No
Soajo ... pouco mais de 200 km nos separavam do
Caminho de Santiago...! Por
Ourense e
Monforte de Lemos, dirigimo-nos a
Samos e a
Triacastela ... onde "entrámos" no
Camiño. Lá estava o "nosso" Albergue "
Berce do Camiño", onde fiquei com os meus companheiros no passado dia 20 de Maio, vindos do mítico
O Cebreiro ... que era agora o nosso destino.
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Alto de O Poio, 31.07.2016 - Voltei ao Caminho das Estrelas ... agora com a minha estrela |
Voltar a'O Cebreiro foi uma sensação indescritível. Algo nos prende aos montes onde um dia, no século XIV, se deu o
milagre que eternizou a magia de
O Cebreiro. O calor contrastava agora com o frio de Maio, mas rapidamente a temperatura foi descendo ... à medida que foi subindo um nevoeiro que rapidamente cobriu os vales e a própria Igreja de
Santa María A Real. E nós, desta vez ... íamos dormir mesmo frente à Igreja, na muito acolhedora "
Casa Navarro"!
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19:25h - Chegamos a'O Cebreiro ... vivendo sensações indescritíveis... |
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O dia declina n'O Cebreiro ... que se envolve num nevoeiro
mágico. A partir da janela do quarto, na " Casa Navarro" ... a
Igreja de Santa María parece saída da lenda e da história!
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O Sol, por estes dias, acordava vinte minutos depois das sete horas. Pouco antes, pela janela ... vi que o nevoeiro se dissipara ... e fui, sozinho, assistir ao espectáculo do nascer do astro-rei! Os montes d'
O Cebreiro pareciam querer dizer-me que já eram também meus ... que eu também já pertencia àquele lugar mágico...!
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1 de Agosto de 2016, 7:20h ... e nasce o dia nos montes de O Cebreiro |
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A Cruz que encima o lugar de O Cebreiro |
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O vale encantado de Valcarce, de onde vem o Camiño ... |
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Era como se tivesse
voltado atrás no tempo... |
Já a dois, entrámos então em
Santa María A Real. Lá estavam o cálice e a "arca", lá estavam os ensinamentos de
Frei Dino, lá estava toda a mística que faz daquele um lugar diferente, especial. Não sei o que sou ... mas ali sentimo-nos pequenos, simultaneamente presos e livres ... em paz.
A
Aunque hubiera recorrido todos los caminos,
cruzado montañas y valles
desde Oriente hasta Occidente,
si no he descubierto la libertad de ser yo mismo
no he llegado a ningún sitio.
(Fray Dino, Monge Franciscano)
xx
Também a dois ... reconstituí com a minha "pequena arraiana" a foto que havia feito em Maio com a minha "mana" Paula. Duas fotos ... dois meses e pouco de diferença ... um mesmo local ... um
Camiño ... por caminhos diferentes ... por diferentes sabores da Vida!
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... 1 de Agosto ... com a estrela que tem iluminado a minha vida! |
E o reviver das memórias continuou.
Laguna de Castilla, o Albergue "
La Escuela" - onde em Maio dormimos na véspera d'
O Cebreiro - o fabuloso vale do
Rio Valcarce,
Villafranca del Bierzo,
Ponferrada ... e
Molinaseca. Tudo agora me parecia mais perto...!
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Villafranca del Bierzo, 1.08.2016 |
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Ponte romana e praia fluvial de Molinaseca |
Em
Molinaseca ... para este périplo de memórias havia reservado duas noites na
Casa "San Nicolás", cujo proprietário (brasileiro) havia casualmente conhecido em Maio, no
Camiño. À história e à beleza de Molinaseca ... pudemos assim associar um belo percurso pedestre, circular, subindo o curso do rio
Meruelo até à aldeia de
Riego de Ambrós ... e regressando pelo
Caminho de Santiago. Trata-se da chamada
Ruta de Las Puentes de Malpaso, duas pontes construídas provavelmente na idade média para facilitar a passagem dos peregrinos, que hoje já não passam por aquele desfiladeiro.
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Na Ruta de Las Puentes de Malpaso, 2.08.2016 |
Entre
Molinaseca e
Riego de Ambrós, o percurso é quase permanentemente a subir, felizmente muitas vezes por entre densa vegetação e sempre a ouvir cantar as águas do rio.
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Las Puentes |
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de Malpaso |
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A caminho de Riego de Ambrós |
Pouco antes da uma da tarde estávamos a entrar em
Riego de Ambrós ... e no Caminho de Santiago! Por ali ... tinha já passado no dia 17 de Maio, descendo da
Cruz de Ferro para
Molinaseca. Agora era a vez de a minha "pequena" fazer um pequeno troço do
Camiño, que seria o nosso regresso à "nossa"
Casa "San Nicolás". Mas antes ... havia que almoçar; e, para almoçar, descobrimos a "
Franja del Camino" ... sem dúvida o melhor "menu" que encontrei em todo o Caminho Francês!
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Riego de Ambrós, típica aldeia Berziana, no Caminho de Santiago |
O regresso ... já o conhecia. Em Agosto, com um calor significativo, com poucas sombras neste troço ... espantou-me a quantidade de peregrinos que, mesmo assim, circulavam serra abaixo. E como me revi neles, há dois meses atrás, com muito menos calor. "
Buen Camino" soou de novo a cada nova passagem, em cada novo encontro! Algumas conversas surgiram espontâneas, como com uma jovem peregrina que, depois de um banho nas águas do rio junto à ponte de
Molinaseca ... ainda ia seguir para
Ponferrada!
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O Caminho faz parte de nós ... e nós fazemos parte do Caminho... |
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E estávamos de regresso a Molinaseca |
No dia seguinte ... íamos subir à mágica e mística
Cruz de Ferro...
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Molinaseca, 3 de Agosto ... íamos subir à Cruz de Ferro |
No cume do
Monte Irago, a 1530 metros de altitude, a
Cruz de Ferro ergue-se no ponto mais alto do Caminho de Santiago Francês. No dia 17 de Maio, com os "manos" Zé Manel e Paula, tinha ali chegado ao amanhecer, envolvidos numa neblina mágica e mística. Agora, apesar da altitude, o calor era bastante ... e peregrinos e turistas eram largas dezenas.
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El Acebo de San Miguel, tipica aldeia de montanha, atravessada pelo Caminho de Santiago |
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Peregrinos atravessam Acebo de San Miguel |
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Cruz de Ferro ... de mão dada na Vida |
A primitiva cruz datará do século XI, erigida sobre um conjunto de seixos que os viajantes já amontoavam desde época celta, nos locais estratégicos dos caminhos, e que logo se cristianizavam com cruzes. Seja-se o que se for do ponto de vista espiritual, locais como este impõem uma sensação de que pertencemos a forças superiores. Conduzido por mãos alheias, ali erigi no dia 17 de Maio um pequeno "monolito" de pedra, recordando o construído em 2014, no "
Caminho da Aventura", no alto de O Paraño, nos Montes de Testeiro. Mas o meu pequeno "monolito" da
Cruz de Ferro ... já não existia.
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Estas pedras lembravam-se de mim ... e eu delas... |
E ali estivemos um pouco, vivendo o local. Claro que o que sente quem ali passou como peregrino, com quase 600 km nos pés, não é o mesmo que quem não viveu o
Camiño, mas a minha "estrelinha" também apreciou a magia daquele cume. Mesmo eu, o que se sente não é o mesmo, mas é um reviver ... e perceber o que os muitos peregrinos estão a sentir!
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Revivendo a magia da Cruz de Ferro |
xxxxxx xxxxxxxxxA 17 de Maio, a etapa começara em
Rabanal del Camino. Agora ... terminaria lá, na simpática Pousada "
El Tesín" ... situada ao lado do "nosso" Albergue "
La Senda"
.
Mais uma vez nos impressionou a constante passagem de peregrinos, mesmo nas horas de maior calor, naturalmente que agora muito superior ao de Maio. Mas o nosso périplo por algumas das memórias do meu
Camiño estava a terminar. Grande parte de uma manhã em
Astorga permitiu-nos visitar a
Catedral e o
Museo de los Caminos, no Palácio de Gaudí, que no
Camiño não tínhamos podido ver. Mas ... o
Museo de los Caminos é mais de arte sacra e arqueologia do que propriamente alusivo aos Caminhos de Santiago. Lá encontrei, mesmo assim, uma réplica da
Cruz de Ferro e do "meu"
Codex Calixtinus.
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Astorga, 4 de Agosto de 2016 ... quase a despedirmo-nos das memórias do Camiño... |
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A Cruz de Ferro ... e o "meu" Codex Calixtinus |
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E despedimo-nos dos Montes de onde agora viemos ... para onde fomos em Maio ... seguindo o Camiño... |
Em
Astorga ... deixámos o Caminho de Santiago. No dia 16 de Maio tínhamos vindo de
Hospital de Órbigo ... agora íamos seguir para sul ... rumo à "minha"
Vale de Espinho. Mas, como os Caminhos me "perseguem" ... durante uns bons quilómetros acompanhámos a Via da Prata ... onde contudo não vimos peregrinos, numa tarde de calor abrasador.
E pelas quatro da tarde (ganhando uma hora em relação a Espanha) ... estávamos em terras da Raia...
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