sábado, 13 de abril de 2013

Da barragem do Rio da Mula ao litoral do Guincho

Depois de meses de frio e chuva, eis que surge finalmente um sábado de Sol e até de algum calor! Para este sábado, 13 de Abril, os "meus" Caminheiros Gaspar Correia tinham programada uma caminhada da Serra de Sintra ao Guincho, com início mais concretamente na Barragem do Rio da Mula.
Albufeira do Rio da Mula, 13.04.2013

Cantiga de Amigo

Ai flores, ai flores do verde pino,
se sabedes novas do meu amigo?
Ai Deus, e u é?

Ai flores, ai flores do verde ramo,
se sabedes novas do meu amado?
Ai Deus, e u é?

Se sabedes novas do meu amigo,
aquel que mentiu do que pôs comigo?
Ai Deus, e u é?

Se sabedes novas do meu amado,
aquel que mentiu do que mi á jurado?
Ai Deus, e u é?
                                           D. Dinis
Ao longo do Rio da Mula
Foram pouco mais de 18 quilómetros de belas paisagens. Na parte inicial, contornámos a cabeceira do Rio da Mula, por entre o arvoredo e ao som das águas do ribeiro, cheio de meandros e de recantos de belas surpresas.
As paisagens desta caminhada suscitaram aos organizadores a escolha de alguns poemas e textos de algum modo relacionados com a envolvência dos espaços que nos rodeavam. De Luís de Camões a Eugénio de Andrade, de D. Dinis a Fernando Pessoa e Cesário Verde, diversas paragens ao longo do percurso ditaram  belos momentos de declamação, a enquadrar a contemplação das verdes matas, do mar azul e salgado, das arribas escarpadas do Abano e do Guincho. Sem dúvida uma bela iniciativa!

Vale do Rio da Mula
Rumo a Janes e à Malveira da Serra
"Verdes são os campos, de cor de limão"...
Atravessadas Janes e a Malveira da Serra, o rumo era agora definitivamente o mar, esse mar salgado e absoluto, onde "a luz escorre lisa sobre a água, planície infinita que ninguém habita"...
(de Sophia de Mello Breyner Andresen, "No alto mar")

Praia do Abano
Forte do Guincho, Abano
E no Guincho, no fim desta bela jornada de um sábado de Abril


Este sábado e esta jornada foram sem dúvida alguma um matar de saudades do Sol, que teimosamente tardava a lembrar-se desta Primavera que avança, do Sol que finalmente e "secretamente se deixava acariciar nestes lugares, onde passaram lábios, onde as mãos correram inocentes"...
Eu amei esses lugares
Eu amei esses lugares
onde o sol
secretamente se deixava acariciar.

Onde passaram lábios,
onde as mãos correram inocentes,
o silêncio queima.

Amei como quem rompe a pedra,
ou se perde
na vagarosa floração do ar.
Eugénio de Andrade

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