Menos de duas semanas depois do Solstício de Verão - a noite mais curta do ano - e em noite de lua cheia, o chamamento do meu "irmão" AJ levou-nos, a mim e à minha pequena grande companheira, a uma "aventura" semi-nocturna com outros 11 "aventureiros", na mágica e mística península do Cabo Espichel.
Casais da Azóia, Sesimbra, 03.07.2015, 18:40h: próximo da Mina da Azóia
A ideia era ir assistir ao espectáculo do pôr do Sol e ao nascer da Lua, pelo que pelas seis e meia da tarde estávamos a começar nos Casais da Azóia, junto à Mina de água que motivou a construção do Aqueduto do Cabo Espichel, nos finais do sec. XVIII. O aqueduto levava a água da Azóia para o Santuário de Nossa Senhora do Cabo. A primeira parte do nosso percurso foi precisamente ao longo do aqueduto, ora ao lado, ora por cima ... ou mesmo dentro dele, durante cerca de 700 metros!
Num dia de excelente visibilidade, acompanhamos o Aqueduto do Espichel ...
... por cima do Aqueduto ...
... por dentro do Aqueduto ...
(Foto: José Baleiras)
... e ao lado do Aqueduto
Em pouco mais de uma hora chegávamos ao Cabo Espichel, deixando o Aqueduto na chamada "Casa da Água", construída em 1770 por iniciativa de D. José, que nesse ano também ali se deslocou em romaria a Nossa Senhora do Cabo Espichel, ou Santa Maria da Pedra da Mua.
Chegamos à "Casa da Água"
(Foto da direita: Ricardo Manuel Martins)
"Promontório Barbárico"
«No mar Oceano, para a parte do meio dia a sul da Corte, e Cidade de Lisboa, mete a terra hua ponta, ou despenhada rocha, a que os navegantes chamam o "Cabo de Espichel", e os antigos chamaram Promontório Barbárico (...) Neste sítio (...) é tradição constante que aparecera a imagem de nossa Senhora que por ser vista naquela rocha, a que chamão Cabo, a denominàrão com este título. (...) Por esta causa vão todos os anos com o seu sirio a solemnizar a sua festa em o primeiro Domingo de Junho (…)»
(Frei Agostinho de Santa Maria, "Santuário Mariano")
Do farol dirigimo-nos para o "focinho" do Espichel, lá bem onde a terra entra pelo mar dentro ... e que foi o local eleito para o prometido pic-nic, com o farnel levado por todos, para partilhar. E que farnel...!
Não ... não é Finisterra ... é o "focinho" do Espichel e a antiga "Casa da Ronca"
E próximo da "Casa da Ronca" ... chegou a hora da janta ...
... enquanto o Sol descia sobre o mar...
“Já durante a dominação romana (...) se formou a lenda de que os deuses se reuniam ali, em concílio, todas as noites. A ele concorria Neptuno com os seus filhos, os Tritões. O local das assembleias era uma gruta, que, quando o mar embravecido a invade com fúria, emite roncos tão horrendamente sonoros que os antigos a conheciam pela "Ronca" e os hodiernos pela "Bifa"”. (Rumina, J. Preto, "Estudos Históricos e Outros Escritos")
Ali, naquele Promontorium barbaricum, para uns, ou Promontorium sacrum, para outros ... louvámos o Sol através de um momento de poesia, lida à vez pelos "adoradores" da Vida que ali nos reunimos ... enquanto o astro rei mergulhava no Oceano, num esplendor de cor, luz, vento ... amizade, partilha!
Virámos declamadores...
(Foto da esquerda: Ricardo Manuel Martins)
... enquanto o Sol mergulha no Oceano, numa autêntica "Balada da Estrada do Sol" (Última foto: Ricardo Manuel Martins)
(Slide show com fotos de António Araújo Silva)
21h:20m ... tínhamos menos de uma hora para mudarmos do "focinho" do Cabo para o anfiteatro natural sobre a Chã dos Navegantes, onde íamos assistir a outro espectáculo imperdível: o nascer da Lua, a sudeste. E, claro, começava a parte nocturna da caminhada, deixando para trás as últimas cores do Sol poente, mas também o brilho mágico de Vénus e Júpiter, que durante cerca de um mês têm viajado a par no firmamento, numa conjunção propícia ao sonho ... e ao Amor!
21:23h - O Sol já se pôs ... agora vamos a caminho da Lua ...
... com Vénus e Júpiter no poente!
E às 22h:10m, com o mar aos nossos pés e as luzes de Sines ao fundo, vimos uma esplendorosa Lua vermelha levantar-se sobre a Costa da Galé, reflectindo a faixa da luz solar pouco dispersa pela atmosfera terrestre, enquanto que a luz na extremidade azul do espectro é mais facilmente espalhada.
22:05h - Sobre a Chã dos Navegantes ... vemos a Lua nascer, lá para os lados de Melides
22:22h - Selene, irmã de Hélio, o deus do Sol,
levantava-se agora imponente no céu, quase cheia!
Pelas dez e meia da noite, iluminados por um fantástico luar de prata, iniciámos a descida para o Forte da Baralha, onde fizemos um último brinde às energias que nos fazem embarcar a todos nesta sede de viver, nesta amizade partilhada, nestas "aventuras" ... por fragas e pragas... J
Forte da Baralha, 23:30h - Um brinde à Lua, mas
E o luar de prata lá ficou, a
também à Amizade, ao Amor ... a nós ... à Felicidade!
iluminar a noite dos poetas...
Era meia noite e meia hora quando regressámos à Azóia e aos carros. As horas vividas, a noite ... tinham passado rápidas...
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