terça-feira, 6 de abril de 2021

Pelos montes e vales do Gradil (Mafra)

No nosso cantinho no ocidente da Europa, o plano de desconfinamento gradual da pandemia que assolou o mundo determinou que, a partir de ontem, a actividade física ao ar livre volta a ser permitida, em grupos de até 4 pessoas.
Gradil, Igreja de S. Silvestre, 6.Abr.2021, 9h30
Ora ... a necessidade de beber os ares, respirar, mexer os músculos, logo juntou três "viciados" do ar livre para esta terça feira, 6 de Abril. Quis o destino que o fizéssemos no dia ... em que a Mãe do autor desta linhas faria 98 anos ... se esse mesmo destino não a tivesse levado para um "cruzeiro eterno", há seis anos. Em dia de aniversário, esta caminhada de hoje foi-lhe especialmente dedicada; a minha Mãe dizia-me sempre, sobre as minhas "aventuras" na Natureza, que eu fiz sempre o que ela gostaria de ter feito...
A zona escolhida foi a zona do Gradil, vila de Mafra que já foi sede de concelho, entre 1762 e 1835. Próximo da Tapada de Mafra e do CRLI (Centro de Recuperação do Lobo Ibérico), é uma zona densamente arborizada, com algumas linhas de água em vales por entre as numerosas elevações associadas ao complexo vulcânico de Lisboa.
Junto à Ribeira de Pedrulhos, entre o Gradil e Vila Franca do Rosário
Começámos por rumar a sudeste, próximo da Ribeira de Pedrulhos e das ribeiras do Picão e das Chincas, rumo a Vila Franca do Rosário, para logo virarmos a sul e ao Vale da Guarda.
No "meu" velho caminho do Vale da Guarda, por onde tantas vezes entrámos para a Tapada de Mafra, há cerca de 45 anos ... alunos da Faculdade de Ciências de Lisboa
Dediquei esta foto à minha Mãe, que se estivesse entre nós teria feito hoje 98 anos!
Tapada de Mafra guarda memórias dos meus tempos de Faculdade, particularmente em Junho e Julho de 1975, em trabalhos práticos para a cadeira de Ecologia Geral, com o meu saudoso professor Carlos Paixão Magalhães e os colegas da cadeira (incluindo a minha pequena arraiana), instalados na Pousada Real e percorrendo quase toda a Tapada, a pé e de jeep. Mas a Tapada também guarda memórias dos muitos alunos que ali levei, desde que, apenas três anos depois, me tornei também eu professor ... das Ciências da Vida ao ar livre. Umas e outras ... já são memórias quase pré-históricas...

Nas imediações da Tapada de Mafra, pelo caminho do Vale da Guarda
Junto ao portão do Vale da Guarda (onde agora se situa um Shanti Space) rumámos a norte, ao longo do muro da Tapada. Passámos junto ao CRLI (Centro de Recuperação do Lobo Ibérico) e subimos sempre junto ao muro, até à estrada Codeçal - Gradil. Depois de um "banana time" que já tínhamos feito, o almoço foi frente à Serra do Chipre e à bela Quinta da Boa Viagem, que a seguir contornaríamos, sempre com belas panorâmicas sobre o Gradil e os campos, com a Serra do Socorro em pano de fundo, a nordeste. O calor já se fazia sentir.
Cercados dos lobos do CRLI (Centro de Recuperação do Lobo Ibérico)
We believe we can fly ...
Quinta da Boa Viagem, na Serra do Chipre
Panorâmica sobre o Gradil, com a Serra do Socorro ao fundo
E como os Caminhos de Santiago e de Fátima passaram a fazer parte das nossas Vidas ... o Caminho do Mar veio ter connosco, sem que estivéssemos à espera. O Caminho do Mar começa no Estoril e Cascais, seguindo para Fátima por Sintra, Mafra, Torres Vedras, Caldas da Rainha e Alcobaça.
O
Caminho faz parte de nós...
Pelos belos campos e pomares do Monte Gordo, a noroeste do Gradil
Pouco depois das três da tarde estávamos de regresso à Igreja de São Silvestre do Gradil, com 18 km percorridos por estes montes e vales que ladeiam a Tapada de Mafra a norte e nascente. Foi sem dúvida uma bela jornada a respirar ares, cores e cheiros de uma Primavera ... que se espera que o seja também para a nuvem negra que a todos nos assolou os horizontes.

De regresso ao Gradil, por prados multicoloridos
Clique no mapa para ampliar ou aqui para ver no Wikiloc
Gradil, 15h30 ... já merecemos umas "pretas"...
(Clique para ver o álbum completo de fotos)

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