Continuando em
Vale de Espinho ainda por mais uns dias, depois dos "manos" e amigos que
no passado fim de semana conheceram (ou voltaram a) estas "minhas" terras ... numa tarde de Sol fui à procura das fadas e duendes dos campos a norte desta aldeia que adoptei e me adoptou.
|
Ribeira dos Urejais, 6.03.2018, 14h30 |
Fi-lo, desta vez, a solo. O silêncio e a quietude são imprescindíveis ... eles gostam de se sentirem donos e senhores dos seus domínios... Já me conhecem, talvez; confiam em mim ... sabem que compreendo o que vejo ... sabem o que sinto ... sabem que os aprecio ... que sinto e que vivo toda a harmonia e magia ... feita de cores e murmúrios ... brisas e cantares de amigo. E eles, os duendes e as fadas dos bosques e ribeiros, felizes pelas águas que voltaram a correr e a alimentar as cores e os sons ... deixaram-se mostrar; eu, simples mortal ... vi-os no brilho das águas, no verde dos lameiros, no movimento das folhas, no emaranhado da ramagem. E cantei, cantei com eles, saltei, senti-me livre, vivi...
|
O périplo começou pela Ribeira dos Urejais ... uma magia de cor e de luz... |
|
Subindo a ribeira dos Urejais, canto às águas que o descem, céleres, cristalinas ... felizes |
A maior parte desta demanda foi ao longo de um trilho ... sem trilhos. Depois de subir a ribeira dos
Urejais e cruzando o velho caminho do
Soito, saltei muros, saltei arames, passei barrocos. Lá em cima, já via os gigantes de betão que assustariam D. Quixote. O mais a sul ... indicava-me a direcção das "minhas"
Fontes Lares ... o meu santuário ... de botas e memórias ... de entrega.
|
Por muros cobertos de musgos... |
|
Por horizontes abertos... |
|
Desbravo fragas e barrocos ... invento trilhos ... |
|
... e chego às "minhas" Fontes Lares ... chão nosso! |
Nas
Fontes Lares ... as fadas e duendes saudaram-me. O barroco "sagrado" deu-me energia ... a fontinha matou a minha sede ... as minhas velhas botas contaram-me as histórias do Tempo.
|
Fonte da água sagrada |
|
Há uma Forma na água ... uma Forma que me olha ... que me conhece... |
|
As fadas e duendes deixaram-se mostrar; eu, simples mortal, vi-os no brilho das águas, na magia da luz... |
|
Queria levitar ... queria pairar sobre este mundo ... sobre esta magia... |
|
Minhas botas, velhas, cardadas ... |
|
que palmilharam léguas sem fim... |
|
Uma janela sem parede ... uma janela de memórias ... uma janela no Tempo ... |
Das
Fontes Lares regressaria ao longo do
Ribeiro da Presa ... com o dia a declinar numa sinfonia também de cores e de luzes. Fadas e duendes espreitavam atrás de cada pedra, viam-me passar, comentavam os meus pensamentos, guiavam os meus passos ... seguiam-me...
|
A velha casa do T'Zé Tomé contempla o horizonte |
|
É possível não nos prendermos a estes caminhos? A estes mistérios? A estas cores? A esta magia?... |
A velhinha
Quelhe das Pedras ... é agora a Quelhe da água...! Qual rio selvagem saltando de pedra em pedra, lá se vão juntando as águas que hão-de formar o
Ribeiro da Presa ... Ribeiro da Presa que me pediu para o acompanhar até à estrada, até ao mustagial e aos lameiros que ainda domingo tinham sido o primeiro paraíso que saltou aos olhos dos meus "manos" e amigos que cá trouxe.
|
O Ribeiro da Presa corre rápido, dizendo-me que o dia estava a declinar... |
|
18h10 ... e o Sol vai pôr-se, numa explosão de cores, de sensações, de êxtase |
|
E chego à estrada, aos lameiros inundados que há dois dias dela tínhamos admirado |
Há 5 horas ao longo de trilhos concebidos ao sabor do correr das águas ... não quis regressar pelo alcatrão da estrada dos
Fóios; e fui direito ao
Côa, o "Rio Sagrado". Despedi-me deles, dos duendes e das fadas ... no "jardim das últimas moradas". Não eram sete horas quando regressei ao meu retiro ... de Alma purificada ... e onde a minha estrelinha me aguardava...
|
Rio Côa ... o "Rio Sagrado". A Sinfonia da água e da vida terminava mais um dia... |
1 comentário:
São os duendes e as fadas que invadem nossos sentimentos e os transformam em poesia, que nos prendem a essas terras de sonho e de luz.
Bem haja por sentir tão bem e viver esse mundo tão fantástico!
Obrigada por partilhar a cor e o encanto dos seus caminhos.
Abraço amigo
Aurora Madaleno
Enviar um comentário