Amadora, actualmente cidade, actualmente sede de Concelho. Terra natal do meu pai. Terra da minha infância e adolescência, onde morei desde que me lembro de existir ... até o destino me trazer uma estrela arraiana... 😊. Se já fui a pé da
Bobadela a Santa Cruz, a Santarém e a Fátima ... porque não ir a pé da Bobadela à Amadora?
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Portela da Azóia, 6.12.2017, 7h45 - Frente ao Pico da Aguieira |
Com esta ideia em mente e na perspectiva de um almoço com o progenitor - à beira dos 93 anos - desenhei um percurso que fosse o menos possível urbano ... o que à volta da capital claro que não é fácil. Teria de começar por subir para noroeste, rodeando a várzea de Loures, para rumar depois a oeste e sul, por
Caneças e a
Ribeira de Carenque. Uns 23 a 25 km numa primeira versão; mas passar por Caneças e não ver as suas famosas fontes seria um "crime", pelo que teria de entrar pelo lado norte da aldeia das lavadeiras. Esta e outras alterações ao plano inicial fizeram que a previsão rondasse os 29 km ... que acabaram por ser 31... 😋
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A caminho de Santo Antão do Tojal, 8h20 ... há sombras na paisagem... |
Ao desafio tinha respondido o "Mano" Zé Manel. Tínhamos saído da
Bobadela às 7 horas em ponto e uma hora depois estávamos a descer para as ruínas do
Palácio do Monteiro-Mor, na várzea do
Trancão ... e no Caminho de Fátima / Santiago. Mas o rumo era para ocidente, para o
Tojal e
Loures.
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Uma guarda de honra de canavial... |
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E em Loures o "mano" Zé Manel delicia-se com os grafitis |
Entrámos em
Loures pelo Shopping, na
Quinta do Infantado. Atravessada a cidade, a parte mais bonita da travessia ia começar junto à Igreja Paroquial, subindo a
Quinta do Correio-Mor em direcção ao cabeço de
Montemor. A primeira paragem propriamente dita foi aliás à vista de uma panorâmica que se estendia pelo vale de Loures, até ao
Cabeço de Montachique e à serra do
Serves, com o viaduto da CREL aos nossos pés.
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Quinta e Palácio do Correio-Mor |
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O vale de Loures e o viaduto da CREL, com o Cabeço de Montachique ao fundo |
A norte do geodésico de
Montemor e praticamente à mesma altitude (320m), entrámos num fabuloso trilho, por entre carvalhos e medronheiros, que nos iria conduzir até já próximo de
Caneças e da famosa
Quinta da Fonte Santa. Ali ... até esquecemos a seca prolongada que o país tem vivido.
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Através do paraíso ... |
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... com o Cabeço de Montachique sempre ao fundo ... |
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... dir-se-ia que estávamos noutras paragens bem mais distantes da grande urbe! |
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E ... entramos em Caneças: lavadouros públicos na aldeia das lavadeiras |
As águas de
Caneças foram sempre famosas pela sua qualidade. Recomendadas como tónicas e reconstituintes, a partir de meados do século XIX começaram a ser frequentes os
aguadeiros, que enchiam de água as típicas bilhas de barro e as faziam transportar até à capital, que nesse tempo sofria de enormes carências do precioso líquido; a construção do
Aqueduto das Águas Livres não tinha resolvido totalmente a crónica falta de água em Lisboa. Já no século XX, desenvolveu-se em Caneças uma indústria de águas de mesa de uma certa importância económica; e a que sobrava era utilizada na agricultura ou na outra actividade tradicional da zona: as
lavadeiras de Caneças.
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Caneças: Fonte dos Passarinhos |
As águas de
Caneças que não haviam sido encaminhadas para os aquedutos subsidiários do Aqueduto das Águas Livres foram encaminhadas para fontes, cuja exploração comercial se iniciou em 1910. Eram cinco essas
Fontes de Caneças, das quais visitámos duas nesta jornada da Bobadela à Amadora: a
Fonte dos Passarinhos e as
Fontainhas. A primeira está infelizmente num certo abandono, votada ao esquecimento no interior de uma propriedade privada. A segunda, pelo contrário, está bem enquadrada num aprazível parque de merendas, patenteando orgulhosamente nove painéis de azulejos que ilustram as típicas actividades económicas ligadas à água, na aldeia saloia de
Caneças.
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Fontes de Caneças:
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Fontaínhas
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E de
Caneças ... seguimos em direcção à
Ribeira de Carenque e ao
Aqueduto das Águas Livres, que precisamente recolhia as águas das nascentes da zona de Caneças,
Casal de Cambra,
Belas e outras. A partir da
Quinta das Águas Livres e da
Barragem Romana de Belas, o percurso foi o mesmo de uma caminhada realizada há quase 4 anos,
Nos passos do Aqueduto.
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O Aqueduto das Águas Livres na Ribeira de Carenque e Barragem Romana de Belas |
À uma da tarde estávamos a passar sob o viaduto da CREL, em
Carenque. Restava-nos entrar na
Amadora ... e ir ao encontro do meu pai, que nos aguardava para almoçar, no simpático restaurante "
Historial", na Reboleira. 31 km percorridos em 7 horas de caminhada, por dois peregrinos que, desta vez ... atravessaram os campos da Bobadela até à Amadora.
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A CREL e o Aqueduto das Águas Livres, na zona de Carenque |
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Parque Delfim Guimarães, na Amadora ... e a jornada estava quase no fim |
2 comentários:
Fabuloso, percorri muitos destes sítios na juventude, principalmente as fontes de Caneças e dos Passarinhos. Um dia tens de repetir isso comigo.
Rui
Através da tua descrição e ilustração dos lugares trilhados, revisitei muitos destes locais por mim visitados pela primeira vez há muitos anos!
Zé Vaz
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