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E já no interior da Quinta do Senhor da Serra, 09h20
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A
Quinta do Senhor da Serra
estende-se a sul de
Belas, na encosta nascente do
Monte Abraão e
na confluência das ribeiras de Belas e do Jamor. O Senhorio de Belas terá sido
constituído por volta de 1147, fruto da doação por D. Afonso Henriques a
Robert Lacorne, em agradecimento pelos serviços prestados na conquista de
Lisboa. Em 1334 os bens do Senhorio de Belas são adquiridos por Lopo Fernandes
Pacheco, que os lega a seu filho Diogo Lopes Pacheco, implicado no assassinato
de D. Inês de Castro. Quando da morte de D. Afonso IV, em 1357, D. Pedro I, ao
subir ao trono
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Obelisco de José Joaquim de Príncipes Regentes
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Barros Laborão, comemorativo da visita dos D. João e D. Carlota
Joaquina
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confisca a Diogo Pacheco todo este património. A Quinta de Belas passou então
a integrar os bens da Coroa, sofrendo importantes obras de transformação em
Paço Real.
Actualmente propriedade da
Sagrial, empresa que muito gentilmente acedeu ao nosso pedido, antes da hora marcada
lá estava o Sr. Luís Santos à nossa espera no portão do
Pendão. O seu
acompanhamento e simpatia e as suas oportunas e completas explicações foram
uma excelente mais valia para a nossa visita àquela bela e histórica mancha
verde e mesmo para o nosso projecto da Rota dos Palácios.
As intervenções ali feitas nos séculos XIV - XV e XVIII - XIX foram
particularmente interessantes nos jardins, dentro da cerca e na sua
envolvente. Foi então que se terá desenvolvido o conjunto patrimonial actual:
o Paço Real (séc. XIV); os Jardins do Paço (séc. XV - XVIII),
incluindo fontes, tanques, muros e mirante; a Capela (de que só restam
ruínas) e a Via Sacra (1740), celebradas na Romaria do Senhor da Serra,
que se realizava no último dia de Agosto. Os plátanos, teixos e buxos
existentes nos jardins e alamedas, assim como a mata espontânea que reveste a
encosta, constituem igualmente um valioso conjunto patrimonial.
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Ao longo da bela
Quinta do Senhor da Serra, na companhia do Sr. Luís Santos, excelente guardião e cicerone
(Foto: Deonel Pinto)
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A meio da manhã estávamos em
Belas ... e em Belas não podíamos
deixar de "visitar" a Casa dos famosos
Fofos de Belas, ali confeccionados desde 1850. Com os estômagos reforçados por aquela
iguaria, prosseguimos então a jornada, ao longo da
Ribeira de Belas e da frondosa mata da
Fonteireira, que desci com os Caminheiros Gaspar Correia há quase dois anos, em
Janeiro de 2022.
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Ao longo da Mata da
Fonteireira e respectiva Torre de Vigia
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O dia esteve sempre enevoado, embora com nuvens altas, deixando-nos ver a
Serra de Sintra ao longe, por exemplo, da torre de vigia onde
também tinha estado em
Janeiro de 2022. Seguiu-se a
Serra do Casal de Cambra e a passagem da
Ribeira de Carenque, rumo a
Caneças, onde almoçámos no jardim
central, antes de contornarmos a Quinta da
Fonte Santa e o Cabeço
de
Montemor. Todo este percurso tínhamo-lo feito, em sentido contrário,
eu e o meu "mano" Zé Manel, numa manhã de
há seis anos, em que a pé desde a Bobadela ... fomos almoçar à Amadora ...
pelas águas de Caneças.
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Aqueduto junto à Ribeira de Carenque, entre a
Serra do Casal de Cambra e Caneças
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As famosas águas de Caneças,
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vindas da Quinta da Fonte Santa
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Caneças, 13h15, com o morro da Fonte Santa à
esquerda e o Cabeço de Montemor
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Contornando a Fonte Santa. Ao fundo, o
Cabeço de Montachique
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Às 14h estávamos na base norte do Cabeço de Montemor ... e
meia hora depois sobre a CREL
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Descendo a encosta do
Palácio do Correio Mor, antes das três da tarde estávamos a entrar em
Loures, onde fomos
literalmente convidados a entrar na bela
Igreja Matriz.
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Na |
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E afinal ainda há pastores, mesmo às portas da capital ...
Loures, 15h15
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Um pequeno engano dentro de Loures fez-nos deixar a Rua da República um pouco
mais à frente do previsto, obrigando-nos a um acréscimo que nos levou quase a
Frielas, entre os rios de Loures e da Costa, para então sim cruzar o primeiro
e rumar a nordeste, pelos terrenos e esteiros da fértil várzea.
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Várzea de Loures, entre as 15h40 e as 16h10 - a presença
constante da água nos rios, ribeiras, valas, pauis e salinas, legou a
esta área uma riqueza de solos que marcou a economia, tradição e
cultura dos aglomerados ao seu redor e até da capital
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Passavam vinte minutos das quatro da tarde quando entrámos em
Santo Antão do Tojal. Para quem percorreu o
Caminho de Assis
há menos de três meses, completar esta caminhada e ver "
Casa de São Francisco de Assis" ao longo do muro da anteriormente chamada "Casa do Gaiato" ...
transmitiu-me uma sensação de paz, serenidade e, até, de um certo "dever"
cumprido, com alguma emoção à mistura.
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Éramos 5, os heroicos resistentes que percorreram todas as 5 etapas
daquela a que chamámos a
Rota dos Palácios
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Dos 16 que alinharam à partida da Rota, há quase um ano, apenas 5 completámos
todas as 5 etapas: o Zé Manel e a Dina, o António, o Abílio ... e o autor
destas linhas. Alguns dos restantes falharam uma ou outra, outros participaram
em intermédias ... mas os 5 "heróis" tivemos direito a foto especial... 😂
E para celebrar o fechar desta Rota "Palaciana" ... todos tivemos direito a um
lauto lanche nas escadarias do
Chafariz Monumental. Vinhos, água pé, queijos, enchidos, uma fabulosa bola de carnes ... houve
de tudo um pouco naquela confraternização final ... a comemorar também os 136
km percorridos nas 5 etapas, com uma altimetria que superou os três mil metros
acumulados.
Um grande obrigado a todos os que participaram em qualquer das
"etapas palacianas" deste projecto.
A Vida é feita de paixões, convívio,
amizades!
1 comentário:
Boa noite amigo Zé Carlos.
Agradeço mais uma vez a partilha das vossas caminhadas.
A tua apresentação esta muito bem equilibrada entre os textos e a imagens.
Um grande abraço.
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