quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Circular Palmela e Arrábida - GRD XXL K50 1600m+

Há uma semana atrás, uma conversa online com o meu "mano" Araújo rezava assim:
Palmela, 14 de Janeiro de 2016, 7:00h

  JC: "Alguma sugestão de caminhada para
         dia 14?... J"
  AJ: "Não tenho nada marcado..."
  JC: "Então vamos marcar qq coisa... J"
  AJ: "Que pensas fazer?"
  JC: "Qq coisa compridinha... J"

Deste diálogo nasceu primeiro uma ideia de uma caminhada circular à Serra de Sintra ... transformada depois numa GRD XXL na Serra da Arrábida. O conceito de Grandes Rotas Duras nasceu para uma espécie de provas de resistência de 25 a 30 km para cima ... um desafio a cada um de nós. Mais tarde avançámos para os 50 km ... transformados em 72 na minha "maratona" do passado dia 28 de Novembro... J. Mas claro que o desnível também conta!
E assim nos juntámos 5 "aventureiros", prontos para desafiar um percurso com mais de 1600 metros de desnível acumulado, desenhado pela muita experiência e conhecimento do "mano" Araújo, no seu muito amado maciço da Arrábida. Um dos 5, contudo ... não chegaria a comparecer à partida... J

Sobre Setúbal e Tróia, do alto da Serra de S. Luís
Saídos do Castelo de Palmela ainda de noite, menos de duas horas depois estávamos no extremo nordeste da Serra de S. Luís. O Sol erguia-se sobre a península de Tróia e o estuário do Sado.

Geodésico da Serra de S. Luís (392m alt.) e vista para poente, com o Formosinho ao fundo
Belos campos a caminho do vale da Ribeira do Alcube
Pouco depois das dez horas estávamos no vale da Ribeira do Alcube. E se fizéssemos uma incursãozinha à Quinta do Alcube, para um curto lanchinho de meio da manhã? A proposta foi logo aprovada pelos quatro; um Alcube Reserva e um bom queijinho deu-nos ânimo para prosseguir... J

Cascata do Alcube
Quinta do Alcube
Vamos fazer uma pausazinha? J
O copo vazio é do companheiro que faltou... J
Seguiu-se o Alto das Necessidades e o Moinho do Cuco ... e pouco depois do meio dia estávamos em Vila Nogueira de Azeitão, com 22 km percorridos em pouco mais de 5 horas. Mesmo com as paragens, a média bruta situava-se entre os 4 e os 5 km/h ... não estávamos mal!

12:10h, Vila Nogueira de Azeitão, com 22 km percorridos
Em Azeitão ... era obrigatório ir às famosas tortas ... acompanhadas com um Moscatelzinho... J. E à entrada de Aldeia de Irmãos era o ponto de inflexão para sul. Os cumes, contudo, tinham desaparecido sob algumas nuvens ameaçadoras. O dia, que até aí se tinha mantido enevoado mas seco, prometia chuva que rapidamente se descarregou sobre nós, à medida que avançávamos pela falda norte da Serra da Arrábida, rumo aos Picheleiros e ao Vale da Rasca.

Pelas faldas da Arrábida
Chegou a chuva...
Vale da Rasca ...
e Santiago está connosco...
O Café "Pinheiro da Rasca" foi o último ponto de apoio para umas "loirinhas". Entretanto a chuva voltara a parar e o resto da tarde até teve algum Sol a secar as capas ... mas tinha deixado muita lama no troço em que ladeámos a fábrica da Secil pelo norte. Entre botas e calças ... já não se distinguia muito...
E vinte minutos depois das quatro da tarde estávamos a atravessar a Ribeira da Comenda.

Ribeira e Praia da Comenda, à entrada de Setúbal
Palácio da Comenda ... ou o que resta dele...
Construído no início do séc. XX, o Palácio da Comenda foi projectado pelo Arquitecto Raul Lino, considerado por muitos o mais notável arquitecto português do séc. XX. O Palácio era propriedade dos Condes D`Arman, amigos pessoais dos Kennedy. Quando do assassinato do presidente dos EUA, a viúva Jacqueline Kennedy ali se recolheu com os filhos, junto dos seus amigos, os condes D`Arman. É lastimável o estado de abandono de tão imponente construção, entretanto delapidada pelo vandalismo destruidor.

No que resta do belíssimo Palácio da Comenda, ainda ao abrigo de Nossa Senhora da Ajuda
Igualmente em ruínas encontra-se a Igreja de Nossa Senhora da Ajuda, entre o Palácio da Comenda e a estrada nacional. E, a partir daí ... faltava o regresso a Palmela. O Sol punha-se dali a uma hora, mas faltavam-nos ainda cerca de 11 km: subir à pequena cumeada a norte de Albarquel, descer ao vale do Viso e Grelhal, subir perto das antenas da Serra de Gaiteiros, descer à Fonte da Pipa, descer à Baixa de Palmela e subir finalmente a velha estrada romana até à base do Castelo. Coisa pouca... J

Rumo ao vale do Viso e Grelhal
Painéis alusivos à Calçada Romana do Viso, Grelhal
Arcas d'Água, encosta sul da Serra de Gaiteiros
Na encosta sul da Serra de Gaiteiros, as chamadas Arcas d'Água faziam parte do Aqueduto dos Arcos, que abasteceu água a Setúbal durante séculos. Pouco depois das Arcas, por carreiros enlameados, lá fomos subindo a serra ... com o Sol a pôr-se atrás de nós. Pouco depois das seis houve que puxar dos frontais. Passámos ligeiramente a sul das antenas de Gaiteiros ... e embrenhámo-nos ainda, à luz dos frontais, num belo trilho que nos levou à Ribeira do Livramento.

Setúbal, da encosta da Serra de Gaiteiros - luzes acesas, que o dia já estava no fim...
Cruzando vias com os curiosos nomes de "estrada da lagartixa" e "estrada da cobra", da ribeira do Livramento, junto à Baixa de Palmela, subimos a velha calçada romana de Palmela ... e às 7 horas e 2 minutos estávamos na base do Parque do Castelo. Com praticamente 51 km nos pés, percorridos à boa média de 5,2 km/h em andamento ... as muralhas lá estavam a guardar os três bólides que ali deixáramos de manhã ainda noite. Claro que algo cansados ... mas felizes pelo belo dia de convívio entre os quatro e pelo desafio vencido. Venham mais... J

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