Para este domingo, integrado num grupo de 14 amigos e amigas, o "programa" era a visita à gruta do
Soprador do Carvalho, próximo de Penela; ia reviver os meus velhos tempos da Espeleologia...
J
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Lousã, 28.02.2016, 09:00 horas ... à partida para uma
caminhada serrana, no dia seguinte a um dia de chuva e neve... |
Mas o destino por vezes troca os "programas". O inverno tem sido bastante chuvoso ... e a gruta está inusitadamente alagada, impedindo qualquer intenção de mergulhar no reino das estalactites e estalagmites. Ora, estando já parte do grupo na
Lousã ... o meu "mano" Araújo passou ao plano B: uma caminhada pela
Serra da Lousã, aproveitando um domingo de melhoria de tempo, mas aproveitando também para ir ver a neve que, sábado, caiu praticamente em todo o país, do Minho ao Algarve! E assim foi! "
Mano, traz-me uns percursos em que a gente possa ir ver a neve ao cume da serra", dizia-me na véspera. E, às nove da manhã, lá nos estávamos a juntar todos, à porta da Pousada de Juventude da Lousã. A ideia era subir a pé da vila ao
Trevim ... qualquer coisa como mil metros de desnível em 8 km...
J
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E aí vamos nós serra acima ... com as primeiras neves a aparecerem por volta dos 700 metros de altitude |
A subida iniciou-se pela
Quinta de Alfocheira e pelos lugares de
Relva Fundeira e
Relva Cimeira, subindo a bom subir e cruzando a
Barroca da Ortiga já aos 790 metros de altitude, quando os primeiros vestígios de neve começaram a aparecer. A panorâmica abriu-se-nos também para norte e nordeste, com manchas de neve ao longe, nas serras do Açor e da Estrela. Estava um magnífico dia de Sol, embora os cumes da "nossa" serra estivessem cobertos de nuvens acinzentadas ... guardando bem a neve.
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Panorâmica para norte, próximo do geodésico de Ortiga |
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Os cumes da serra cobertos ... guardando-nos a neve... J |
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Panorâmica agora para as lombas a sul da Selada de Franco, no acesso ao cume |
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Subida ao Trevim, com alguma altura de neve caída no dia anterior |
Pouco depois do meio dia estávamos a chegar ao
Trevim, o cume da Serra da Lousã, com os seus 1205 metros de altitude. Na subida ... entrámos nas nuvens ... e entrámos num mundo que parecia fantasmagórico: as árvores carregavam-se de neve, que o vento fazia cair como se estivesse a nevar; dos muitos cabos de alta tensão desprendiam-se blocos que se estatelavam ruidosamente no chão ... ou sobre nós; uma companheira foi mesmo "alvejada" na face. Feitas as fotos, rapidamente deixámos aquele mundo.
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E assim chegamos ao Trevim (1205m alt.) |
Ao longo da estrada alcatroada de acesso ao
Trevim ... de alcatrão víamos muito pouco. Continuámos a caminhar sobre neve, ou nos sulcos dos rodados dos muitos veículos que escolheram a serra da Lousã para este domingo pós nevão. Rumávamos agora a sudoeste, bordejando a leste o vale do
Coentral e, a oeste, o vale de
Candal. O objectivo eram agora as aldeias de xisto de
Catarredor,
Vaqueirinho e
Talasnal. Ainda acima dos mil metros de altitude, deixámos a estrada próximo do geodésico de Candal, descendo então vertiginosamente pela chamada
Lomba dos Vizinhos, entre
Candal e
Catarredor. A neve, contudo, acompanhou-nos até altitudes inferiores às da manhã, na subida.
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Ao longo da estrada gelada, no regresso do Trevim |
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Descida da Lomba dos Vizinhos, entre Candal e Catarredor ...
com um pequeno troço de corta mato radical... J
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Caminho do Catarredor e últimos vestígios de neve. |
Às três da tarde estávamos na aldeia de
Catarredor. "Perdida" em plena serra, num magnífico cenário natural, perto de
Vaquerinho e da mais conhecida
Talasnal, a aldeia de
Catarredor ainda hoje é identificada por muitos como "a aldeia dos
hippies", numa referência aos jovens estrangeiros e portugueses que, nas décadas de 1970 e 1980, trocaram a cidade pela paisagem serrana, ocupando estas aldeias então abandonadas. Trouxeram a vida de volta àqueles lugares remotos, uma vida feita à sua maneira, plena de referências e vivências alternativas e comunais. E foi no
Catarredor que parámos, no seu Bar "
Fantasia", onde aquecemos os corpos e as almas com um pequeno e variado lanche comunitário...
J
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Na aldeia de Catarredor e na sua velha Eira |
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Bar "Fantasia" ... uma autêntica fantasia, |
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perdida na fantasia da serra... |
Quatro e meia, e estávamos no
Talasnal, talvez a mais emblemática das
aldeias de xisto da Serra da Lousã ... "assediada" em demasia por turistas de todo o tipo.
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Na aldeia do Talasnal |
Feita a foto de grupo ... seguimos "viagem" serra abaixo, rumo ao Santuário de
Nossa Senhora da Piedade, na confluência das várias ribeiras que concorrem para o
Rio Arouce.
O Santuário situa-se no morro em frente ao Castelo da Lousã, ou
Castelo de Arouce. No verão, as comportas transformam a ribeira numa bela praia fluvial. De acordo com a lenda, à época da ocupação muçulmana da península, o castelo foi erguido por Arunce, um emir derrotado e expulso de Conímbriga, para a protecção de sua filha Peralta e seus tesouros, enquanto ele se deslocasse ao Norte de África em busca de reforços contra as forças cristãs que, cada vez mais, apertavam o cerco às terras muçulmanas.
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Cruzando o Rio Arouce, rumo ao Castelo |
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da Lousã, ou Castelo de Arouce |
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Lousã à vista... |
Pelas cinco e meia da tarde estávamos de regresso à vila da
Lousã, com 27 km nos pés. A gruta alagada ... transformou-se numa bela caminhada serrana, durinha qb, mas uma jornada de muita alegria, muitos afectos, muita partilha. A vida é feita destes pequenos nadas...
2 comentários:
uma descrição excelente como sempre.... vou roubar fotos... lol
Deve ter sido uma bem difícil caminhada!? Dois dos locais que passaste eu conheço, nomeadamente Talasnal e Nossa senhora da Piedade!
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