Há uma semana atrás, uma conversa
online com o meu "mano" Araújo rezava assim:
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Palmela, 14 de Janeiro de 2016, 7:00h |
JC: "Alguma sugestão de caminhada para
dia 14?... J"
AJ: "Não tenho nada marcado..."
JC: "Então vamos marcar qq coisa... J"
AJ: "Que pensas fazer?"
JC: "Qq coisa compridinha... J"
Deste diálogo nasceu primeiro uma ideia de uma caminhada circular à Serra de Sintra ... transformada depois numa GRD XXL na
Serra da Arrábida. O conceito de
Grandes
Rotas
Duras nasceu para uma espécie de provas de resistência de 25 a 30 km para cima ... um desafio a cada um de nós. Mais tarde avançámos para os 50 km ... transformados em 72 na minha "maratona" do passado dia
28 de Novembro...
J. Mas claro que o desnível também conta!
E assim nos juntámos 5 "aventureiros", prontos para desafiar um percurso com mais de 1600 metros de desnível acumulado, desenhado pela muita experiência e conhecimento do "mano" Araújo, no seu muito amado maciço da
Arrábida. Um dos 5, contudo ... não chegaria a comparecer à partida...
J
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Sobre Setúbal e Tróia, do alto da Serra de S. Luís |
Saídos do Castelo de
Palmela ainda de noite, menos de duas horas depois estávamos no extremo nordeste da
Serra de S. Luís. O Sol erguia-se sobre a península de
Tróia e o estuário do
Sado.
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Geodésico da Serra de S. Luís (392m alt.) e vista para poente, com o Formosinho ao fundo |
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Belos campos a caminho do vale da Ribeira do Alcube |
Pouco depois das dez horas estávamos no vale da
Ribeira do Alcube. E se fizéssemos uma incursãozinha à
Quinta do Alcube, para um curto lanchinho de meio da manhã? A proposta foi logo aprovada pelos quatro; um Alcube Reserva e um bom queijinho deu-nos ânimo para prosseguir...
J
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Cascata do Alcube |
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Vamos fazer uma pausazinha? J |
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O copo vazio é do companheiro que faltou... J |
Seguiu-se o
Alto das Necessidades e o
Moinho do Cuco ... e pouco depois do meio dia estávamos em
Vila Nogueira de Azeitão, com 22 km percorridos em pouco mais de 5 horas. Mesmo com as paragens, a média bruta situava-se entre os 4 e os 5 km/h ... não estávamos mal!
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12:10h, Vila Nogueira de Azeitão, com 22 km percorridos |
Em
Azeitão ... era obrigatório ir às famosas tortas ... acompanhadas com um Moscatelzinho...
J. E à entrada de
Aldeia de Irmãos era o ponto de inflexão para sul. Os cumes, contudo, tinham desaparecido sob algumas nuvens ameaçadoras. O dia, que até aí se tinha mantido enevoado mas seco, prometia chuva que rapidamente se descarregou sobre nós, à medida que avançávamos pela falda norte da Serra da
Arrábida, rumo aos
Picheleiros e ao
Vale da Rasca.
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Pelas faldas da Arrábida |
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Chegou a chuva... |
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Vale da Rasca ... |
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e Santiago está connosco... |
O Café "Pinheiro da Rasca" foi o último ponto de apoio para umas "loirinhas". Entretanto a chuva voltara a parar e o resto da tarde até teve algum Sol a secar as capas ... mas tinha deixado muita lama no troço em que ladeámos a fábrica da Secil pelo norte. Entre botas e calças ... já não se distinguia muito...
E vinte minutos depois das quatro da tarde estávamos a atravessar a
Ribeira da Comenda.
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Ribeira e Praia da Comenda, à entrada de Setúbal |
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Palácio da Comenda ... ou o que resta dele... |
Construído no início do séc. XX, o
Palácio da Comenda foi projectado pelo Arquitecto Raul Lino, considerado por muitos o mais notável arquitecto português do séc. XX.
O Palácio era propriedade dos Condes D`Arman, amigos pessoais dos Kennedy. Quando do assassinato do presidente dos EUA, a viúva Jacqueline Kennedy ali se recolheu com os filhos, junto dos seus amigos, os condes D`Arman. É lastimável o estado de abandono de tão imponente construção, entretanto delapidada pelo vandalismo destruidor.
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No que resta do belíssimo Palácio da Comenda, ainda ao abrigo de Nossa Senhora da Ajuda |
Igualmente em ruínas encontra-se a
Igreja de Nossa Senhora da Ajuda, entre o Palácio da Comenda e a estrada nacional. E, a partir daí ... faltava o regresso a
Palmela. O Sol punha-se dali a uma hora, mas faltavam-nos ainda cerca de 11 km: subir à pequena cumeada a norte de
Albarquel, descer ao vale do
Viso e
Grelhal, subir perto das antenas da
Serra de Gaiteiros, descer à
Fonte da Pipa, descer à Baixa de Palmela e subir finalmente a velha estrada romana até à base do Castelo. Coisa pouca...
J
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Rumo ao vale do Viso e Grelhal |
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Painéis alusivos à Calçada Romana do Viso, Grelhal |
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Arcas d'Água, encosta sul da Serra de Gaiteiros |
Na encosta sul da
Serra de Gaiteiros, as chamadas
Arcas d'Água faziam parte do
Aqueduto dos Arcos, que abasteceu água a Setúbal durante séculos. Pouco depois das Arcas, por carreiros enlameados, lá fomos subindo a serra ... com o Sol a pôr-se atrás de nós. Pouco depois das seis houve que puxar dos frontais. Passámos ligeiramente a sul das antenas de
Gaiteiros ... e embrenhámo-nos ainda, à luz dos frontais, num belo trilho que nos levou à
Ribeira do Livramento.
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Setúbal, da encosta da Serra de Gaiteiros - luzes acesas, que o dia já estava no fim... |
Cruzando vias com os curiosos nomes de "estrada da lagartixa" e "estrada da cobra", da ribeira do Livramento, junto à Baixa de Palmela, subimos a velha calçada romana de
Palmela ... e às 7 horas e 2 minutos estávamos na base do Parque do
Castelo. Com praticamente 51 km nos pés, percorridos à boa média de 5,2 km/h em andamento ... as muralhas lá estavam a guardar os três bólides que ali deixáramos de manhã ainda noite. Claro que algo cansados ... mas felizes pelo belo dia de convívio entre os quatro e pelo desafio vencido. Venham mais...
J
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