domingo, 12 de março de 2017

Olho Marinho: Serra, mar, planície, belos horizontes ... e memórias!

A pequena povoação de Bolhos, na freguesia de Atouguia da Baleia, concelho de Peniche - em pleno Planalto das Cezaredas - teve sempre para este amante da Natureza a marca simbólica de ter sido lá que iniciei os "instantâneos de uma vida ao ar livre" ... a minha vida "por fragas e pragas..."
Novembro de 1970
Grutas de Bolhos, 1 de
Efectivamente, a 1 de Novembro do longínquo ano de 1970, eu nascia para a minha vida de "aventuras", pela mão do meu saudoso professor de Ciências Naturais, Dr. Hernâni de Seabra Ribau, conforme contei nestas minhas memórias, no artigo referente àqueles "anos loucos". Com outros jovens do saudoso CNJE (Centro Nacional Juvenil de Espeleologia), iniciei-me no Algar dos Bolhos ... e a vida ao ar livre nasceu para mim! Nos anos que se seguiram, por duas ou três vezes lá passei perto, mas nunca mais voltei a Bolhos ... até hoje ... mais de 46 anos depois! E porquê hoje? Porque se proporcionou participar, com a minha "mana" Paula, numa actividade destinada àquela zona, proposta pelas "Rotas e Trilhos na Natureza".
Algar dos Bolhos, na actualidade
(Foto: Núcleo de Amigos dos Buracos das Cesaredas)
A caminhada, circular, iniciou-se na povoação de Olho Marinho. Mais uma memória, esta bem mais recente: no dia 16 de Abril de 2015, o Olho Marinho abriu-me por momentos as portas do paraíso, no início de um caminho que o destino não transformou em Caminho. Aquele "olho", em cujas águas já Inês de Castro tratava a pele e os olhos, convidou-me e aos meus "manos" a uma paragem para refrescar e hidratar os pés ... os pés que três dias depois me levariam a interromper em Ourém aquele que seria o Caminho Santa Cruz - Santiago ... o Caminho das Cinzas.
E assim, pelas nove e meia da manhã de um domingo muito ventoso, estávamos a partir do Olho Marinho rumo a sudoeste e ao parque eólico da Serra d'El-Rei. A nebulosidade sobre o mar não deixava ver as Berlengas, mas uma hora e pouco depois estávamos no extremo ocidental do planalto das Cezaredas ... com Bolhos aos pés.

Olho Marinho, 16.04.2015 ... durante um caminho que o destino não transformou em Caminho...
Com Bolhos à vista, 12.03.2017, 10h50
Na serra de Bolhos, não devemos ter passado longe da "minha" gruta, onde tudo começou, um dia, há mais de 46 anos. Um companheiro conhecedor do terreno e que também lá tinha estado há uns anos ainda a procurou; acompanhei-o ... mas não demos com o "meu" histórico Algar do Casal da Lebre, como também se chama. Um dia destes volto lá a procurá-lo, com alguém de Bolhos. E o rumo era agora para sul, ao longo do bordo escarpado das Cezaredas, sobre Bolhos, a Riba Fria, Bufarda, até ao mar, em terras de S. Bernardino. Ligeiramente a noroeste, a Barragem de S. Domingos, e Peniche.

Ao longo do escarpado limite ocidental do planalto das Cezaredas, rumo ao geodésico da Cabreira
Vista para noroeste, com a barragem de S. Domingos
e Peniche ao fundo, do miradouro da Pena Seca
A partir da Pena Seca rumámos a nascente, por caminhos de terra batida, em direcção à aldeia de Cezaredas. E, nesta jornada que já me levara a dois locais "históricos" ... surgiu-me o terceiro: fomos parar para reforço alimentar exactamente no mesmo local e no mesmo bar onde parei com os meus dois "manos" no primeiro dia do "Caminho das Cinzas": a Associação Recreativa Cultural e Desportiva das Cezaredas.

Associação Recreativa Cultural e Desportiva das Cezaredas: são horas de almoço ... tal como há 2 anos...
E das Cezaredas dirigimo-nos ao vale da Tornada, no rio Galvão, entre o Reguengo Grande e a aldeia de . Não imaginaria que ali íamos encontrar ... uma fabulosa cascata, sucessivos antigos moinhos de água e até pontes romanas, fazendo-nos imaginar que estávamos muito mais a norte.

Rumo ao Vale da Tornada (Rio Galvão)
Cascatas do Rio Galvão (Foto da
esquerda e antepenúltima: Helder Carvalho)
Subindo o curso do Rio Galvão, das cascatas de Tornada à aldeia de
Dez minutos antes das três da tarde estávamos junto às aldeias de  e Camarnais. O rio Galvão seguiria agora para nordeste ... e nós para noroeste, rumo ao ponto de partida, na aldeia de Olho Marinho. Entrámos pela parte antiga da aldeia ... e lá fomos dar à famosa "nascente" dos Olhos de Água. Desta vez ... não tirei fotografias em automático... 😊. Não entendem? Leiam o "Caminho das Cinzas"...


Olho Marinho ... e o fim de uma bela caminhada, nas "Rotas e Trilhos na Natureza"
Quatro da tarde, à hora prevista, tínhamos fechado o círculo, com 20 quilómetros e umas poucas centenas de metros percorridos. Tínhamos tido serra, planalto, planície, tínhamos visto o mar e belos horizontes ... e revivi memórias!
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