Em Janeiro, a minha "Mana" Paula lançou um desafio aos Amigos "peregrinos" mais chegados:
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Dois Manos agradecem ao "deus" Sol, no
Caminho de Fátima, 17.03.2018 |
"Um convite que faço aos meus Amigos a acompanharem-me pelos Caminhos de Fátima, espero contar com a vossa presença".
Nos meus já diversos
Caminhos de Fátima, há oito meses já tinha também respondido a idêntico desafio da minha "Mana" para a ligação
Santarém - Fátima. Nessa altura, a Paula conheceu o "verdadeiro" Caminho, já que anteriormente tinha feito aquela ligação ... pela estrada. Infelizmente, muitos peregrinos continuam a preferir a estrada aos caminhos rurais, apesar de estes estarem perfeitamente sinalizados e serem, de longe, muito mais seguros e de uma beleza incomparavelmente superior. É pena, é mesmo lamentável!
Desta vez ... só eu alinhei à partida. Às oito horas de sábado os dois "Manos" estavam assim a partir de
Santarém, acreditando que a prevista depressão "Hugo" teria piedade de nós. As "tempestades" agora têm nome ... mas tal como há uma semana a depressão "Félix" não estragou a caminhada
em terras de Alqueva ... também o "Hugo" se manifestou apenas por ligeiros borrifos. S. Pedro e Santiago acompanham-nos... 😊
Sendo para ambos uma repetição de anteriores peregrinações - relembro que "peregrinar" significa atravessar os campos - estes dois dias de caminhada não têm muita história para contar. No que a mim me toca ... fiz em dois dias metade do que em Outubro fiz em pouco mais de um, quando do meu desafio
Bobadela - Fátima non stop. Pouco depois das dez horas estávamos no "
Cantinho do Peregrino", mas o Sr. Francisco Torre não estava no seu "posto". Esperamos que, nos seus 80 anos, se encontre bem de saúde e apenas tenha evitado sujeitar-se aos azedumes da depressão "Hugo".
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Pouco antes de Advagar, com a Serra de Aire à vista. Verdes são os campos... |
Tal como
há 8 meses, o almoço foi no Miradouro da
Chã de Cima, espraiando a vista, tal como então, sobre o vale da Ribeira do Espinheiro. Três jovens peregrinas inglesas que havíamos encontrado durante a manhã, reapareceram quando ali estávamos; iam também para Fátima, mas com o objectivo de dormirem em Minde. Voltaríamos a encontrá-las mais vezes. E pouco depois das duas da tarde estávamos nos
Olhos de Água do Alviela, com 29,8 km percorridos à boa média geral de 4,83 km/h
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Olhos de Água: o "meu" velho Alviela corre bem gordo, com as águas deste mês de Março bem chuvoso |
Também como
há 8 meses, a unidade de
alojamento do Centro "
Ciência Viva" foi o "albergue" escolhido para o fim de etapa, pelo que o resto da tarde foi de descanso, naquele tão aprazível local. Quando fomos tomar uma bebida no
restaurante/bar ali existente ... lá estavam as três inglesas, que entretanto tinham chegado para uma pausa, antes de seguirem para Minde.
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Mesa pronta para o jantar... 😋 |
Nós, no dia seguinte, tínhamos pela frente outros tantos quilómetros até ao destino, numa segunda etapa com mais relevo, como também já conhecíamos ... e como tão bem me recordava da minha "maratona" de 27 horas seguidas...
Domingo tínhamos combinado sair pelas oito e meia ... mas antes das oito já estávamos de mochilas às costas e ao Caminho. O dia acordara soalheiro, embora fresco ... mas não tardou muito para que ambos estivéssemos de manga curta!
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Olhos de Água, 18.03.2018, 7h45 - O dia acordou soalheiro e com o céu quase limpo |
A nossa segunda etapa iria ser caracterizada pelo sucessivo veste e despe das capas. Confirmando plenamente a previsão do
BestWeather, alternaram-se os pequenos aguaceiros com bons períodos de Sol, à medida que avançávamos ao longo da manhã, pelas aldeias de
Monsanto e do
Covão do Feto.
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8h15 - Monsanto à vista |
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Uma hora depois - Covão do Feto à vista ... e a Serra de Aire a aproximar-se |
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Covão do Feto ... com mílharas arraianas |
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como reforço de pequeno almoço 😋 |
As belas mílharas (ou papas de carolo) que havia levado deram-nos a energia suficiente para subir a íngreme
Costa da Azinheira, entre o
Covão do Feto e o "miradouro" sobre Minde. Bem me lembrava do que custou aquela subida, no meu desafio
non stop ... feita seguramente a menos de metade da velocidade de agora. E quando, pouco depois das dez horas, atingimos o cimo ... maravilhámo-nos com a panorâmica sobre
Minde e o seu
polje, que nunca me lembro de ter visto com tanta água.
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Na íngreme e pedregosa subida da Costa da Azinheira |
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Panorâmica sobre Minde e o seu polje |
O
polje de Minde, ou "mar" de Minde, forma-se quando as condições de pluviosidade fazem com que os terrenos atinjam um nível de saturação que não lhes permite absorver mais água. Quando a entrada de água no sistema é superior ao caudal permitido pelas nascentes, a água eleva-se dentro da rede e inunda esta área deprimida, formando este mar temporário.
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Igreja Matriz |
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de Minde |
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E vamos para a última subida a sério, rumo ao Covão do Coelho: já só faltam 16 km |
As "nossas" três peregrinas inglesas tinham dormido em
Minde, de acordo com o que nos tinham dito, pelo que não seria muito provável voltar a encontrá-las. Mas, no início da subida para o
Covão do Coelho, a intuição da Paula disse-lhe que as íamos ainda ver ... e elas apareceram à nossa retaguarda, como que vindas do nada! Tinham dormido a maior parte da manhã... 😜
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Subida para o Covão do Coelho |
Em
Minde tínhamos procurado em vão uma padaria. Mas era domingo...; até o Mercado estava fechado. Dos nossos mantimentos restavam-nos uns bifes panados ... que saberiam bem num pãozinho fresco. À entrada do
Covão do Coelho a Paula perguntou a uma senhora se haveria algum sítio onde comprar pão. "
Olhem, vão rápido que o padeiro está ali ao pé da Igreja ", respondeu a senhora ... e lá estava, o "nosso" padeiro caído do Céu! Aliás eu disse-lhe isso mesmo ... "
o senhor caiu-nos do Céu "; ele riu-se! Assim, sentados à porta de uma casa que ostentava a Senhora de Fátima e Santo António em bonitos azulejos, almoçámos pãozinho fresco com bifes panados, regado no meu caso com o que restava de um bom "
Quinta dos Termos". Mas, parados, a minha Mana começou a ficar com frio ... e como come mais rapidamente do que eu nem tempo tive de completar a refeição com uma banana ... que acabou por regressar a casa incólume... 😊
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O Céu continuava a alternar entre boas abertas, de Sol que nos aquecia o corpo e a mente, e alguns pequenos aguaceiros |
Os 15 quilómetros finais foram um quase permanente veste e despe dos ponchos de protecção da chuva. Não que os aguaceiros fossem fortes ... mas molhavam. No pequeno aglomerado de
Moita do Martinho, fizemos mesmo de uma garagem aberta o nosso refúgio de um aguaceiro um pouco mais forte e teimoso. Estávamos já perto de
Fátima ... e às 14h40 estávamos a entrar no recinto do
Santuário de
Nossa Senhora do Rosário. A "missão" a que nos havíamos proposto estava cumprida!
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Fátima, 14h45 - Dois Manos chegaram, mais uma vez, ao final de mais um Caminho ... ou será começo de outro?... |
Continuo a não saber o que é que sou ... mas ali, naquele lugar de Fé, testemunha da Fé de quem me tem acompanhado nos Caminhos ... pedi ao Universo (Deus, Universo, inteligência do Cosmos?...) pela Saúde e Felicidade de todas as pessoas que Amo! Dentro de pouco mais de um mês voltarei àquele lugar. Nessa altura a minha Mana Paula lá estará já à minha espera ... para partirmos, pelo terceiro ano consecutivo, rumo a outro lugar de Fé, muito mais antigo e mais místico! Namastê!
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O brilho do Sol no brilho e nos reflexos do chão molhado pela chuva ... numa união mágica e mística entre o Céu e a Terra |
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