Já
em tempos aqui falei dos livros de
Célio Rolinho Pires - que orgulhosamente fazem parte da minha modesta biblioteca raiana - e de tantos lugares do "
país das pedras" de que o Concelho do Sabugal ocupa uma boa parte.
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Aldeia de Santo António, 26.Junho.2018, 6h45 |
Ora, já conhecendo a
Serra d'Opa, o
S. Cornélio, a histórica
Sortelha ... nunca tinha deambulado pelo interior do espaço mais bravio desse "país", basicamente o espaço definido pelo
Sabugal, a
Serra do Mosteiro, a sul, sobre
Santo Estêvão e a Cova da Beira, o maciço da
Sortelha, o vale da
Ribeira de Quarta Feira e
Águas Belas, a norte. Foi hoje. E foi hoje ... numa modalidade que não me é habitual. Para além de ir para aquela zona ... não levava nenhum plano, nenhum esboço de caminhada, que decorreu portanto ... ao sabor do momento e do que no momento ia apetecendo. Também há já algum tempo que não caminhava
a solo; gostei, como sempre; como sempre digo, não é pior nem melhor, é uma forma diferente de viver e sentir a caminhada. A minha "estrela arraiana" ... ficou a tomar conta da casa, em
Vale de Espinho... 😉
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Aldeia de Santo António, 6h55: a manhã estava misteriosa... |
Saindo de Vale de Espinho ao nascer do Sol, entre Quadrazais e o Sabugal ... o Sol escondeu-se atrás de um nevoeiro mágico. Deixei as quatro rodas à entrada da
Aldeia de Santo António; consultado o meu fiel
Oruxmaps, iniciei a "aventura" rumo a sul, às
Alagoas e à
Serra do Mosteiro. Debruçada sobre a
Cova da Beira, da cumeada desta serra assisti ao gradual levantar do manto de nuvens que cobria a "minha"
Malcata. Aos meus pés tinha
Santo Estêvão; ao fundo a misteriosa
Serra d'Opa, sobranceira ao
Terreiro das Bruxas e ao vale da
Senhora da Póvoa.
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O caminhante solitário avança envolto na neblina |
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... e ganha asas no cume da Serra do Mosteiro |
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Manto de nuvens a levantar dos vales e cabeços da "minha" Malcata (do alto da Serra do Mosteiro) |
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Com Santo Estêvão aos pés e a Serra d'Opa ao fundo à direita, sobre o Terreiro das Bruxas e a Senhora da Póvoa |
Antes das 8h30, muito perto de
Santo Estêvão, mudei a bússola para noroeste, rumo à
Ribeira da Nave e à
Sortelha. Durante bastante tempo, a
Serra d'Opa continuava vigilante, enquanto atravessava belos prados e tapadas ... e subia por vezes às grandes moles graníticas do "país das pedras".
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8h50 - Neste belo prado, como se caseiro fosse desta antiga morada, fiz a minha primeira pausa e reforço alimentar |
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Recantos "perdidos" da Ribeira da Nave |
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Com a Serra d'Opa ainda vigilante ... e dois burros admirados de me verem subir aos barrocos... 😊 |
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No país |
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das pedras... |
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10h15, com 14 km percorridos ... e com a Sortelha à vista |
Mais meia hora e estava a entrar na
Sortelha. Nunca tinha subido à
Torre do Relógio, espectacular miradouro sobre a aldeia histórica. Virada a nascente, dali se alcança o
S. Cornélio, infelizmente rodeado de uma miríade de eólicas. Para sul, o impressionante vale da
Ribeira do Casteleiro.
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Sortelha: o Castelo, com a sua Torre do Facho |
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Sortelha: Torre do Relógio |
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Panorâmica da Torre do Relógio sobre a aldeia, com o S. Cornélio ao fundo |
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Vale da Ribeira do Casteleiro |
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Torre do Facho, dominando a |
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aldeia histórica de Sortelha |
Na
Sortelha, percorrendo um troço da muralha, havia que tomar opções. As nuvens haviam-se dissipado por completo e o dia ameaçava aquecer bem ... mas apetecia-me continuar ainda para ocidente, descendo para o vale das ribeiras de
Valverdinho e da
Quarta Feira. Sabia que depois havia que voltar a subir, rumo ao planalto das
Águas Belas, provavelmente à hora de maior calor; mas em boa hora foi essa a opção que tomei, a ribeira da
Quarta Feira tem troços encantadores.
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Ainda à saída de Sortelha, o Cruzeiro e as ruínas |
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da Igreja da Misericórdia, ou de Santa Rita |
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Descida da Sortelha para o vale da Ribeira de Valverdinho |
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Panorâmica sobre o belo vale da Ribeira da Quarta Feira |
Para cruzar a
Ribeira da Quarta Feira, a partir da estrada que segue para a
Bendada, optei por um trilho perfeitamente claro na carta 225 do IGE. Desci, cruzei a ribeira ... mas à saída do pontão o caminho público estava barrado por grande amontoado de vegetação; contorná-lo foi fácil, mas sem que aparentemente tivesse entrado em qualquer propriedade ... vi-me do lado de dentro de um portão fechado a sete chaves. Única solução ... atravessar a rede ao lado do portão...
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Belos troços ao longo da Ribeira da Quarta Feira |
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No "país das pedras", há pedras que parece que foram esculpidas ... ou não está aqui, nítida, a cabeça de um cão?... |
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13h25 - Com a aldeia de Quarta Feira à vista |
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São quase duas da tarde ... o calor aperta ... e ao cruzar de novo a Ribeira da Quarta Feira apeteceu refrescar... |
Ao entrar na aldeia de
Quarta Feira, com 25 km nos pés e com o Sol a pino, ansiava por uma "loirinha" fresquinha. Mas ... não vi que existisse nenhum bar na aldeia... 😪; seria por ser terça feira?... 😋. Restou-me a consolação de um pequeno chafariz ... antes da penosa subida ao longo do curso alto da ribeira; menos penosa pela existência de algumas sombras e, principalmente, pela grande beleza de todo o percurso. E regressei aos quase 900 metros de altitude, optando por uma ligação em autonomia entre dois trilhos, sem chegar a entrar na aldeia de
Águas Belas.
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14h30 - A sair da aldeia de Quarta Feira ... |
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... esperava-me esta penosa subida, ao longo da calçada que bordeja o curso alto da Ribeira da Quarta Feira |
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Vale alto da Ribeira da Quarta Feira: continuo no"país das pedras" |
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15h35 - Planalto entre Águas Belas e o S. Cornélio ... rodeado de eólicas... |
Às quatro horas estava no ponto mais alto desta tarde quente. Algures por ali, num telefonema ... o meu pai pediu-me para me lembrar do que recentemente aconteceu ao Presidente da República... 😮! Estava cansado e já tinha acabado a água ... mas tinha a aldeia de
Urgueira à vista ... e umas pequenas pausas quando havia sombra geriram sem problemas os cerca de 5 km que faltavam.
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16h05 - Ao fundo, a aldeia de Urgueira estava à vista ... anunciando a vizinha Aldeia de Santo António |
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Três quartos de hora depois, no Largo central da Urgueira e Igreja da Senhora do Pilar |
À entrada da
Urgueira, a sede apertava. Entrei num curral* onde vi uma torneira, perguntei a um idoso que estava na loja* se podia beber, respondeu-me que estava ferrada; mesmo assim tentei e ... milagre:
da torneira saiu o precioso líquido. Mas aquele ancião disse-me mais: "
Vai para cima? No chafariz tem lá boa água fresquinha". E era verdade ... na Urgueira devo ter bebido um litro de água...
Da Urgueira à
Aldeia de Santo António medeia apenas um rápido quilómetro. Às 5 da tarde estava de regresso ao carro ... que felizmente estava à sombra. E regressei a
Vale de Espinho ... com a alma cheia de mais uma dose dos bons ares e das belas imagens das "minhas" terras raianas.
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