transportado para a rota
dos túneis e das pontes, na antiga linha do Douro. Mas aqui a extensão é curta
... e nem eu nem a bicla fomos parar à ribeira das enguias... 😂
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Ponte sobre a Ribeira das Enguias ... em estado não muito
convidativo...
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Contava virar quase logo a seguir à direita, para o Parque das Areias, já
junto ao
Tejo. Mas o caminho rural que a carta me indicava ... tinha um
portão fechado a cadeado: "Herdade da Tarouca, 1789", lê-se no muro. Ok ...
tive de seguir como se fosse para o Freeport e só mais à frente virar para o
citado
Parque das Areias, por um caminho ... com muita areia; foi dos
poucos locais onde tive de desmontar.
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Parque Ambiental das Hortas, ou das Areias, Alcochete
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O
Parque das Hortas, ou das Areias, à beira
Tejo, foi o local
para uma primeira paragem propriamente dita, com 58 km percorridos. Estava
sensivelmente em frente de casa. Já conhecia o local, de quando em Novembro de
2018 ... uma ida da cara metade ao
Freeport me
proporcionou uma bela caminhada por terras de
Alcochete e das salinas do Samouco. A praia dos Moinhos, em Alcochete, tinha banhistas ... ou melhor,
veraneantes, já que com a maré vazia as águas propriamente ditas estavam
longe. E assim, a caminho do
Samouco e do
Montijo ... passei por
baixo da Ponte Vasco da Gama.
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A sempre bela Alcochete, a Praia dos
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Moinhos e ... a caminho do Samouco
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Ainda não era uma hora e estava no
Montijo; nem sei há quantos anos não
ia ao Montijo. A zona marginal, o Moinho de Maré, o Cais dos Pescadores, tudo
bem cuidado e aprazível. Gostei.
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Montijo, 12h50 - Uma muito bonita e cuidada zona marginal, do
Moinho de Maré ao Cais dos Pescadores
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Ao planear esta "aventura" ciclista, não sabia como é que íamos reagir ... eu
e a máquina 😊. Tinha por isso previsto as várias "escapatórias" que a
Transtejo proporciona para
regressar à margem direita do rio: Montijo, Barreiro, Seixal, Cacilhas, ou até
mesmo Porto Brandão ou Trafaria. A primeira, dado estar perfeitamente dentro
dos tempos que previra, nem a considerei. É verdade que já tinha entretanto
começado a descobrir alguns músculos que não conhecia em mim 😋. Os quadríceps
(particularmente o da coxa esquerda) e os aductores já davam sinais de uso;
mas nada que não fosse controlável e "gerível" ... pelo que logicamente
avancei, sabendo embora que, a seguir ao Montijo, me esperava o troço menos
agradável da "aventura", com muita estrada, pela
Lançada,
Sarilhos Grandes (onde felizmente não houve nenhuns... 😉),
Pinhal da Areia (mas eu ia em alcatrão...),
Moita,
Arroteias, rumo à Mata da Machada. O
Barreiro ficava a noroeste
... e com ele a segunda hipótese de "escapatória", que verdadeiramente nunca
pusera. Antes das 14h30 estava na
Mata da Machada.
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Mata da Machada, 14h25/15h20 ... a maior paragem desta
"aventura" ... o merecido descanso
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Já tinha estado na
Mata da Machada há 4 anos, com os "meus" Caminheiros Gaspar Correia. Hoje, apesar do dia mais fresco
da semana, o calor já pedia um saboroso descanso, à sombra do muito arvoredo.
E foi durante esse retemperador descanso que fiz a minha opção: entre o Seixal
e Cacilhas, o meu voto (e único...) foi para o
Seixal. A diferença era
apenas de 6 a 7 km, mas, por um lado, a opção Cacilhas parecia-me menos
atractiva, mais urbana, e, por outro lado, a travessia do
Tejo a partir
do Seixal pareceu-me que seria paisagisticamente mais bonita ... e num
atractivo catamarã.
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Pouco antes de Coina, com a baía do Seixal à
vista
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E assim, por próximo de
Coina e pela aldeia de
Paio Pires ... poucos minutos depois das quatro estava no cais do
Seixal. Tinha entretanto falado com o mais sénior dos meus dois
juniores, que, morando não muito longe ... resolveu ir ter ao cais e assistir
à partida 😍. O "transatlântico" era às 16h20.
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Praia do Seixal, com a Ponta dos Corvos ao fundo (foto
superior). E ... quase de partida para a travessia do
Tejo ... com um filho na despedida 😀.
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A viagem
Seixal -
Cais do Sodré demora 20 minutos. Foram pouco
mais de 4 milhas (cerca de 8 km) ... em que não tive que pedalar; a bicla
também descansou, num compartimento próprio e bem segura. O catamarã tem boas
instalações ... e ia quase vazio. A máscara, claro, teve de sair da mochila. E
às 16h40 estava em
Lisboa. Faltavam-me 16 km para casa...
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Travessia do Tejo, do Seixal ao
Cais do Sodré: 20 minutos de descanso ... para homem e máquina
😂
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Cais do Sodré, 16h40: a volta ao Estuário estava a terminar. Só
faltavam ... 16 km para casa!
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Os 16 km para casa ... já são sem história; já várias vezes os fiz a pé.
Felizmente já há ciclovia em quase toda a extensão ... e assim o fechar do
"círculo" progrediu a bom ritmo. Em pouco mais de uma hora ... estava em casa.
Das seis da manhã às seis da tarde ... 12 horas de uma volta completa ao
Estuário do Tejo. Um bom banho e uma massagem de gel frio nos tais músculos
que não conhecia ... e venham daí novas "aventuras"!... 😜😊
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(Clique na foto ou
aqui
para ver o
Álbum
completo de fotos)
(Clique nos mapas para ampliar ou
aqui
para ver no
Wikiloc)
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2 comentários:
FABULOSO! E O QUE É INCRÍVEL É TERES CONSEGUIDO FAZER ISSO TUDO NUM DIA BEM SEI QUE SAISTE ÁS 6 DA MANHÃ). SERÁ QUE VAMOS TER CICLISTA EM VEZ DE PEDIASTRINISTA?
Em vez de não, Rui, nunca! Agora como complemento, isso talvez. Mas a prioridade é e será sempre o pedestrianismo.
Sobre fazer isto num dia ... já fiz idêntico num dia ... a pé... 😁
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