A Cruzada de um Peregrino sem passaporte (10)

De Santiago de Compostela a Jerusalém, em busca do Santo Graal interior
SEXTA-FEIRA, 22 DE SETEMBRO DE 2034 - VIA AURELIA
Depois daqueles momentos mágicos no Café Van Gogh, naquela noite em Arles não dormi muito. Estranhamente, Arles parecia-me ao mesmo tempo o 'ω' e o 'α'. Arles foi o ponto de partida de milhares de peregrinos, durante séculos, pela Via Tolosana, rumo a Santiago ... mas aquele ponto alfa foi o meu omega, o encerramento do primeiro grande Capítulo da minha Cruzada. Em Sarrance, nos Pirenéus, com o padre Pierre de Jurançon, já tinha decidido que a minha Cruzada irá descer a Itália, e não pelos Balcãs. Em Toulouse, senti que deixei de andar en sens inverse. Mas foi a partir de Arles que senti o novo alfa ... que me senti no Caminho que já não era de Santiago ... no Caminho de Roma.
Rotas de Peregrinação na Europa Medieval. Eu estava só num ínfimo ponto da grande teia...
Na teia de rotas medievais de peregrinação, em Itália entrava-se pelos Alpes ou pelo litoral oeste, pelo sul de França. Os peregrinos que iam para Roma - e para a Terra Santa - a partir da Ibéria e do sul de França - ou os peregrinos que vinham de Itália (do Piemonte ou da Liguria) para Santiago de Compostela - tinham fundamentalmente duas opções: ou uma variante da Via Francígena, entrando em Itália pelo Piemonte, ou a chamada Via Aurelia, pela costa mediterrânica francesa e pela Liguria. A  Via Aurelia foi a que se me apresentou como mais natural para a minha peregrinação, rumo a Itália.
Canal du Vigueirat, à saída de Arles para norte, 11.09.2034, 07h50 - E assim começava a percorrer a Via Aurelia
A Via Aurelia já existia como estrada romana desde cerca de 240 a.C. O traçado original ligava Roma a Pisa, mas em 109 a.C. foi estendida até Génova, tendo um importante papel na conquista da Gália cisalpina, contra lígures, gauleses e cartagineses. Séculos mais tarde, a Via Aurelia viria a constituir a principal rota de peregrinação pela costa francesa e lígure ... e actualmente constitui também um percurso de grande randonnée, a GR653A.
Ao 61º dia de Cruzada, este peregrino estava a sair de Arles pela Via Aurelia ... num dia sempre a ameaçar chuva, mas que não passou de aguaceiros. Cruzei o norte da Plaine de La Crau em 3 dias, mais 1 para chegar a Aix-en-Provence. Como já sabia, nestas etapas desde Arles os peregrinos ... sumiram-se. E com eles as dormidas tipo accueil pèlerins. A Via Aurelia ... vai sair um bocado mais cara do que no tempo dos romanos. Aix-en-Provence, contudo, foi excepção. A Comunidade de Missionários Oblats recebe peregrinos a Caminho de Roma ou de Santiago. Só dispõe de duas camas ... mas eu só precisava de uma... 😂
Catedral de Saint-Sauveur, Aix-en-Provence, 13.09.2034, 17h50
Terra natal de Cézanne, Aix-en-Provence é uma cidade animada, cheia de cafés e de praças movimentadas. A sua Catedral de Saint-Sauveur, ou S. Salvador, edificada no Séc. XII, é um belo exemplo de mistura de românico e gótico. A cidade também é conhecida pelas suas múltiplas fontes.
Lac de Bimont, 14.09.2034, 09h35
Principalmente em Montpellier, já tinha estado muito próximo do mar, mas só depois de Aix-en-Provence a minha Cruzada, continuando rumo a leste, foi ao encontro do Mediterrâneo. Foram cinco dias através da Provença verde, a norte de Toulon, uma região de colinas verdes, vinhedos e aldeias pitorescas, numa atmosfera muito tranquila, menos conhecida e menos movimentada do que na costa.
15.09.2034 - Na simpática vila de Le Val e no Accueil Pèlerin
da Route des Vins ... onde ainda fui ajudar na vindima 😃
Depois de 38 km desde Pourrières, naquela 6ª feira 15 ainda fui ajudar na vindima da Casa de Accueil Pèlerin de Le Val, a segunda etapa desde Aix. Por alguma razão a estrada onde se situa se chama ... Route des Vins 😃. A Casa de Accueil é uma pequena quinta, onde os proprietários recebem ... os poucos peregrinos. Fiquei apenas eu, mas dois dias antes tinham estado três italianos, vindos de Turim para Arles. Ao jantar houve bom vinho da casa, branco e tinto, a acompanhar uma boa carne assada e queijo da região. Por videochamada ... até deu para estar "presente" nos 17 anos do Miguel, o meu neto mais novo 😊
Abadia de Le Thoronet, do Séc. XII, entre Carcès e Le Thoronet, 16.09.2034, 14h10
Num vale cercado por belas florestas, a Abadia de Le Thoronet foi fundada por volta de 1146 por monges vindos da região de Ardèche, que procuravam precisamente um local isolado e tranquilo, ideal para a meditação e a vida contemplativa. É considerada um dos mais belos exemplos de arquitectura cisterciense. Na vila, fiquei no Gîte da simpática Sonia, com muito boas instalações e bom preço ... e no dia seguinte no Gîte Le Paradous, em Le Muy. Estava a uma etapa do mar, da famosa Côte d'Azur.
O Rocher de Roquebrune e os vinhedos da Provença, 18.09.2034, 11h25
Pouco depois, em Puget-sur-Argens ... já estou muito mais perto de Roma do que de Santiago!
E às três da tarde de 18.09.2034, com 1855 km nos pés ... chego pela primeira vez ao mar, em Fréjus / Saint-Raphaël
Desde há muito que eu sou muito mais "terráqueo" do que aquático. "Eu sou lá dos montes que medem o céu, sou das frias serras onde primeiro o Sol nasceu e onde os rios ainda são apenas fontes". Esta bela citação de Branquinho da Fonseca expressa muito do que eu sou. Mas ao fim de mais de dois meses de Cruzada ... soube bem ver o mar ... o Mar de Ulisses. Berço de civilizações, a vastidão azul acalma a alma e renova as forças para os muitos desafios que tenho pela frente.
Col Notre-Dame (324m alt.), entre Agay e Theoule-sur-Mer, 19.09.2034, 12h05
Prosseguindo pela Via Aurelia, as etapas seguintes foram marcadas por um carácter nitidamente urbano. Mesmo que nem sempre junto ao mar, atravessam-se estâncias balneares muito massificadas ... uma visão certamente bem distinta da que viram os olhos dos cruzados ou dos peregrinos medievais. O maciço de L'Estérel, a caminho de Theoule-sur-Mer (foto acima), é uma excepção ... e também um belo cartão de apresentação dos Alpes-Maritimes, último departamento francês ... antes de Itália.
Avenida Marginal entre Mandellieu e a cosmopolita Cannes, 20.09.2034, 07h45
Terça feira, ao longo da jornada e na Ermitage du Riou, em Mandellieu, tomei uma decisão para as últimas etapas em França: em vez das 4 ou 5 etapas da Via Aurelia e GR653A, contornando Cannes, Nice e Monte Carlo pelas montanhas ... apeteceu-me percorrer a costa e atravessar aquelas renomadas cidades ... onde não ia há 41 anos! Além de me permitir chegar a Itália em 3 etapas, apesar de as montanhas ali não serem os verdadeiros Alpes também reduzia drasticamente o desnível no "fim" da França. Certamente que nem Santiago nem S. Pedro se zangariam comigo ... é uma Cruzada do Séc. XXI ... e o Universo viria aliás a premiar-me por esta decisão, como já contarei.
E assim ... quarta feira atravessei Cannes e Antibes ... ontem atravessei Nice ... e hoje atravessei o Mónaco e Menton ... e entrei em Itália! E entrei ... acompanhado! Já lá iremos... 😂
Cannes, com os Alpes-Maritimes ao fundo, a poente, 20.09.2034, 08h35
Antibes: o Fort Carré e a praia do mesmo nome,
com Nice e o Mónaco ao fundo, 20.09.2034, 14h00
No século XVI, a Provença e a cidade de Antibes pertenciam a França, enquanto o vizinho Condado de Nice dependia do Ducado de Sabóia. As tensões entre França e Sabóia resultaram da aliança do Ducado com a Espanha dos Habsburgos. Os espanhóis saquearam Antibes em 1524 e 1536, ressaltando a fraqueza das defesas da região. O rei Henrique II mandou então erigir um forte militar em forma de estrela, num promontório à entrada do porto de Antibes: o Fort Carré.
O Sol põe-se em Cagnes-sur-Mer, entre Antibes e Nice, 20.09.2034, 19h30
E no "Passeio dos Ingleses", em Nice, 21.09.2034, 09h20 ... onde o "impossível" aconteceu...
O "Passeio dos Ingleses" - La Promenade des Anglais - é uma avenida com 7 km ao longo da cidade e das praias de Nice. Já no Séc. XIX, os ingleses fizeram da baía de Nice - a "Baía dos Anjos" - o seu destino favorito de férias de inverno, dando o seu nome à calçada mais famosa do mundo, por iniciativa do reverendo Lewis Way. O "Passeio dos Ingleses" dá a Nice a sua identidade cosmopolita e estética, entre o mar, as palmeiras e os grandes e modernos edifícios que escondem a Vieux Nice.
Na zona da Plage de Ste Hélène, a meio do "Passeio dos Ingleses" ... fui surpreendido por uma visão inesperada. Num Caminho onde os peregrinos tinham desaparecido ... num lugar alheio às rotas "oficiais" de peregrinação - como já mencionei, a Via Aurelia passa ao norte de Nice - subitamente surgiram diante de mim três figuras! Um homem e duas mulheres, de mochilas às costas, caminhavam, tal como eu, em direcção à colina do Castelo de Nice, que fecha, a leste, a Baía dos Anjos. Não tinham vieiras de Santiago, não tinham qualquer símbolo, mas algo na aura daquelas três pessoas me disse que não eram meros caminhantes ... que eram peregrinos! Segui-os durante uns 400 ou 500 metros. Pararam para fotografar a beleza da baía, o mar a estender-se em tons de azul translúcido ... e aproximei-me. Nos seus olhares, percebi logo a mesma admiração, as mesmas interrogações que eu próprio sentira. E houve ali um momento de comunhão silenciosa. Senti-os unidos por um fio invisível que nos ligava aos quatro e àquele lugar ... àquele instante. Só depois surgiu o diálogo:
Excusez-moi, êtes-vous pèlerins ? - perguntei ... com a sensação de certeza da resposta.
Bem ... falei em francês porque estava em França ... mas até nisso o Universo me guiou!
Oui, toi aussi ? - responderam quase em coro as duas mulheres.
A pergunta saiu-lhes com um largo sorriso, que o amigo delas acompanhou, combinando com o tratamento por 'tu', que recebi com a doce sensação de uma boa amizade no ar.
Oui, je suis portugais, je suis parti de Saint-Jacques-de-Compostelle il y a plus de deux mois, en pèlerinage à Rome et à Jérusalem. - respondi, também com um sorriso.
O semblante dos três transmitia agora um misto de admiração e incredulidade. Virei-me, para lhes mostrar o dístico do Jerusalem Way na minha mochila ... e a incredulidade começava a ser dos quatro, a cada palavra que dizíamos. São os três franceses, vivem em Clermont-Ferrand, a Françoise e o Michel são um casal, a Anne-Marie é uma amiga chegada ... e estão os três ... a Caminho de Roma.
Com a Anne-Marie, Michel e Françoise no "Passeio dos Ingleses", com a colina do Castelo de Nice e a Torre Bellanda ao fundo
Um encontro de "anjos" ... mediado pelos anjos ... na "Baía dos Anjos"...
O Universo só pode ser Inteligente! O que é que me levou a optar pelas praias da Côte d'Azur, em vez de seguir fielmente a Via Aurelia? Que força invisível guiou outras três almas a essa mesma opção? Como explicar o encontro com aqueles três "anjos" ... na "Baie des Anges " ? Terá sido o acaso a tecer os fios do destino? Um acaso que nos guia por caminhos inesperados, orquestrando encontros e desencontros? Um acaso como tantos outros no meu já longo rol de Caminhos peregrinos? Talvez jamais desvendemos os mistérios do Universo, mas essa busca incessante por respostas é o que nos impulsiona, o que nos faz sentir vivos e ligados a algo maior do que nós mesmos.
Naquele encontro junto à praia, em pleno "Passeio dos Ingleses", perdemos um pouco a noção do tempo. Vimos depois que tínhamos ali estado parados mais de meia hora ... e seguimos juntos até ao final da baía. Na colina do Castelo, eles como eu tencionavam subir ao terraço da Torre Bellanda.
A "Baie des Anges" e Nice vista do cimo da Torre Bellanda, 21.09.2034, 10h40
O panorama da Torre Bellanda.é uma daquelas vistas imperdíveis que muitas pinturas, fotografias e postais difundiram amplamente desde o Séc. XIX. A torre é um dos raros testemunhos do passado militar de Nice ... Nice que só é francesa há menos de 200 anos, após séculos de sucessivas tentativas de invasão. Em 1108, Nice tinha-se tornado uma república da Ligúria, mas em 1388 é colocada sob a protecção do Condado de Sabóia e, como tal, integrada no Sacro Império Romano-Germânico. Em 1543, Catherine Ségurane surge como heroína lendária na batalha de Nice, contra franceses e turcos. Mas só em 1860 França anexou Nice, com a população da cidade a revoltar-se, pedindo a reunificação com o Reino da Itália. O novo governo de Paris reprimiu contudo a revolta de modo muito violento.
Mas se da história de Nice regressarmos a 2034 ... quatro peregrinos continuaram juntos, rumo a leste, por Villefranche e Beaulieu-sur-Mer, em direcção a Monte Carlo - o Mónaco - a última das cidades-estado que subsistiu na Europa dos séculos XX e XXI, quando muito junto com o Vaticano.
Panorâmica de próximo da Capela de Saint-Michel, sobre Beaulieu-sur-Mer e o Cap Ferrat, 21.09.2034, 14h05
Desde aquele encontro mágico em Nice ... o resto do dia de ontem e hoje caminhei portanto com a Anne-Marie, a Françoise e o Michel. Superado o impacto inicial, a nossa conversa ganhou volume e ritmo, impulsionada pelo facto de estarem a Caminho de Roma. Começaram em Arles um dia antes da minha passagem, apenas demoraram portanto mais um dia a chegar a Nice. Decidimos não fazer planos sobre se nos vamos manter juntos ou não ... sintonizámo-nos na ideia de que o Universo que orquestrou o nosso encontro também ditará as horas e os dias que virão. Sendo eles três, a dificuldade de encontrar alojamento foi menor do que a de um peregrino solitário como eu. Economicamente, é mais viável encontrar alojamento para 3 do que para um. Próximo de Èze, a Anne-Marie perguntou-me:
Tu as déjà un endroit où dormir ce soir, José?
Respondi-lhe que estava a pensar ficar em Monte Carlo. Tinha visto dois pequenos hotéis a preço módico ... mas realmente este é o troço mais caro da peregrinação. Hoje, de regresso ao Caminho "oficial", em princípio em Bordighera já conseguiria um ostello. Seguramente depois de alguma conversa entre eles de que não me apercebi ... o que ouvi a seguir soou-me a música celestial...
José ... figure-toi qu'on a réservé un petit appartement à Cap d'Aile, il y a deux chambres, une kitchenette et une salle de bain. Qu'est-ce que tu dirais de te joindre à nous?
Aquelas três almas, tendo-me conhecido há poucas horas, estavam-me a convidar para ficar com elas! Cap d'Aile fica quase à entrada do Mónaco ... e, claro, aceitei. E aceitei tanto por mim mesmo ... como pela sensação de que os magoaria, se dissesse que não. E assim ... ainda não eram quatro da tarde estávamos a entrar no "nosso" apartamento em Cap d'Aile. Dois quartos, um com cama de casal e outro com duas camas, uma bem equipada kitchenette ... estava muito longe de imaginar aquele luxo!
Passeio Marítimo de Cap d'Aile, próximo da bela maison onde se alojaram quatro peregrinos...
Sem lojas nas proximidades, não foi possível aproveitar a kitchenette para um jantar melhor do que os salgados que tínhamos comprado ao almoço, em Èze ... mas mesmo assim aquele resto de tarde, em que ainda passeámos junto ao mar, e o próprio jantar, ficam certamente na memória de cada um de nós quatro. A minha "andorinha arraiana" já estava a par do "Rencontre des Anges", como passámos a chamar ao nosso encontro em Nice ... mas até ela participou no convívio no apartamento de Cap d'Aile, por vídeochamada. E, mais um "acaso" do destino ... até a Sophia, que não dava notícias desde o fim de semana passado, se juntou ao grupo! O Universo é Inteligente...
Mas a noite em Cap d'Aile foi curta, em termos de horas de sono. A ânsia de nos conhecermos melhor - uma ânsia de sondar as almas, tão familiar nestes encontros orquestrados pelos Céus - motivou conversa animada até altas horas ... que continuou a dois; eu e a Anne-Marie ficámos no quarto de duas camas. Mas a quatro ou a dois, abordámos tudo e nada, desde os mistérios do Universo ... à profunda pequenez e ignorância de uma espécie que, a todos os níveis, se põe a si própria e ao planeta em risco. Há dez anos, em 2024 / 2025, estivemos à beira do "juízo final". Um novo czar sobreviveu a um atentado de que parecia impossível escapar ... mas não escapou ao atentado movido pelo destino ... pela Inteligência Universal ... e o Mundo, enfim, encontrou alguma Paz.
E já hoje, 22.09.2034 ...Mónaco, 08h10 ... na última cidade-estado da Europa, o 2º mais pequeno micro-estado do Mundo.
Hoje acordámos cedo e levantámo-nos cedo. Tínhamos um país para atravessar ... um país com menos de 5 km de extensão: Mónaco, fundado em 1297 pela Casa Grimaldi, até hoje sua soberana.
    
Mónaco e Monte Carlo, 22.09.2034 ... a atravessar um país com menos de 5 km de comprimento, ao longo da costa
Gostei bem mais de rever Nice do que Monte Carlo. Mónaco / Monte Carlo ... é o país dos iates, da ostentação, do luxo ... do poder do dinheiro. Ce n'est pas mon truc, dizia por vezes o Michel ... e nós concordávamos. Nós, portugueses. dizemos, para expressar o mesmo sentimento, que "isto não é a minha praia"; riram-se 😂. E faltava-nos essencialmente Menton, para chegarmos à fronteira italiana.
O Castelo Medieval de Roquebrune, visto do litoral entre Monte Carlo e Menton, 22.09.2034, 10h05
Menton, Promenade du Soleil, 10h55 ... de novo em Caminho "oficial". Ao fundo ... já é Itália.
À entrada de Menton voltámos à Via Aurelia, onde o velho caminho romano regressa ao mar. Depois de 41 dias e mais de mil km em França, a fronteira italiana estava agora a pouco mais de 4 km. Pouco depois do meio dia do último dia de verão ... estávamos em Itália. Sem combinações ... sem planos ... deixando fluir espontaneamente a ligação que se estabelecera entre os quatro ... continuávamos juntos.
Acabados de entrar em Itália, entre Menton e Ventimiglia, 22.09.2034, 12h10
Da fronteira a Ventimiglia são sensivelmente 7 km, outros tantos de Ventimiglia a Bordighera, sempre a acompanhar o litoral. Aliás, ao entrar na Ligúria, estávamos agora também na Via della Costa, uma via de peregrinação marcada como Caminho de Santiago ... ou Santiago - Roma. Já no início da semana reservara uma cama para hoje na Villa Garnier, em Bordighera, um ostello mantido pelas Suore di San Giuseppe di Aosta. Não foi difícil marcar mais três camas ... e tivemos un'accoglienza como já tinha saudades. Boas instalações, a simpatia e o carinho das irmãs, jantar e pequeno almoço, tudo a preços peregrinos ... de que também já tinha saudades...
Amanhã é outro dia. O original do velho cântico é em francês ... mas apeteceu-nos arranhar um italiano em coro com as irmãs de San Giuseppe: "Ogni mattina prendiamo il cammino ... Ogni mattina andiamo più lontano."
A Cruzada de um Peregrino sem passaporte: Santiago / Bordighera (Itália) - 72 dias, 1967 km
Veja aqui todas as etapas. Pode aceder ao mapa de cada uma delas clicando em cada etapa.
Publicado em 09.12.2024 ... ao viajar na grande Máquina do Tempo e dos Sonhos...
A maioria das personagens são ficcionadas, como os restantes peregrinos que vou encontrando.
Nas personagens ficcionadas, qualquer semelhança com pessoas ou eventos reais é mera coincidência.
Algumas imagens foram criadas e/ou editadas por Inteligência Artificial.
Não é permitida a utilização de imagens ou textos sem a autorização expressa do autor.
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1 comentário:

Graca disse...

A tua descrição é tão viva que quase estamos também em peregrinação.
Bom caminho com surpresas agradáveis.