No dia 29 de Abril do ano passado, "peregrinei"
da Igreja de Santiago, em
Lisboa, até minha casa.
A várzea do
Trancão já a fiz várias vezes ... e também já havia feito a ligação até
Santarém ... numa
"maratona" de 72 km em Novembro. Em Outubro de 2013, com os
Novos Trilhos, a quarta etapa do
Caminho de Fátima levou-me de Amiais de Baixo, perto das nascentes do
Alviela, até
Fátima. Ora, faltava-me fazer portanto a ligação de Santarém aos
Olhos de Água do Alviela, para ter a ligação completa da capital ao Santuário da Cova da Iria. Acontece que três amigos se encontram a fazer o "Caminho do Tejo" - a ligação Lisboa - Fátima - entre a passada segunda feira e amanhã, Estava criada a oportunidade! Tanto mais que a minha "mana" Paula, moradora em Santarém, nos podia ir "resgatar" aos Olhos de Água, a mim e ao "mano" Zé Manel Messias...
J. O "Caminho do Tejo" era guiado ... pelo "mano" Araújo. E assim ... às 9 horas estávamos os cinco a partir de junto do Mercado Municipal de
Santarém, para a terceira etapa dos três "peregrinos" do "Caminho do Tejo", uma etapa que viria a ser de 30 quilómetros exactos, feita seguindo escrupulosamente as setas azuis e amarelas dos
Caminhos de Fátima e de Santiago.
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9 de Março de 2016, 10:55h - Quinta de Vale Lobos, entre Portela das Padeiras e Azóia de Baixo |
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Quinta de Cabanas, entre Azóia de Baixo e Arneiro das Milhariças |
Pouco depois das dez e meia, a primeira paragem foi na
Quinta de Vale Lobos, para onde Alexandre Herculano se retirou definitivamente, em 1857, para se dedicar quase inteiramente à agricultura e a uma vida de recolhimento espiritual, "
ancorado no porto tranquilo e feliz do silêncio e da
tranquilidade", como escreveria na advertência prévia ao primeiro volume dos seus Opúsculos.
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O "Cantinho do Peregrino" ... um "oásis" de dedicação aos peregrinos e aos Caminhos... |
Perto da
Ribeira de Cabanas e numa das vezes em que o Caminho sai do alcatrão ... surge-nos o "
Cantinho do Peregrino", uma paragem obrigatória no Caminho, com direito a carimbo nas Credenciais Peregrinas. Do nada, Francisco Torres improvisou ali um local de descanso e encontrou o atractivo para dois dedos de conversa. Ali convive com quem passa, ouve histórias do mundo, viaja à boleia da imaginação; "
Há tempos passou aí uma peregrina com frio, abriguei-a e tapei ali aquele cantinho", conta orgulhoso. Estórias para a história dos Caminhos de Fátima e de Santiago...
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Francisco Torres e o seu |
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Cantinho do Peregrino |
Através de locais com nomes tão peculiares como
Advagar e
Vale dos Zanigueiros, chegámos a
Casais das Milhariças ... onde a chuva começou a cair. Resolvemos almoçar. Mas, reconfortados, a chuva, embora miudinha, continuou. Passámos
Arneiro das Milhariças, subimos ao
Alto da Cruz, descemos a
Chã de Cima ... e ao fundo já se via a
Serra d'Aire!
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14:30h - Debaixo de chuva miudinha, entramos em Arneiro das Milhariças |
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15:10h - Serra d'Aire à vista |
Às quatro da tarde e, felizmente, de novo secos e até com algum Sol, estávamos no cruzamento dos
Olhos de Água do
Alviela. Daí foi só descer ao rio ... o rio de tantas minhas histórias e estórias
de há quase meio século. E, com 30 quilómetros exactos nos pés, ali demos por finda a jornada.
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Chegada aos Olhos de Água e à praia fluvial do "velho" Alviela |
Os nossos três "peregrinos" instalaram-se no
Centro de Alojamento do Centro Ciência Viva do Alviela. Ainda juntos, o autor destas linhas e o "mano" Messias aguardaram a chegada da "mana" Paula ... que nos viria "resgatar" de regresso a
Santarém ... para regressarmos às nossas
sweet homes. O Benfica jogava na Rússia ... e venceu! Eu, que não sou futebolista ... deixei os três amigos a verem o jogo no Café dos Olhos de Água...
J. Para amanhã ...
Bom Caminho, companheiros!
1 comentário:
Muito bonito. Vou programar as coisas de forma a ir um dia com vocês. Beijinhos
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