A minha "família" caminheira Gaspar Correia levou-me ontem à GeoRota da aldeia de
Orvalho, nos confins do interior do distrito de Castelo Branco, concelho de
Oleiros.
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Igreja Matriz de Orvalho |
Encaixadas entre as
Serras de Alvelos e do
Moradal, a sul, e a
Serra do Açor, a norte, próximas do vale do
Zêzere e inseridas no
Geopark Naturtejo da Meseta Meridional, as terras de Orvalho constituem um excelente tónico para uma fuga ao stress. A região é de uma beleza incontornável, por entre afloramentos rochosos excepcionais, o correr das águas das ribeiras e das nascentes de montanha, ao som de melodiosos cantares da passarada. Nas encostas íngremes domina o pinheiro bravo - estamos bem no pinhal interior - e algumas manchas de oliveira, medronheiro e, mais dispersa, a azinheira e o sobreiro.
Por Abrantes e Sertã, chegar a
Orvalho não é fácil. A orografia da região obriga a aumentar substancialmente o tempo de viagem ... e a conter os estômagos mais aziagos às curvas e contracurvas sucessivas. O meu ... já viu melhores dias do que na manhã de ontem, no autocarro; particularmente entre Oleiros e Orvalho ... qualquer movimento mais repentino poderia ter "entornado" a situação...
J
Mas pelas onze e meia da manhã estávamos felizmente a iniciar a actividade pedestre, nas ruas da aldeia que dá o nome à
GeoRota. A própria fisionomia de
Orvalho é bem típica de uma aldeia daquele interior "perdido" nos confins.
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Rumo à Ribeira de Orvalho |
O almoço foi junto à
Ribeira de Água d'Alta, depois de termos cruzado também as ribeiras de
Orvalho e da
Presa. Mas mal sabíamos nós o paraíso que íamos encontrar ao longo da Ribeira de Água d'Alto. O percurso sobe gradualmente o curso desta, por entre vegetação exuberante e ao som das águas cristalinas, até chegarmos à base das cascatas da
Fraga de Água d'Alta.
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Ruínas de velhos moinhos de água,
na Ribeira de Água d'Alta |
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O paraíso ao longo do curso da Ribeira de Água d'Alta |
As cascatas da
Fraga de Água d'Alta são 25 metros de desnível, vencidos por uma sucessão de três véus de água turbulenta e crepitante. Da base, os efeitos da água são maravilhosos, no meio do denso bosque onde corre a ribeira. Subindo o curso, chega-se a um miradouro já perto da estrada, de onde se admira a muralha quartzítica que dele como que emerge.
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Cascatas da Fraga de Água d'Alto: a magia da água e do verde... |
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Subindo as fragas... |
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Muralha quartzítica da Fraga de Água d'Alto Ú
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Contornando a cabeceira da ribeira e o morro da
Senhora da Confiança, rumámos depois ao
Cabeço do Mosqueiro, a noroeste de Orvalho. A subida é íngreme, mas o esforço compensa. À medida que se ganha altitude os horizontes vão-se abrindo. Do miradouro em madeira, aos 590 metros de altitude, debruçamo-nos sobre a aldeia, já com a
Serra da Estrela a norte. Mais cerca de 80 metros de desnível e chegamos ao bem cuidado parque de merendas do
Mosqueiro, no topo do cabeço rochoso, que mais parece um castelo. E aqui ... temos panorâmica 360º em redor! Para norte, abre-se o vale do
Zêzere, serpenteando entre as aldeias de
Janeiro de Baixo e
Janeiro de Cima, com as
Serras da Estrela e do
Açor como pano de fundo; na Estrela, notava-se ainda a neve do último nevão neste quase fim de Maio.
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Subida ao Miradouro do Mosqueiro |
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Orvalho, do Miradouro do Mosqueiro |
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Serra da Estrela à vista |
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Parque de Merendas no |
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Cabeço do Mosqueiro (666m alt.) |
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Um olhar atento ... |
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... sobre o vale do Zêzere, com as aldeias de Janeiro de Baixo e Janeiro de Cima aos nossos pés |
E do cume do
Mosqueiro descemos a Orvalho. A caminhada não foi longa, apenas pouco mais de 10 quilómetros, mas a
GeoRota de Orvalho vale bem a pena ... deixando até o apetite aberto para a exploração de outros percursos, nesta zona "perdida" do pinhal interior. Talvez até, um dia ... a descida pedestre do grande curso do Zêzere...
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