domingo, 14 de julho de 2019

Pelo Monte das Velhas, Monte Frio e Sameiro (Braga)

A Câmara de Braga disponibiliza, através do site We Braga, uma rede de percursos pedestres que os amantes das caminhadas podem seleccionar. "Acampados" em Lamaçães para os dias do Castro Galaico,
Homenagem a Rosalía de Castro, Braga
domingo poderia ser um bom dia para caminhar. E para caminhar ... a solo; a minha estrelita ficou a descansar, as noites do Festival tinham sido longas... 😊
Pelo menos como base do que poderia fazer, escolhi o Trilho do Monte das Velhas, próximo da nossa base em Braga e bem descrito no referido site, que inclusive disponibiliza o ficheiro com o respectivo track. Mas antes, prestei a minha admiração pela imortal Rosalía de Castro, na praceta a que Braga entendeu, e bem, atribuir o seu nome.
Comecei a seguir o track da Câmara na Rua da Igreja de Lamaçães. O trilho do Monte das Velhas constitui uma parte significativa da Serra da Falperra, completando-a a sudeste da capital minhota. A partir da EM588, o trilho desce contudo para Fraião, através de um bonito caminho rural ... no qual contudo surgiu o alegado proprietário, aparentemente admirado de me ver ali e afirmando-me cortesmente que ali era terreno privado!

Descida da EM588 para Fraião ... aparentemente através de terreno privado
Expliquei ao suposto proprietário que estava a seguir um percurso indicado pela Câmara, mostrei-lhe inclusivamente o site, mas o senhor, sempre educadamente, dizia-me que não podia ser, que o percurso não era ali. Mas também me dizia que as Alminhas e a Igreja de Fraião assinaladas no track ... eram quase no sentido contrário ao que na realidade verifiquei estar correcto.
... que são em Fraião
As "Almas de Lamaçães"
Aliás as Alminhas são logo à saída da suposta propriedade privada, num nicho em cuja inscrição se lê: “Almas de Lamaçães”. Ter-me-ia realmente enganado no caminho? Não, estava em Fraião. Uma rápida consulta indicou-me tratar-se de umas Alminhas que ali foram colocadas sem que ninguém saiba de onde vieram. Por isso, em vez de “Almas Desconhecidas”, resolveram escrever “Almas de Lamaçães”.
Ia seguir pelo empedrado que se vê na foto, quando reparei que não era por ali mas sim ... por um caminho completamente encharcado e com vegetação que me dava pela cintura! Mas o Sol estava a abrir ... as calças deveriam secar... 😉
Na "selva" entre as “Almas de Lamaçães” e a Rua do Outeiral, em Fraião
E em Fraião ... estava no Caminho de Santiago! A Igreja de Santiago de Fraião faz parte do Caminho de Torres, na etapa entre Guimarães e Braga. Muito longe daqui, mas ainda há pouco mais de 2 meses eu estava, com a minha "mana" Paula, no Caminho de Torres, entre Trancoso e Lamego. O Caminho chama por nós ... e nós fazemos parte do Caminho!
Igreja de Santiago de Fraião ... no Caminho de Santiago
De Fraião rumo ao Monte das Velhas, ou do Posto Agrário
Em Fraião começava a subida a sério ... para o Monte das Velhas. Uma lenda reza que, naquela encosta da Falperra, em todas as noites de luar era possível encontrar velhas penteando os seus longos cabelos. Não era noite e, portanto, não as vi ... mas vi o trilho desaparecer no meio de denso mato. Tratando-se de um percurso referenciado e divulgado pela Câmara de Braga, o trilho do Monte das Velhas deveria estar mais cuidado. A seguir às “Almas de Lamaçães” tratou-se apenas da vegetação e da água, mas o trilho estava lá; aqui ... o trilho pura e simplesmente não existe, desaparece inclusive pelo meio de uma jovem reflorestação ... com eucaliptos... 😟
Panorâmica do Monte das Velhas sobre Braga ... mas onde o trilho desaparece no meio do mato e de jovens eucaliptos
Embora o trilho tenha reaparecido mais à frente, na incerteza de como estaria e também porque queria voltar ao Sameiro, atravessei a EN309 e subi ao pétreo cume do Monte Frio, orientando-me pela carta e mais ou menos seguindo o Caminho dos Santuários, também disponibilizado pela Câmara.
Um almoço frugal,
a caminho do Monte Frio...
E Braga vai ficando cada vez mais lá em baixo...
O cume do Monte Frio (548m alt.) é um imponente caos granítico ligeiramente a sudoeste do Sameiro, que já se avistava do alto das penedias. Talvez inspirado pelas mariolas construídas há menos de um mês nas "minhas" Fontes Lares ... deixei uma pequena mariola no cume do barroco mais alto ... e dali segui sem dificuldades até ao Santuário do Sameiro, onde ainda na véspera tinha estado com o Henrique Malheiro ... um dos mentores da novel Via Mariana Luso-Galaica.

Caos granítico no cume do Monte Frio (548m alt.) ...
... com vista para o Santuário do Sameiro
Há vida nos montes...
... mas também há abandono
Pouco depois das duas da tarde estava no Sameiro, a 572 metros de altitude, cerca de 400 metros acima do meu ponto de partida. As escadarias do Santuário marcariam o "mergulho" sobre a cidade de Braga, pelo percurso da Via Mariana e com passagem pelo Monte da Consolação, onde nas 3 noites anteriores tínhamos vivido a magia do Castro Galaico. Antes das três e meia estava de regresso.

Santuário do Sameiro (572m alt.) ... e o "mergulho" sobre a cidade de Braga
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