quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Águas e cores de Outono, em Vale de Espinho

Regressado dos "Cumes de Somiedo e Ubiñas" no dia 23 de Outubro ... no dia 27 estava, com a minha arraiana, no nosso retiro de Vale de Espinho. As cores do Outono estavam também no seu esplendor, como constatei logo no próprio dia 27, num pequeno percurso da aldeia até ao Côa.
Vale de Espinho, 27 de Outubro de 2015, 16:35h
Longe estava eu, contudo, de adivinhar que os dias seguintes ... seriam de chuva quase permanente. O único dia em que houve Sol ... foi o dia de Todos os Santos. Assim, mesmo com alguma chuva miudinha e muito nevoeiro ... a tarde de hoje, 5 de Novembro, foi destinada a um percurso de 12 km a norte de Vale de Espinho ... incluindo, claro, as "minhas" Fontes Lares. E depois de tantos dias de tanta chuva ... descobri nestes campos um "mundo" novo, diferente ... não menos belo. A água é a fonte da vida, todas as linhas de água correm cristalinas e turbulentas, alimentando pastos, lameiros, carvalhais ... e muitos, muitos cogumelos, os famosos e deliciosos "tartulhos".

5 de Novembro, 14:00h - A caminho dos "Nheres" ... uma paleta natural
Água, fonte de Vida
A magia no nevoeiro
Belos
tartulhos
A água corre nos campos...
Uma mariola ... made by me...

Ruínas da Casa das Fontes Lares ... onde jazem as minhas botas, velhas, cardadas ... que palmilharam léguas sem fim...
Pouco depois das três da tarde estava nas Fontes Lares. Talvez nunca tivesse estado no meu "santuário" num dia de tanta bruma ... uma bruma mágica e húmida, em que cada gota de água parecia um universo. Lá estavam as minhas velhas botas; as mais velhas, o par de cima, descansam ali há já quase dois anos, certamente contando ao vento e à chuva as aventuras que viveram nos meus pés.

Obrigado, amigas, pelas aventuras vividas...
Fontinha das Fontes Lares: água "divina"...
A entrega ao Barroco "Sagrado"
O Universo numa gota de água...

Há formas fantasmagóricas na bruma...
Há magia neste "mundo" perdido nas brumas...
No lameiro das Fontes Lares ... havia tartulhos gigantes, autênticos pratos suspensos num frágil pé. E havia também campos de "neve": o conjunto de gotículas de água na erva do lameiro parecia saído de um qualquer filme passado na Terra do nunca...

E os tartulhos nascem
como que por milagre...
Não é neve ... são gotas de condensação sobre as plantas
Gerindo as horas de luz que ainda tinha, deixei as "minhas" Fontes Lares. Rumei ao velho caminho do Seixel ... e deparei-me com uma obra que desconhecia, uma terraplanagem que parecia ser a construção de uma estrada. "Estão a arranjar o caminho Vale de Espinho - Soito, ou Vale de Espinho - Aldeia Velha", pensei para os meus botões. Mas ... ingenuidade. Percorrendo poucos metros na suposta "estrada" ... deparei com a gigantesca base para mais uma torre eólica! Já não bastavam as eólicas da Serra do Homem de Pedra, mais acima! Agora também a pobre Serra Madeira e o Seixel vão ter estes "moinhos"!

O caminho do Soito ou de Aldeia Velha arranjado?
Não ... a gigantesca base de uma torre eólica!
Energia limpa? E as toneladas de betão introduzidas no solo, degradando-o? E o corte dos terrenos para a abertura dos estradões? E o afugentar das aves pelo movimento das pás? E o ruído? Energia limpa? Hmm ... esta energia é tão suja como os negócios escuros que muitas vezes estão por trás da concessão de terrenos para este fim. Pobre D. Quixote ... se cá voltasse assustar-se-ia ao ver estes gigantes...! Feitas umas fotos da descoberta ... preferi rumar a leste, rumo ao esplendoroso bosque e à ribeira dos Urejais.



Formas fantasmagóricas, nos Altos Urejais
Estes não devem ser comestíveis...
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Ribeira e caminho dos Urejais ... ou o paraíso construído pela água
Pouco depois das cinco estava na Có Pequena e, com o dia a declinar, às cinco e meia estava de regresso à "minha" Vale de Espinho, com 12 km percorridos em cerca de três horas e meia. O Sol, esse ... parece que vai chegar agora, que vou regressar à grande urbe...

Cruzeiro da Có Pequena
17:30h ... e estou de regresso a Vale de Espinho
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