A Câmara de Braga disponibiliza, através do
site We Braga, uma rede de percursos pedestres que os amantes das caminhadas podem seleccionar. "Acampados" em
Lamaçães para os dias do
Castro Galaico,
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Homenagem a Rosalía de Castro, Braga |
domingo poderia ser um bom dia para caminhar. E para caminhar ... a solo; a minha estrelita ficou a descansar, as noites do Festival tinham sido longas...
😊
Pelo menos como base do que poderia fazer, escolhi o
Trilho do Monte das Velhas, próximo da nossa base em Braga e bem descrito no referido
site, que inclusive disponibiliza o ficheiro com o respectivo
track. Mas antes, prestei a minha admiração pela imortal
Rosalía de Castro, na praceta a que Braga entendeu, e bem, atribuir o seu nome.
Comecei a seguir o
track da Câmara na Rua da Igreja de
Lamaçães. O trilho do
Monte das Velhas constitui uma parte significativa da
Serra da Falperra, completando-a a sudeste da capital minhota. A partir da EM588, o trilho desce contudo para
Fraião, através de um bonito caminho rural ... no qual contudo surgiu o alegado proprietário, aparentemente admirado de me ver ali e afirmando-me cortesmente que ali era terreno privado!
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Descida da EM588 para Fraião ... aparentemente através de terreno privado |
Expliquei ao suposto proprietário que estava a seguir um percurso indicado pela Câmara, mostrei-lhe inclusivamente o
site, mas o senhor, sempre educadamente, dizia-me que não podia ser, que o percurso não era ali. Mas também me dizia que as Alminhas e a Igreja de Fraião assinaladas no
track ... eram quase no sentido contrário ao que na realidade verifiquei estar correcto.
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... que são em Fraião |
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As "Almas de Lamaçães" |
Aliás as Alminhas são logo à saída da suposta propriedade privada, num nicho em cuja inscrição se lê: “Almas de Lamaçães”. Ter-me-ia realmente enganado no caminho? Não, estava em
Fraião. Uma rápida consulta indicou-me tratar-se de umas Alminhas que ali foram colocadas sem que ninguém saiba de onde vieram. Por isso, em vez de “Almas Desconhecidas”, resolveram escrever “Almas de Lamaçães”.
Ia seguir pelo empedrado que se vê na foto, quando reparei que não era por ali mas sim ... por um caminho completamente encharcado e com vegetação que me dava pela cintura! Mas o Sol estava a abrir ... as calças deveriam secar...
😉
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Na "selva" entre as “Almas de Lamaçães” e a Rua do Outeiral, em Fraião |
E em
Fraião ... estava no
Caminho de Santiago! A Igreja de Santiago de Fraião faz parte do
Caminho de Torres, na
etapa entre Guimarães e Braga. Muito longe daqui, mas ainda há pouco mais de 2 meses eu estava, com a minha "mana" Paula, no
Caminho de Torres, entre Trancoso e Lamego. O
Caminho chama por nós ... e nós fazemos parte do
Caminho!
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Igreja de Santiago de Fraião ... no Caminho de Santiago |
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De Fraião rumo ao Monte das Velhas, ou do Posto Agrário |
Em
Fraião começava a subida a sério ... para o
Monte das Velhas. Uma lenda reza que, naquela encosta da
Falperra, em todas as noites de luar era possível encontrar velhas penteando os seus longos cabelos. Não era noite e, portanto, não as vi ... mas vi o trilho desaparecer no meio de denso mato. Tratando-se de um percurso referenciado e divulgado pela Câmara de Braga, o trilho do
Monte das Velhas deveria estar mais cuidado. A seguir às “Almas de Lamaçães” tratou-se apenas da vegetação e da água, mas o trilho estava lá; aqui ... o trilho pura e simplesmente não existe, desaparece inclusive pelo meio de uma jovem reflorestação ... com eucaliptos...
😟
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Panorâmica do Monte das Velhas sobre Braga ... mas onde o trilho desaparece no meio do mato e de jovens eucaliptos |
Embora o trilho tenha reaparecido mais à frente, na incerteza de como estaria e também porque queria voltar ao Sameiro, atravessei a EN309 e subi ao pétreo cume do
Monte Frio, orientando-me pela carta e mais ou menos seguindo o
Caminho dos Santuários, também disponibilizado pela Câmara.
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Um almoço frugal,
a caminho do Monte Frio... |
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E Braga vai ficando cada vez mais lá em baixo... |
O cume do
Monte Frio (548m alt.) é um imponente caos granítico ligeiramente a sudoeste do
Sameiro, que já se avistava do alto das penedias. Talvez inspirado pelas mariolas construídas há menos de um mês nas "minhas" Fontes Lares ... deixei uma pequena mariola no cume do barroco mais alto ... e dali segui sem dificuldades até ao
Santuário do Sameiro, onde ainda na véspera tinha estado com o Henrique Malheiro ... um dos mentores da novel
Via Mariana Luso-Galaica.
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Caos granítico no cume do Monte Frio (548m alt.) ... |
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... com vista para o Santuário do Sameiro |
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Há vida nos montes... |
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... mas também há abandono |
Pouco depois das duas da tarde estava no
Sameiro, a 572 metros de altitude, cerca de 400 metros acima do meu ponto de partida. As escadarias do Santuário marcariam o "mergulho" sobre a cidade de
Braga, pelo percurso da
Via Mariana e com passagem pelo
Monte da Consolação, onde nas 3 noites anteriores tínhamos vivido a magia do
Castro Galaico. Antes das três e meia estava de regresso.
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Santuário do Sameiro (572m alt.) ... e o "mergulho" sobre a cidade de Braga |
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