No passado dia 12, estando eu ainda nas "minhas" terras raianas, a minha querida amiga Cristina - que há quase 4 anos se cruzou comigo
entre dois castelos e que o
Monte Perdido e o
Caminho da Aventura transformariam em minha "irmã" - mandou-me uma mensagem que rezava assim: "
Olá mano. Queria pedir-te para ires pensando num percurso em Sintra dia 30 ... Ideias que ando tendo..."; mas acrescentou ... "
Ver o nascer do sol e acabar em jantar...
J". Respondi-lhe : "
Oi, querida Mana! All right, é com todo o Amor que irei engendrar um percurso para dia 30!".
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Sintra, 30.08.2016, 6:10h - Começava cedo
uma longa jornada de aniversário... |
Deste diálogo resultou portanto que, exactamente um ano depois da nossa
partida para o جبل توبقال, nos reuníssemos no estacionamento do Parque da Liberdade, em
Sintra. O propósito era uma actividade circular, com direito a ver nascer o sol e a terminar ... em jantar de aniversário. Neste mesmo dia do ano passado, comemorámos o aniversário da Cristina ... em
Marrakesh. Quem não pudesse, ou não se achasse em condições de fazer a caminhada, apareceria só para o jantar, no fim da "aventura"!
E assim, às seis da manhã, começámos a "trepada" ao
Castelo dos Mouros e ao
Miradouro de Santa Eufémia. Mas começámos a duvidar de ver realmente o nascer do Sol, já que os mistérios de
Sintra, neste final de Agosto, haviam reservado uma madrugada em que tudo se encontrava envolto em místico nevoeiro.
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E dos bosques saíam brumas e mistérios... |
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Ermida de Santa Eufémia |
Diz-se que há muitos, muitos anos, quando os bárbaros dominavam estas terras, habitava em Sintra uma princesa muito boa e generosa, de nome
Eufémia, que se apaixonara por um rapaz humilde. O seu pai, um rei austero e conservador, sempre foi contra o amor dos dois apaixonados, que acabaram por deixar de se encontrar. Entretanto, o rapaz foi atingido por uma doença na pele, que se alastrou a todo o corpo; a mãe do rapaz contou o sucedido à boa princesa, que ficou desolada. Eufémia levou então o seu amado ao lugar onde os dois costumavam encontrar-se e lavou-lhe todo o corpo com a água da fonte que ali existia; aos poucos e poucos o rapaz foi melhorando e, em pouco tempo, ficou curado. Como prova de gratidão, a princesa marcou o seu pé numa rocha; ainda hoje é visível a marca do pé e o local foi transformado num oratório. Ninguém sabe o que sucedeu aos dois apaixonados, mas a princesa ficou a ser adorada como Santa, a sua pequena imagem lá está na
Ermida de Santa Eufémia e a água com que curou o seu amado é ainda por todos considerada como milagrosa!
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Miradouro de Santa Eufémia, 7:05h - Seriam horas de ver nascer o Sol... |
Santa Eufémia guardou bem os seus segredos, de tal forma que nem "Santa" Cristina conseguiu ver o nascer do Sol. Mas a fé inquebrantável dos cinco "aventureiros" acreditava no levantar dos mistérios e das brumas, o que se viria a verificar ... mas só depois da subida ao cume do enigmático
Monte Rodel, que o Mano Araújo me dera a conhecer poucos dias antes do último Natal.
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8:20h - o "mágico" Monte Rodel ergue-se nas brumas |
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Três Manos no cume do Rodel ...
e a aniversariante (à esquerda) com os seus
4 "guarda-costas"
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x
Do
Monte Rodel rumámos a sul, para o
Rio da Mula, passando pela "
Casa dos Espíritos Verdes". À semelhança de Dezembro passado, quando igualmente o Araújo ali nos levou, continuo a meditar sobre que histórias e mistérios guardarão aquelas ruínas, das quais não encontrei até agora nenhuma descrição.
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Em busca dos Espíritos Verdes ... |
A Mana tinha-me pedido uma actividade "durinha". Do
Rodel, e dos "espíritos verdes", poderíamos ir mais ou menos directos à
Peninha. Poder podíamos ... mas não era a mesma coisa...
J". Pelo que, no traçado do percurso, incluí a descida do "trilho das pontes", rumo à albufeira do
rio da Mula, para depois subir à
Pedra Amarela. E muito contente fiquei quando soube que a minha Mana não conhecia o "trilho das pontes", que adorou...
J. E às dez e quinze estávamos na albufeira.
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Trilho das pontes e albufeira do Rio da Mula ... e entretanto o nevoeiro dissipara-se, na encosta sul da serra |
Dos 150 metros de altitude do
Rio da Mula ... voltámos aos mais de 400 na
Pedra Amarela. Dali, a serra parecia como que sobrevoada por uma manta ondulante, que a cobria a norte e avançava timidamente para sul. Entretanto, em pouco mais de 15 km feitos ... já estávamos com quase 800 metros de desnível acumulado; e a jornada ainda prometia...
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11:00h, Pedra Amarela ... e de norte vêm brumas que envolvem os segredos da Serra de Sintra... |
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A praia do Guincho e a encosta sul, essas estavam descobertas |
À Pedra Amarela seguiu-se a
Peninha, bastião imperdível em qualquer jornada pedestre na
Serra de Sintra. A "manta" que cobria a face norte da serra como que abriu para nós à medida que nos aproximávamos, embora continuando a mostrar muito mais as terras viradas a sul.
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12:00h ... e chegamos à mágica Peninha |
Descer da
Peninha para oeste pelo "trilho da viúva" é sempre qualquer coisa de espectacular; é imaginar fadas e duendes a saltarem daquele mundo verde ... ou, aqui sim, "espíritos verdes" a pulular. Cruzada a estrada Cascais - Sintra, rumámos agora à Quinta do
Rio Touro e aos
Moinhos da Azóia.
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Descida do "trilho da viúva" e Tapada do Pacheco ... um mundo verde! |
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Um arranjo floral natural |
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13:00h - Rio Touro, quase nos Moinhos da Azóia |
No
Moinho Dom Quixote (ou Moinho da Azóia) ... apeteceu-nos fazer uma paragem para hidratar com umas "loirinhas". Já tínhamos 23 km percorridos ... e ultrapassado os mil metros de desnível...
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Moinho da Azóia ... destes momentos |
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também se faz o dia... |
A seguir ... vinha o troço do fabuloso litoral de Sintra, entre as
Camarinheiras e o
Cabo da Roca. Um permanente sobe e desce a acompanhar o mar, passando perto das ruínas do velho
Forte do Espinhaço, a enseada do
Assentiz, a Malhada do
Louriçal. No
Cabo da Roca ... tínhamos a habitual "recepção" pelas miríades de turistas de todas as nacionalidades que por ali deambulavam e se fotografavam.
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No fabuloso litoral de Sintra, entre as Camarinheiras e a Ponta do Espinhaço |
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Enseada de Assentiz e ... Cabo da Roca à vista |
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O que eu andei para aqui chegar ... |
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... ups ... e o que falta andar para lá chegar... ;) |
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15:30h ... e cá estão os 5 "guerreiros", no ponto mais ocidental da Europa! |
O Mano Zé Manel decidiu ficar-se pelo
Cabo da Roca. Começava a ser tarde para regressar a
Sintra e fechar uma caminhada circular de "longo curso", que era a ideia original; tínhamos um jantar de aniversário marcado para as oito horas...! Mas ... mais uns quilómetros ainda se fazem! Depois de mais uma "loirinha" e de nos despedirmos do Zé ... avançámos para a sempre mítica praia da
Ursa e para a
Adraga.
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16:20h - O Cabo da Roca fica para trás ... |
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rumo à Ursa |
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Ei-la ... a sempre mágica e mítica Praia da Ursa |
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Para o interior ... Almoçageme e a Serra |
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17:15h - Descida para a Praia da Adraga |
A caminho da
Adraga, nasceu-nos a ideia de ir até à
Praia das Maçãs e regressar a Sintra no velho eléctrico. Seria um fechar com chave de ouro esta caminhada em dia de aniversário. Mas uma consulta
on the fly mostrou-nos que já não chegaríamos a tempo do último, às seis da tarde. Por isso, já que o Zé Manel tinha regressado de autocarro ... tínhamos
chauffeur para nos ir buscar...
J.
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17:55h - Sobre a Praia Grande ... quase no final de uma grande jornada ... |
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... quando os raios de Sol furam o mar... |
O reencontro foi, assim, na
Praia Grande. Pela escadaria que dá acesso ao limite sul da praia e passando pelas pegadas de dinossauros ali existentes ... quase meia hora depois das seis da tarde estávamos a ser "recolhidos" de regresso ao ponto de partida.
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18:35h - E chegamos à Praia Grande (Foto: José Manuel Messias) |
A comemoração tinha marcado mais de 12 horas de "sobe e desce". Tínhamos palmilhado "apenas" 34 km. Mas, segundo a aniversariante ... há quilómetros que têm de ter um "factor de correcção" ... pela beleza da paisagem que proporcionam ... pela dificuldade do avanço no terreno ... pelo desnível.
Ups ... quanto a este último tínhamos ultrapassado os 1400 metros acumulados! Mas a constatação mais importante ... é que estávamos todos satisfeitos ... a começar pela Mana Cristina. A "encomenda" que me havia pedido ... foi do inteiro agrado da "requerente"...
J. Venham mais aniversários!
1 comentário:
Muito bem, Callixto, gostei de ver! Um abraço.
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