domingo, 5 de agosto de 2018

Nos Capelinhos ... e da Caldeira à Horta...

ou alguns encantos da ilha do Faial

Continuando a digressão pelos Açores, o "grupo dos quatro" passou de S. Jorge para o Faial. Chegados 5ª feira, logo nesse dia admirámos a bela cidade da Horta a partir da ponta da Espalamaca e do Miradouro da Conceição, perto do qual aliás nos alojámos, numa Casa de turismo local altamente recomendável. Trata-se da "Family House", com uma vista fantástica sobre a Baía da Horta. Construída em 1927 por Jaime Ferreira da Gama, avô de Jaime Gama, ex-Presidente da Assembleia da República, foi adquirida em 1950 pelos avós dos actuais proprietários e restaurada em 2006.

Marina da Horta, com o Pico ao fundo, 2.08.2018
A "nossa" casa no Faial: "The Family House",
debruçada sobre a baía da Horta
Um encontro na Horta: com o meu pai e amigos
Na Horta, as casualidades do destino tinham ditado que nos encontrássemos com o meu pai, que com os seus 93 anos tinha igualmente vindo à ilha do Faial com amigos ligados à Sociedade Histórica da Independência de Portugal.
Neste périplo açoriano a quatro, tínhamos reservado dois dias inteiros para o Faial. Conforme a meteorologia, agendaríamos um para a zona dos Capelinhos e outro para a Caldeira. E assim foi, por essa ordem ... com a bênção dos deuses, como habitualmente ... e ouvindo todos os dias as notícias sobre o calor abrasador que se abateu sobre o Continente.

A baía da Horta vista do Miradouro da Conceição, 2.08.2018, 17h20
Praia do Almoxarife, com o Pico ao fundo
Baía e Praia de Porto Pim, vista do Monte da Guia
Deambulando no Vulcão dos Capelinhos
6ª feira, 3 de Agosto
6ª feira começámos por subir à Caldeira, mas os deuses disseram-nos que no dia seguinte estaria menos enevoado. Saímos de lá debaixo de uma chuva miudinha e rumámos aos Capelinhos ... e a chuva transformou-se em Sol 😊
Quase 61 anos depois, a ponta dos Capelinhos continua a evidenciar os efeitos das erupções de 1957. Entrámos pela costa norte, passando pela Fajã do Norte e Norte Pequeno. Deixando o carro na base do Cabeço do Canto, fizemos o pequeno percurso a pé a caminho do Farol ... com o autor destas linhas a desviar-se em direcção às falésias de cinzas vulcânicas, frente à ilha que nasceu com a erupção e se acabou por unir à restante ilha do Faial.

Ponta e "ilha" dos Capelinhos, 3.08.2018
Quando aqui estive com alunos, em 1996 e em 2000, o acesso à zona do vulcão propriamente dito era livre. Agora não, só com autorização do Parque Natural do Faial e acompanhado por guia. Se por um lado compreendo e concordo com o controlo do número de visitantes e com a necessidade de autorização, por outro lado não se compreende a obrigatoriedade de um guia, inclusive em contradição com o regulamento de acesso ao Pico, que pode ser feito autonomamente, como foi o meu caso.

Um merecido almoço, no Restaurante
"Bela Vista", no Capelo
Depois de um saboroso almoço com uma "Bela Vista" sobre a costa sul, regressámos à Horta. À nossa espera estava o célebre Peter Café Sport, ponto obrigatório na ilha do Faial ... e que proporcionou um encontro algo musical ... mediado por quem não estava no Faial (o meu filho João Carlos) 😊

No Peter Café Sport ... e um encontro inter-geracional com Carlos Alberto Moniz
Na fabulosa Caldeira do Faial ... e da Caldeira à "Family House", na Horta
Sábado, 4 de Agosto
Sábado foi dedicado basicamente à Caldeira do Faial, verdadeiro ex-libris da ilha. Trata-se de uma enorme cratera de um vulcão extinto que esteve na origem da ilha, com cerca de 2 km de diâmetro, 400 metros de profundidade e cerca de 7,5 quilómetros de perímetro. O interior da caldeira é um reduto da floresta laurissilva que revestia a ilha no período anterior ao povoamento. Constitui uma impressionante marca na paisagem, composta por uma imensa cova coberta de verde, com uma pequena lagoa no fundo, que se entrevê no meio do nevoeiro quase sempre presente.
Quatro intrépidos exploradores, à descoberta da fabulosa Caldeira do Faial, 4.08.2018, 10h40
Havendo dois potenciais condutores na equipa dos 4 e só havendo um candidato a uma "aventura" um pouco mais arrojada ... pouco depois desta última foto acelerei o passo... 😉. A ideia era - e foi - a volta quase completa à Caldeira ... seguida da descida para a Horta, por trilhos previamente estudados na carta. Os citados nevoeiros quase sempre permanentes ... descobriram por largos períodos aquela fabulosa paisagem, que se vai modificando a cada novo ângulo. Não me arrependi da opção tomada, em vez da eventual descida ao interior da caldeira, que igualmente obedece a regulamento próprio (no que concordo) ... mas apenas com guia (no que discordo...).

Éramos 4 ... mas rapidamente passámos a 1 só... :)
As panorâmicas para as encostas exteriores à Caldeira são igualmente fabulosas
Dêem-me asas ... I believe I can fly...
Circundar a Caldeira do Faial é uma sucessão de imagens de sonho, como se estivéssemos num outro planeta
Quinze minutos depois do meio dia, iniciei a descida, em direcção às ribeiras da Lomba e das Águas Claras e pelo caminho florestal da Serra da Feteira. As panorâmicas para a costa sul iam surgindo, com a baía de Porto Pim ao fundo e o Pico sempre envergonhado, descobrindo de vez em quando o Piquinho a sobressair das nuvens. O almoço, ligeiro ... foi com essa bela panorâmica.

Vacas Felizes e mar ...
dois elementos sempre presentes
Ao longo da descida da Caldeira, rumo à costa nascente e com o Pico em pano de fundo
Pelos Flamengos e S. Lourenço rumei à zona da Conceição, onde se localiza a "nossa" Casa. Pouco depois das três, chegava à "Family House", onde os meus três "assistentes" me aguardavam.

Com 19,3 km nos pés, às três
da tarde estava em casa!
Ao fim da tarde, tínhamos ainda uma "missão" na Horta: descobrir o símbolo dos Caminheiros Gaspar Correia, no meio das centenas de desenhos pintados por "aventureiros" das terras e dos mares na Marina da cidade. Não foi um desafio fácil ... mas conseguimos! Pintado há 12 anos no meio de muitos, perdida a vivacidade da juventude ... mas lá estava ele! E que satisfação nos deu encontrá-lo!

Símbolo dos
Caminheiros Gaspar Correia na Marina da
Horta
Hoje, domingo ... era o dia de deixar o Faial ... e de passarmos de 4 a mais de 50! Os Caminheiros Gaspar Correia voaram de Lisboa para a Terceira ... e nós fomos ao encontro deles. A partir de amanhã o périplo açoriano continua ... partindo à descoberta da Terceira, Flores e Corvo.

Aeroporto do Faial, 5.Agosto.2018, 19h05 - Mais de uma hora e meia depois da hora ... lá iríamos para a Terceira
Ver o álbum completo
Adeus Pico
25 minutos depois de sair do Faial estávamos na Terceira ... onde os "gasparitos" nos aguardavam! Amanhã ... continua a "aventura"...

2 comentários:

Jorge Almada Macedo disse...

José Carlos, a tua crónica (quase) que nos faz estar lá, nos locais e caminhos que percorreste e de leitura fácil e obrigatória para quem visita os Açores. Obrigado por terem desfrutado destas nossas (e vossas) fantásticas ilhas. O vosso "Spirit" é a garantia de que as ilhas açorianas são para desfrutar, ... ainda mais do que para "visitar". Anfitriões da Family House. Teresa e Jorge

Jorge Almada Macedo disse...

José Carlos, mais do que um diário de viagem ... um experiência açoriana! Saudações
Jorge Macedo