Há mais de 30 anos - nos primeiros anos 90 do século passado - a telenovela
Pantanal
aterrou nas televisões de meio mundo ... e encantou todos os amantes dos
grandes espaços, dos grandes horizontes, da Natureza selvagem. A uma hora
tardia - o que dava jeito para deitar os então pequenotes antes da novela -
também este rapaz pacato e a sua estrela arraiana se deliciavam com aquelas
paisagens deslumbrantes,
com a história da mulher que virava onça, com as histórias do "Velho do Rio",
com o erotismo envolvido na trama dos personagens, transformados em heróis e
lendas da vida pantaneira, na qual a música também tinha um lugar
preponderante. Nomes como
Almir Sater,
Guilherme Rondon,
Sérgio Reis
e outros, até aí nossos desconhecidos, passaram a fazer parte de muitos serões
de música popular brasileira ... música pantaneira.
Trinta anos depois ... um dia duas amigas da família caminheira Gaspar Correia
- uma delas vinda dos velhos tempos em que trabalhei no Arquivo de
Identificação - juntaram-se para reviver memórias e alimentar sonhos ... e
levaram com elas mais 19 amigo(a)s para Viver uma "aventura" ... no
Pantanal.
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28.04.2024: Sobre o Rio Paraná, 13h10
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... e desembarcamos em Campo Grande, 13h50
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E assim, ao início da tarde de sábado 27 de abril, estávamos a voar para
terras brasileiras. Quase dez horas de voo puseram-nos em Campinas, S. Paulo,
e 24 horas depois de sairmos de Lisboa estávamos em
Campo Grande, capital do
Mato Grosso do Sul, onde se localizam 65% do território do
Pantanal, uma das maiores extensões húmidas do planeta, na bacia hidrográfica do alto
Paraguai.
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Campo Grande, Parque das Nações Indígenas, 16h50
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... onde as capivaras se passeiam livremente
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Em
Campo Grande
... começava a aventura! Distibuídos por 7 veículos 4x4, com as bagagens
envolvidas em lonas para as proteger da poeirada ... partimos para
Aquidauana ... onde acaba a estrada alcatroada. Depois ... depois
são (foram) 110 km de "estrada" sem estrada, onde por vezes os próprios
motoristas têm dúvidas sobre o caminho a seguir nas múltiplas bifurcações, que
resultam das múltiplas opções rodadas ao sabor do nível das águas, da lama, da
poeira ... ou do mato.
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Fazenda Retirinho, 29.04.2024, 10h40 ... paragem para descanso
de máquinas e gentes ...
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... antes de levarmos duas horas e meia para percorrer 40 km... 😂
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O nosso destino era a
Fazenda Barra Mansa, nas margens do
Rio Negro, afluente do Rio Paraguai. Todos estes
nomes nos remetiam para as memórias da novela
Pantanal, filmada precisamente naquelas paragens. E começávamos mesmo a sentirmo-nos
pantaneiros: tal como na música de
Almir Sater ... "
nossa viagem não é ligeira
...
a nossa estrada é boiadeira" ... e o "
tá de passagem, abre a porteira" seria mais que ilustrado pelas mais de 40
porteiras que é preciso
abrir e fechar naquele troço entre a
Fazenda Retirinho e a
Barra Mansa. A estrada, se assim se lhe pode chamar, atravessa sucessivas fazendas,
delimitadas por vedações e
porteiras; numa
comitiva como a
nossa, em cada
porteira o motorista do primeiro carro abre e fica à
espera que passem todos para a fechar; 7 carros e 7
porteiras depois
voltará a ser o primeiro. Em várias ... fomos nós próprios o
garoto da porteira 😁
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Quase que acompanhando as boiadas, na tarde
do dia 29
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O programa da nossa aventura tinha sido desenhado pela Irene e Alice, há mais
de um ano em permanente contacto com a operadora
Bravo Brazil
e o incansável Daniel Rondon, que nos acompanhava desde Campo Grande. E antes
das duas da tarde estávamos a ser recebidos pelo Renato, a Vitória e todo o
pessoal da
Fazenda Barra Mansa ... onde nos esperava o primeiro e belo almoço pantaneiro e onde
iríamos passar os 4 dias seguintes!
Por incrível que nos parecesse ... estávamos longe de tudo. Estávamos na
imensidão do
Pantanal profundo. À noite, as estrelas brilhavam mais, num céu diferente do
nosso; bem visível, lá estava a constelação do Cruzeiro do Sul, com a Alfa de
Centauro próxima. Mais a poente, Sirius brilhava firmemente, talvez
lembrando-nos que, segundo os Dogon do Mali ... foi de lá que viemos...
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Ainda na tarde em que chegámos ... começávamos a sentir que esta
aventura era diferente de tudo o que já tínhamos vivido...
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Tínhamos realmente aberto a
porteira para um mundo diferente do
que quase todos conhecíamos. Aliando as características da imensidão da
Natureza à hospitalidade, à Amizade e à Vida das pessoas que ali vivem e
labutam ... a proverbial alegria dos 21 "pantaneiros" e "pantaneiras" idos de
Portugal criou uma autêntica festa da Vida. Não fazíamos parte da "
Comitiva Esperança", mas mais uma vez, tal como na música do Almir...
A festa da Vida prosseguiu nos dias seguintes ... tanto mais que havia
também uma lua de mel a celebrar no grupo! Até nos voos já se tinha ouvido
várias vezes ... " Viva os noivos ! " 😂
Leiam as próximas "crónicas"...
(Escrito depois do regresso a Portugal, em 12 e 13.05.2024)
(Continua)
5 comentários:
Gostei desta narrativa e quase que viajei convosco.
Maravilhoso!Uma autêntica aventura de maduros .Obrigada por poder viajar convosco.
Aventura que fica marcada nos nossos cinco sentidos...recordar é voltar a viver 😘
Primeira crónica lida 🥰 fantástica aventura 🥰
Só nos resta agradecer à Vida por estes dias magníficos, somos uns privilegiados!! E à Alice e Irene por terem concretizado e organizado tão bem a viagem. E a ti por registares sempre com tanto cuidado para memória conjunta futura. E a todos os restantes amigos caminheiros pantaneiros pela amizade, camaradagem, alegria e pitadas inesperadas de humor ou surpresas que transformam as nossas viagens sempre em algo especial!!
🙏🙏 Lilia
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