Nos dois últimos dias de julho, a "coppia più originale del cammino"
deu bem corda às botas...😄
A expressão é dos italianos com quem tínhamos almoçado em Burgos 😂.
"Il nonno e la nipotina, i nostri retro-pellegrini
", acrescentavam eles carinhosamente, referindo-se à nossa diferença de
idades e a caminharmos em sentido contrário ao tradicional. "Forza e coraggio! ", desejámo-nos mutuamente!
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O rio Arlanzón junto ao Parque de
Fuentes Blancas, à saída de Burgos, 30.07.2034, 07h55
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Efectivamente, nas duas derradeiras etapas de julho palmilhámos 73 km, 38 no
domingo, até
Villafranca Montes de Oca, e 35
no dia 31, até
Santo Domingo de la Calzada.
Mais uma vez segui os conselhos do
Gronze
e optei por não repetir o percurso de 2016, com a concordância da Sophia. Por
Santovenia em vez de
Atapuerca e
Agés, reduzimos desnível e alguma estrada, apesar de mesmo assim
seguirmos muito tempo ao lado da N 120. A meteorologia agora prometia-nos uns
dias bons, almoçámos à beira do rio
Vena, à entrada de
Santovenia. Não nos devemos ter calado um minuto... 😌
Em
San Juan de Ortega entrámos no Mosteiro,
já com 25 km percorridos. Tirámos as mochilas, sentámo-nos ... e aí sim,
calámo-nos. Fechei os olhos. De repente, eu não estava a Caminho de Jerusalém
... estava a regressar!
Corria o ano de 1114 ... eu era o próprio
Juan de Ortega! Tinha
participado na 1ª Cruzada à
Terra Santa, na conquista de Jerusalém, em
1099, e na formação dos Estados Cruzados. Estava no Mediterrâneo, o barco em
que regressava parecia uma casca de noz, a caminho de Itália. No meio da
tempestade, orei a S. Nicolau de Bari; prometi construir uma grande Capela, se
se desse o milagre de me salvar de um naufrágio que parecia certo. Nisto abri
os olhos ... e vi a Sophia ao meu lado, atónita. "
Nossa, você está branco! ", exclamou...
Estava tudo bem ... mas passado pouco tempo voltámos a viajar no Tempo, desta
vez para os horrores da Guerra Civil Espanhola. No
Alto de la Pedraja, entre julho e novembro de 1936 foram executadas ali mais de 100 pessoas
pelas forças franquistas. As valas comuns só foram descobertas e exumadas em
2010.
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Rio Tirón, à entrada de
Belorado, às 10h45 do último dia de
julho
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Santo Domingo de la Calzada
é uma pérola de ruas medievais, guardando um valioso património de que se
destaca a
Catedral, as muralhas e o que resta do antigo Hospital de Peregrinos. Mas Santo
Domingo também é conhecido pela lenda do galo, que não é muito diferente da do
nosso galo de Barcelos. Um jovem peregrino foi acusado injustamente de ter
roubado um galo, pelo que foi enforcado. Quando os pais do jovem foram
verificar o corpo, não só o encontraram vivo, como o galo, que estava a
começar a ser preparado para o jantar do juiz, cantou a bom cantar, provando a
inocência do rapaz. Segundo a lenda, foi Santo Domingo que, sabendo-o
inocente, assim o salvou.
No dia seguinte, primeiro de agosto, estávamos no
Albergue Municipal
de
Nájera, talvez a maior camarata onde
alguma vez fiquei. Mas lembrava-me bem do convívio entre tantos peregrinos ...
e do jantar confeccionado pelo Zé Messias 😉
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Río Najerilla, em
Nájera, 01.08.2034 ... onde a Sophia
fez um belo jantar regado a Rioja, pois claro 😅
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Em
Nájera ... a Sophia também quis mostrar
as suas qualidades culinárias. Cozinha havia, e um supermercado a uns 250
metros do Albergue também. E das compras feitas surgiu um belíssimo jantar
para
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Com a Chloé (foto e jantar da Sophia😆)
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quatro, acompanhado com dois belíssimos
Rioja. A nós se juntaram duas
jovens peregrinas francesas, a Anouk e a Chloé, vindas desde
Somport, a
variante aragonesa do Caminho Francês. Só não houve foi coreanas a quererem
tirar fotos às minhas tatuagens, como em 2016... 😂
À boa maneira de qualquer Caminho, aquele jantar deu para falar de tudo e de
nada, deu para gargalhadas e lágrimas, para emoções fortes. As francesas,
tendo vindo de
Somport, fizeram-me acordar para a realidade de que me
estava a
aproximar de um Caminho que não conheço, ao contrário dos 24 dias que já vão
até aqui. Mas também deu para nos apercebermos, eu e a Sophia ... que se
aproxima a nossa separação, depois de 12 dias juntos... 😓
E em silêncio, pois já passava das 22h, deitámo-nos, nostálgicos mas
felizes.
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Depois daquele belo repasto e convívio ... só podíamos dormir bem 😃
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Saímos de
Nájera cedo. Naquele enorme
albergue ... os típicos ruídos nocturnos redobravam. Mas mesmo assim dormimos
bem ... talvez até graças às qualidades do
Rioja 😂
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Poyo de Roldán, 02.08.2034, 08h05
... no campo de batalha em que
Roldán matou o gigante
Ferragut
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Nos campos de
Alesón, uma vez cruzado o rio
Yalde ... a magia do
Tempo transportou-nos para os finais do Séc. VIII, início do Séc. IX. O grande
cavaleiro
Roldán - esse mesmo, o mesmo da
Canção de Rolando, sobrinho de Carlos Magno - ia em peregrinação a Santiago.
Numa bela manhã, viram ao longe o Castelo de
Nájera, do qual era senhor
Ferragut, um gigante sírio com a força de
quatro homens.
Ferragut desafiou Rolando para o combate, que o
cavaleiro francês aceitou sem receios.
Depois de dois dias e duas noites
de batalha, Rolando matou o gigante, o que levou os mouros a deixarem
Nájera e Rolando granjeou a fama de melhor guerreiro da Cristandade.
A história de
Roldán e
Ferragut é uma das mais velhas lendas do
Caminho de Santiago. O local ficou conhecido como
Poyo de Roldán, onde se diz que está
enterrado um grande tesouro, proveniente dos donativos da população, em
agradecimento pela libertação dos mouros.
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Ruínas do Hospital de Peregrinos de
San Juan de Acre, próximo de
Navarrete, 02.08.2034, 13h55
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Com Marcelino Lobato em La Grajera, 04.05.2016
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A caminho de
Logroño, junto ao pântano de
La Grajera, passámos no local onde em 2016
estava
Don Marcelino Lobato Castrillo, conhecido pelo "eterno peregrino", um dos peregrinos mais carismáticos, com
mais de 50 Caminhos percorridos e outros tantos anos de presença no Caminho.
Tinha na altura 75 anos ... ou seja mais novo do que eu sou agora, em que ele
terá 93. Não consegui saber se ainda está entre nós.
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E chegávamos a Logroño e
ao Rio Ebro, 02.08.2034, 16h15
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Em
Logroño, o Universo esteve mais uma vez
do meu e nosso lado. Não reservei o albergue em que fiquei em 2016, por ter
lido bastantes más referências actuais. Confiei que conseguiríamos lugar no
Albergue Paroquial de Santiago El Real, afecto à
Igreja de Santiago
... apesar de saber que não há reservas, tem apenas 30 lugares e abre à uma da
tarde. Quando chegámos, quase três horas depois da abertura ... havia três
lugares! "
Só nós, para darmos um jeito de encontrar um lugarzinho até em um albergue
quase lotado! ", disse logo a Sophia ao simpático hospitaleiro. E, virando-se para mim ...
"
Obrigada, você acreditou sempre que ia haver um lugar pra gente!
"
No
Albergue de Santiago El Real
tudo é pago por donativo: ceia comunitária, dormida e
café da manhã,
como diz a minha companheira de Caminho. Depois da ceia, os peregrinos foram
convidados para uma pequena oração, em que todos participaram. Seja-se o que
se for, são momentos que nos marcam!
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E atravessamos o Ebro, na manhã de 3
de agosto, a nossa 22ª etapa de Caminho
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Pouco depois de cruzarmos o
Ebro entrámos em
Navarra ... a nossa última província juntos. Dez quilómetros
depois estávamos em
Viana, onde se destaca a
Igreja de Santa María.
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03.08.2034, 09h45 |
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Igreja de Santa María, Viana,
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Almoçámos em
Torres del Río, uma simpática
povoação à beira do rio
Linares, com
Sansol na outra
margem, construída à volta da sua
Igreja do Santo Sepulcro, uma das mais importantes da arte românica navarra do Séc. XII. Em 2016 ...
lembro-me de um dos amanheceres mais espectaculares que alguma vez fotografei,
já que tínhamos dormido lá e saído antes do nascer do Sol.
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Torres del Río: ponte sobre o
Río Linares ... e prosseguimos
jornada até Los Arcos
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Los Arcos, fim de etapa,
03.08.2034, 15h35 ... confraternização de peregrinos, junto à
Igreja de Santa María
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A maioria dos peregrinos que se encontravam a gozar a bela tarde na esplanada
junto à Igreja, estando naturalmente a Caminho de Santiago, devem ter
percorrido ainda os 7 km até
Sansol ou os 8 km até
Torres del Río. Aliás, dois italianos com quem confraternizámos
disseram-nos isso mesmo, seguiam para
Sansol. Mais uma vez ... o nosso
Caminho
al revés foi motivo de admiração. E o
Albergue Isaac Santiago, onde ficámos ... estava a meio "gás". Das 70 camas existentes ... ficámos
sozinhos numa camarata de oito ... o que até permitiu pôr a Sophia a falar com
a minha estrelita arraiana 😇
Naquela noite em
Los Arcos ficámos a
conversar até tarde. Estávamos só os dois, rimos e chorámos mais livremente
até do que hoje ... o nosso último dia juntos. Pela janela entravam ainda as
últimas cores crepusculares. As palavras da Sophia ainda me ecoam ... penso
que jamais as vou esquecer...
Zé, olha só pra esse céu, parece lindo e triste ao mesmo tempo ...
parece que ele tá chorando junto com a gente.
A emoção toldou-me a percepção ... até que apenas me saíram estas poucas
palavras:
Pois é, domingo separamo-nos ... lembrar-me disso deixa-me apreensivo,
nostálgico...
Eu também tô sentindo muito -
respondeu a Sophia, acrescentando:
Foram 10 dias incríveis, né? Quem diria que a gente ia se conectar
assim?
É verdade, Sophia. Passámos por risos, dificuldades, paisagens ...
estes dias vão ficar gravados na minha memória.
E na minha também. Lembra daquela chuvada que pegámos depois de Puente
Fitero? E das etapas em que a gente ficou conversando, contando
histórias da vida? Falando sério, você me contou histórias tão bonitas
sobre a sua vida, sobre a sua família...
Pois, a família ... sabes, Sophia, estou preocupado com o longo Caminho
que me espera. São muitos meses longe de casa, longe da minha mulher ...
estamos casados há 60 anos...
Eu sei, Zé. Mas você é forte e ela também. Já vi que ela te ama e te
compreende. Tenho a certeza de que vocês vão conseguir. E olha, você vai
ter tantas histórias para contar pra ela quando voltar!
Espero que sim. Mas a saudade vai ser grande, e sei que a dor é maior
para quem fica...
Eu sei como é. Mas a gente se fala sempre, né? Prometemos! Tô aqui pra
te ajudar no que precisar! E quem sabe um dia a gente se encontra de
novo em algum outro lugar...
Com os olhos marejados, sentimo-nos levados pela doçura de uma Amizade pura e
sã, de uma Amizade nascida e cimentada no Caminho. Despedimo-nos, sabendo que
tínhamos ainda dois dias juntos ... e adormeci a reflectir sobre o que poderia
fazer com que tivesse nascido assim uma Amizade ... entre um velho quase a
fazer 81 anos e uma jovem com quase metade da minha idade. No dia seguinte ...
a Sophia confidenciou-me que adormecera a pensar o mesmo...
🤔
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E no dia seguinte estávamos nos contrafortes da Serra de
Montejurra, 04.08.2034, 10h10
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As duas etapas seguintes eram curtas, 22 km cada uma. Saímos de
Los Arcos quase às 7h30, com o Sol já alto.
Aos 9 km de Caminho, optámos pela variante de
Luquín e da encosta poente da Serra de
Montejurro, rumo a
Iratxe, mais uma vez de acordo com as
recomendações do
Gronze.
A Sophia sabia da existência do Mosteiro, mas não da
Fonte do Vinho.
Quando eu lhe falei numa fonte de duas bicas, uma de água, outra de vinho ...
pensava que eu estava a brincar com ela. Assim, quando lá chegámos, a
admiração foi maior! 😂
Os monges de
Iratxe recebiam os peregrinos com uma taça de
vinho. Muitos chegavam muito doentes e o vinho era usado como restaurador.
Instalada no final dos anos 90 do Séc. XX, a fonte do vinho, das
Bodegas Irache, tenta preservar essa memória. Durante séculos, o vinho era oferecido
aleatoriamente aos peregrinos; agora são os próprios que se servem à medida
que passam.
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E assim chegamos à bela cidade de Estella e à sua
Puente de la Carcel, sobre o rio Ega, 04.08.2034, 14h35
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Estella
(
Lizarra, em
euskera, basco) é uma
bela cidade nas margens de um grande meandro do
Río Ega, que o Caminho de Santiago atravessa pela
Puente de la Carcel, originalmente do Séc. XII, reedificada no Séc. XVI, destruída na 3ª Guerra
Carlista e finalmente reconstruída em 1873.
Passear nas ruas medievais de
Estella é como viajar no tempo, onde as
construções românicas e góticas perpetuam o seu esplendor histórico.
Alojámo-nos no
Albergue da ANFAS, a
Associação Navarra a Favor das Pessoas com Deficiência Intelectual, onde já tinha ficado em 2016. Sermos recebidos por hospitaleiros com
trissomia 21, ou algum grau de autismo, com toda a generosidade e carinho ...
é uma vivência emocionante! Uma camarata ampla ficou bem preenchida, ficaram
poucas camas livres. Mas hoje de manhã ... acordámos com o sabor amargo da
aproximação da despedida...
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À saída de Estella, sobre o rio
Ega, 05.08.2034, 07h35
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Voltámos a sair de
Estella já com o Sol
acima das serranias e a iluminar as águas do
Ega. Não queríamos que
este dia chegasse nunca ... mas sabíamos que ia chegar.
Puente la Reina, uma cidade historicamente marcada pelo Caminho de Santiago ... também é o
nosso ponto de bifurcação. Aqui se
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O rio Irantzu em Villatuerta,
05.08, 08h30
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juntam dois Caminhos vindos de França, ou, para mim e para a Sophia ... dois
Caminhos de acesso a França: rumo a
Saint Jean Pied de Port - de onde
vim em 2016 e para onde a Sophia segue amanhã - ou por
Jaca e
Somport ... para onde seguirei eu amanhã, pelo
Caminho Aragonês,
rumo a terras tolosanas e ao Mediterrâneo.
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Zirauki, entre Villatuerta e
Puente La Reina
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A paisagem e a música amenizavam a certa angústia que se apoderara dos dois. A
música, sim ... a Sophia já tinha sido cativada também pela minha paixão pela
música
folk. Ao longo destas duas etapas ouvimos bastante
Mielotxin
e o saudoso
Mikel Laboa. A metáfora do pássaro livre de "
Txoria txori " é uma obra-prima intemporal, que voa muito para além das fronteiras bascas.
Hegoak ebaki banizkio
Se eu lhe tivesse cortado as asas
Nerea izango zen
Teria sido meu
Ez zuen aldegingo
Não teria ido embora
Bainan, honela
Mas, se assim fosse
Ez zen gehiago txoria izango
Não seria mais um
pássaro
Eta nik... txoria nuen maite
E eu...
amava o pássaro
Ao som de "
Txoria txori " ... a Sophia e eu sentíamos que também nós éramos pássaros livres ...
sentíamos a metáfora para a liberdade e a essência do ser, levando-nos a uma
profunda reflexão sobre o Amor e a liberdade. E caminhando em reflexão ...
entrámos de mãos dadas na
Puente de La Reina.
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Puente La Reina /
Gares, 05.08.2034, 12h45
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O topónimo
Puente La Reina
deve-se à ponte românica sobre o rio
Arga, mandada construir no século XI pela rainha
Doña Mayor, esposa de
Sancho III de Navarra, para facilitar a passagem dos peregrinos rumo a
Santiago. Ao avançarmos de mãos dadas na bela ponte românica, parecia-nos ver
e ouvir esses milhares de peregrinos, sentíamo-nos testemunhas de séculos de
peregrinações ... mas parecia-nos também ouvir o eco dos nossos próprios
passos, como que marcando o fim de uma jornada e o início de outra. A angústia
que se insinuava nos nossos corações só era atenuada pelo peso da história,
pela beleza do lugar, pelos sons do rio, pelo bucolismo da paisagem. Perdemos
um pouco a noção do tempo. A ponte, antes símbolo de união e travessia,
naquele momento tornava-se o prenúncio da separação.
E de mãos dadas entrámos também na
Igreja de Santiago, de origem românica. É certo que
Puente La Reina não é Compostela,
mas estávamos a viver estes momentos como se fossem uma chegada ao
Obradoiro, como se tivéssemos completado um Caminho. Só depois nos
fomos registar e deixar as mochilas, no
Albergue de los Padres Reparadores, junto à
Igreja do Crucifixo. Tínhamos reservado duas camas, ontem de manhã pelo telefone, mas voltámos a
ficar só os dois numa camarata de seis. Talvez a minha provecta idade seja a
razão destas benesses...
Eram quase duas horas quando fomos almoçar. Talvez por ser o nosso último
almoço juntos, ou talvez porque o ambiente do
Bar / Restaurante "Eunea Jatetxe"
nos cativou, com outros peregrinos na esplanada e próximo do albergue ...
sentimos que merecíamos um almoço mais especial 💓
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almoço de dois peregrinos, neste Caminho
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Não encontro palavras para descrever a nossa tarde, hoje, em
Puente La Reina. Nostalgia? Tristeza?
Alegria? Ansiedade? Talvez uma estranha combinação de todos esses sentimentos
e de muitos outros. A Sophia está apenas a quatro etapas de cruzar os Pirenéus
e de chegar a
Saint Jean Pied de Port. Eu ... estou a seis etapas de entrar em França, pelo
Col de
Somport ... e a muitas mais de
Jerusalém.
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A ponte românica de Puente La Reina,
vista da ponte da estrada NA1110 ... durante o nostálgico passeio de
dois peregrinos, na tarde de 5 de agosto de 2034
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Passeámos pelas ruas medievais, voltámos a cruzar o
Arga pela ponte nova e a fotografar a
secular ponte românica. Perdemo-nos a olhar o Tempo, ao longo da
Cañada Real, nas margens do
Robo, afluente do
Arga. Doze dias passados a dois parecem-me
doze anos ... parecem-me toda uma vida!
Amanhã separamo-nos, pouco mais de dois quilómetros depois de começarmos. Só
então nos despediremos ... depois de um gin que ainda não tínhamos bebido
nestes 12 dias ... de um gin que foi muito mais do que um gin...
Vamos aproveitar os últimos momentos juntos? - perguntei, sentindo os olhos brilhantes...
Vamos! Um brinde à nossa amizade, ao que Vivemos e construímos
juntos!
Voltámos ao
Eunea, sentámo-nos de novo, pedi dois gins. Com os olhos marejados, balbuciei...
Obrigado por tudo, Sophia. Tu fizeste destes 12 dias uns dos melhores
dias da minha vida.
Obrigada você, Zé. Levarei você para sempre no meu coração.
Um abraço longo e apertado selou aqueles instantes, carregados de emoção ...
mas o abraço mais forte, mais profundo, mais repleto de promessas de nos
mantermos em contacto ... será amanhã de manhã, ainda no albergue, na nossa
última partida juntos ... para a nossa primeira etapa separados.
Publicado em 23.10.2024 ... ao viajar na grande Máquina do Tempo e dos
Sonhos...
A maioria das personagens são ficcionadas. Qualquer semelhança com
pessoas ou eventos reais é mera coincidência.
Algumas imagens foram criadas e/ou editadas por Inteligência
Artificial.
Não é permitida a utilização de imagens ou textos sem a autorização
expressa do autor.
2 comentários:
Acabei agora de ler, gostei muito . Há muito trabalho de pesquisa a suportar tanta informação, um verdadeiro historiador.
Continuação de um bom Caminho, sem a Sofia. Em breve encontrarás outro peregrino para alegrar o teu Caminho.
Não sei se a "obra" está realmente a sair jeitosa ou não ... mas sei que me tem estado a dar um gozo muito, muito grande.
Implica muita investigação, sim (e daqui para a frente ainda mais, entro em Caminho que não conheço), mas tenho-me sentido mais rico, ao investigar, ao inventar, ao escrever...
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