Três dias depois da
balada das águas de um Côa
a reflectir as abundantes chuvas de um inverno recém terminado ... a arraiana
nativa quis também mergulhar nos encantos das "pedras que não envelhecem".
Ponte velha de Vale de Espinho 27.03.2025, 15h00
Pontão de poldras do
Moinho do Rato ... as tais pedras
que não envelhecem...
E lá fomos, por isso, repetir em versão mais simples o percurso da ponte velha
ao Moinho do Rato ... onde a pequena raiana até dormiu sobre as
poldras!
A caminho do Ribeiro da Presa, 28.03.2025, 09h45 ... as
Fontes Lares chamavam-me. Porquê?...
Hoje de manhã ... o apelo das Fontes Lares ecoou dentro de mim. Há mais
de um ano que não ia ao meu "santuário", desde
outubro de 2023. As minhas velhas botas como estariam, após este rigoroso inverno que
vivemos? Saí de Vale de Espinho pelo Cabeludo ... e
logo me extasiei de novo com o verde dos lameiros. Não foi só nas margens do
Côa que a água cantou a sua balada da Vida. Não me lembro de alguma vez ver o
Ribeiro da Presa com tanta água e tanto vigor!
O Ribeiro da Presa, alimentando
os lameiros ... e com estes o gado.
Pelos Nheres e pelas
Balsas, fui subindo a serra, seguindo mariolas que construí
já lá vão
quase 10 anos. Com pouco mais de uma hora desde casa, às 10h50 estava junto às
ruínas da casa do T'Zé Tomé. Já estava perto das "minhas"
Fontes Lares
E cheguei à velha ruína da velha Casa das Fontes Lares ...
que há 52 anos ainda conheci de pé!
Por algum desígnio do Universo, a velha casa das
Fontes Lares tinha agora menos mato do que habitualmente. Pude por isso
entrar até no chouço pegado à casa ... e descobri um "tesouro".
Não ... não foram as minhas velhas botas que se reproduziram... 😂; coitadas
... já seriam velhas para isso ... e não é no chouço que elas repousam.
O "tesouro" que encontrei também não foi nenhuma velha arca com lingotes de
ouro ... foi um tesouro emocional ... um tesouro de memórias ... das memórias
daquela velha casa que, há 52 anos, ainda conheci de pé! No chouço das
Fontes Lares, empilhadinhas e envoltas em grossa camada de folhas e
mato ... encontrei filas de telhas do "falecido" telhado da casa!
As velhas telhas das Fontes Lares. Alinhei umas quantas, por
nostalgia ... mas elas ali estavam, perdidas no Tempo mas
guardadas pela Natureza! Descobrir aquelas telhas... foi
descobrir um tesouro de emoções e de memórias 💖
Fontes Lares ... em 20.04.1973 ... há 52 anos!
E cá estou eu, agora sim ... na sala da velha casa onde
há 11 anos
jazem as
minhas botas velhas, cardadas, que palmilharam léguas sem
fim...
Também elas se vão perdendo no mato, na
evolução da Natureza ... na voragem do Tempo!
Como eu esperava, a fontinha das Fontes Lares corria a bom correr.
Aquela nascente nem nos verões mais secos deixa de brotar, e hoje a água
seguia célere, já não para a velha presa, mas para o lameiro onde "nasceu" o
barroco "sagrado". Ainda ontem ou anteontem a mãe da minha pequena
raiana me tinha dito ... "o lameiro das Fontes Lares nem se lá deve poder andar". Poder pode-se ... mas sempre com as botas de molho. Felizmente que as
minhas velhas Bestard de montanha, reforçadas por botim interior ... ainda
estão em muito melhor estado do que as suas irmãs mais velhas, também Bestard,
e as suas primas Meindl, ainda mais velhas, que jazem no "santuário" daquele
lugar "sagrado".
A nascente da água "sagrada" das Fontes Lares. Vejam também o
vídeo desta bela jornada à procura da Vida!
Também estas pedras não envelhecem ... envelhece o Tempo que passa por
elas...
No barroco "sagrado" das Fontes Lares ...
talvez um pólo de energia telúrica ... lugar de meditação ... e de
entrega!
Já era quase meio dia. A donzela esperava-me em casa para o almoço. Mais uma
vez ... as Fontes Lares tiveram de ficar para trás. Um dia ... as
minhas cinzas pode ser que venham a fazer companhia às minhas velhas botas;
quem sabe...! E o regresso foi rumo à Có Pequena e ao
Areeiro.
Travessia do lameiro das Fontes Lares ... onde sem umas
boas botas seria impensável passar...
12h25 ... com Vale de Espinho à vista. Já perdi a conta a
quantas fotos já fiz, idênticas a esta ... mas nunca são iguais...
9 km de maravilha ... de nostalgia ... de descoberta
Bem a tempo de um bom banho, em Vale de Espinho tinha a minha
Valespinhense à espera. Tinha ido entretanto lavar roupa para a
Fonte Grande ... a tal Fonte de onde bebi água há quase 52 anos
... e que fez de mim Valespinhense e raiano adoptivo... 💞
Obrigado, água da Vida ... obrigado Universo🙏
Um curto vídeo ... de uma grande jornada emocional...
Será possível que duas breves horas nas "minhas" terras de
Vale de Espinho se transformem num Sonho plenamente Vivido e
Sentido?... Será que um Sonho assim, lúcido, pode transformar-se em Poesia?
Mas ... o que é a Poesia? Será que toda a Poesia precisa de ter uma métrica
rigorosa?
Campanário de Vale de Espinho 23.03.2025
Ribeira do Vale da Maria
23.03.2025, 11h10
A foto que inspirou a Madalena
a escrever uma maravilha poética:
A minha Amiga Madalena, sonhadora e poeta, companheira de algumas "aventuras"
- de que a "Aventura Inca" foi a maior - diz que "A poesia é tudo o que nas palavras encontra espaço, toca no coração de
alguém... e a transforma a sentir o belo e o bem...". Eu concordo e digo que a Poesia ... é talvez a expressão dos Sonhos.
Tudo isto a propósito de um "mergulho" nas águas, lameiros e margens do
Côa ... na primeira manhã de mais uma estadia no nosso "retiro
espiritual". Côa ... a transbordar de força e de vida, alimentado pelas chuvas
que há muito não o revigoravam assim, após um dos invernos mais abundantes dos
últimos já muitos anos.
Tudo isto a propósito, também ... do Sonho que Vivi nessas duas horas ... da
Poesia com que tocaram no meu coração ... e da maravilha poética que a
Madalena escreveu e me enviou ... inspirada apenas numa única foto daquelas
duas horas mágicas.
Balada das águas...
Assim eu quero escorregar... depressa ou devagar,
pelas margens das águas que sabem sempre onde chegar...
sobre pedras, sobre musgo, com os pássaros a cantar...
A Primavera não tarda, as flores estão à espera para o caminho
embelezar...
Deixem passar, deixem passar, estou sedenta de abraçar o que os ventos têm
p'ra me contar,
as árvores p'ra me embalar, as estrelas na noite p'ra me iluminar...
Desejo de me lançar no Douro... de me alargar no seu manto... num suspiro
quântico...
🌷🌳✨ (Madalena Estácio Marques) ✨🌳🌷
Margem esquerda do Côa, entre a foz da Ribeira do Vale da
Maria e o Moinho da Nogueira, 23.03.2025, 11h00
Vale de Espinho e os campos de cultivo do
B'ceiro. Lá em baixo, para cá da
Serra ... está o Côa
As águas do Côa cantaram-me e contaram-me tanto que, modéstia à parte
... sinto que construí um poema, que escrevi Poesia, ao pegar nestas e
noutras imagens para editar uns curtos 4 minutos de vídeo ... em que as
imagens e os sons são Poesia em movimento ... são a expressão de um Sonho
acordado, Vivido, Sentido ... uma balada em que o Côa só quer escorregar ...
para chegar ao Douro.