No final de outubro do ano negro de 2020 avancei
  
duas etapas da GR45, a
  
Grande Rota do Côa. Tinha-a iniciado 10 anos antes ... muito antes de existir uma GR45 (ou
  GRVC) homologada, tendo embora colaborado com a
  
Associação Transumância e Natureza, em 2013, no
  
    
      
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        | Próximo de Pinhel, 2.Nov.2022, 07h40 O Duster ficou
          aqui a descansar dois dias 😄
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  reconhecimento
  que levou à marcação daquela grande rota no meu concelho adoptivo. Há dois
  anos, tinha deixado o percurso próximo de 
Pinhel ... e claro que ficou
  sempre a fermentar a ideia de completar a minha
  
descida pedestre do Côa
  até à foz. E assim ... "abandonei" a minha estrelita em Vale de Espinho e
  parti, a solo, para mais duas etapas ao longo do rio que brota do ventre das
  Mesas ... e "abandonei" o carro no ponto exacto onde terminei há dois anos,
  entre Pinhel e a 
Ribeira das Cabras ... com um papel no tablier a
  dizer que não estava abandonado... 😂
  Um nevoeiro húmido perdurou grande parte da manhã. Como previa ... não vi
  viv'alma durante horas, até à aldeia do 
Azêvo, já perto do meio dia.
  Era só eu, os campos e as profundezas do 
Côa. E ao contrário de há dois
  anos, 
entre Porto de Ovelha e Pinhel, desta vez comecei logo de início a ficar agradavelmente surpreendido com o
  estado dos trilhos e com as marcações; as marcas branca e vermelha são
  frequentes, nos locais necessários, e muitas até de pintura nitidamente
  recente.
  
  
    
      
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        | Ponte sobre a Ribeira das Cabras, ainda próximo de Pinhel ... e
          um portal para esta "aventura" a solo | 
    
  
  
  
    
      
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        | Apesar das chuvas, o Côa leva muito pouca água, na zona do
          canyon de Monforte e na Ponte da Excomungada | 
    
  
  
  
  
    
      
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        | Pedaços de paraíso, no troço da GR entre a Ponte da
          Excomungada e a Quinta da Chinchela | 
    
  
  Este foi um dos troços mais bonitos da primeira destas duas etapas. Cerca de
  1,5 km à beira 
Côa, pelo meio de vegetação luxuriante ... até dar de
  caras com uma cerca de gado, antes da foz da Ribeira da Quinta Nova. Depois,
  mais a noroeste, a foz da Ribeira das Cabras marcou o afastamento provisório
  do 
Côa, subindo o ondulado das encostas que conduzem à aldeia de
  
Azêvo.
 
  
    
      
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        | Quinta da Chinchela, junto à foz da Ribeira da | 
    
  
  
    
      
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        | Quinta Nova ... bem povoada de gado 😊 | 
    
  
  
    
      
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        | O Côa junto à foz | 
    
  
  
    
      
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        | da Ribeira das Cabras | 
    
  
  
    
      
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        | O vale do Côa ficou provisoriamente para trás, subindo
          agora as encostas da margem esquerda, rumo à aldeia de Azêvo | 
    
  
  Estranhamente, o traçado da Grande Rota contorna o 
Azêvo, não sei se
  para evitar o desnível. Mas a subida, curta, à 
Aldeia Velha de
  Azêvo,   merece bem a pena. Desabitada e abandonada, a aldeia é um
  local fantasmagórico, de ruínas rodeadas de muros toscos e ruas onde cresce a
  erva e o mato. Quantas vidas por ali terão passado ... quantas memórias haverá
  ali perdidas...
 
  
  
    
      
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        | Aldeia velha de Azêvo ... uma aldeia fantasma | 
    
  
  
    
      
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        | ... uma aldeia de memórias perdidas... | 
    
  
  
  
    
      
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        | Desço da aldeia velha e, já na base do morro, esta Cruz parece
          abençoar a aldeia de Azêvo ... a nova! | 
    
  
  Na nova aldeia, uma simpática anciã estava à porta. A expressão dela, ao
  ver-me, indiciava a necessidade de falar. "
Estou à espera que passem do Centro de Dia, para me darem o almoço", disse-me ... "
então e o que anda a fazer?". Lá lhe disse que estava
  a fazer a Grande Rota do Côa ... mas tanto isso como a minha pergunta se ainda
  tinha vivido na aldeia velha caiu na surdez da simpática senhora ... e eu lá
  continuei o caminho para norte, rumo a 
Cidadelhe.
 
  
    
      
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        | Igreja de Nossa Senhora da Purificação, Azêvo (aldeia
          nova), 12h00 | 
    
  
  
  
  
  
    
      
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        | E chego a Cidadelhe às 14h00, 2.Nov.2022 | 
    
  
  Ao estudar a logística destas duas etapas da GR45,
  
Cidadelhe pareceu-me o local indicado para pernoitar, tanto mais
  que já conhecia o complexo
  
Cidadelhe Rupestre Turismo Rural;
  
  há 7 anos, numa actividade centrada na
  
Serra da Marofa, fiquei ali com os restantes companheiros dessa "aventura". Agora, quando
  telefonei a reservar o alojamento, não pensava chegar tão cedo ... pelo que ao
  longo da manhã tentei ligar várias vezes ... sempre infrutiferamente; já aliás
  para fazer a reserva tinham sido necessárias 3 ou 4 tentativas. Quando
  finalmente alguém me atendeu, estava praticamente a entrar em Cidadelhe ... e
  só então fui informado de que não havia ninguém no alojamento;
  
    
      
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        | Igreja de Santo Amaro, Cidadelhe, 14h30 ... enquanto espero | 
    
  
  "
a minha mãe vai já para aí, daqui a meia hora está aí " ... mas esperei quase uma hora! Um horário de 
check-in é normal
  e aceitável ... o que não é aceitável é esse horário não estar no
  
site nem me terem informado ... e menos aceitável é ainda não
  atenderem sucessivas vezes o único telefone divulgado. O único não ... há um
  outro (fixo) ... que não funciona, responde a gravação referindo não estar
  atribuído. É certo que eu tinha dito, quando reservei, que chegaria mais tarde
  ... mas por isso mesmo tentei telefonar 4 vezes durante a manhã. Mas a estória
  ainda não ficaria por aqui...
 
  
  
    
      
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        | Panorâmica de Cidadelhe para nordeste e as simpáticas casinhas
          de pedra da Cidadelhe Rupestre
          ... enquanto espero... | 
    
  
  
    
      
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        | A casinha que me foi atribuída. Bem precisava de amparo... 😂 | 
    
  
  Quando finalmente chegou a minha anfitriã, justificou-se com o horário de
  
check-in, que é a partir das três ... e de nada serviu referir que essa
  informação ninguém ma deu nem está em lado nenhum; e os telefonemas não
  atendidos ... "
pois, a minha nora esteve numa formação". Apesar de
  tudo, nessa altura a conversa estava a ser relativamente cordial, pelo que, em
  tom de brincadeira, sugeri que, face aos telefonemas não atendidos e à espera,
  deveria ter direito a um desconto; ouvi como resposta que "
a minha nora já lhe aplicou o desconto" ... mas o preço com o suposto desconto foi exactamente o que me haviam
  informado quando da reserva. "
O preço normal seriam '
xx'
    euros", disse-me a senhora ... sendo que esse 'xx' era superior ao preço divulgado
  em vários 
sites, nomeadamente no
  
Booking! Perante a minha observação, a única "gentileza" da senhora foi que não
  querem ninguém insatisfeito ... pelo que se quisesse poderia ir-me embora!
 
  
    
      
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        | E a tarde declina em Cidadelhe, onde fiquei excelentemente
          alojado ... mas com nota '0' para a hospitalidade, cortesia e simpatia
          da Cidadelhe Rupestre. Que lição de saber cativar precisam de tantas e tantas outras
          unidades de Turismo Rural! | 
    
  
  Em clara contradição com a falta de cortesia no alojamento ... esperava-me um
  jantar caseiro, num espaço acolhedor e servido com muita simpatia e, diria
  até, muito carinho. Curiosamente, o contacto da Dª Mila, que confecciona
  refeições a pedido, tinha-me sido dado quando da reserva de alojamento.
 
  
    
      
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        | Em ambiente rústico e familiar, o jantar da Dª Mila (913472486), para
          além da qualidade e quantidade, foi uma lição de simplicidade,
          hospitalidade e simpatia. Bem haja, Dª Mila ... e Vitória, a filha e
          ajudante 😍 💖 "Nunca deixes de brilhar" 💖 / 💖 "Colecciona momentos ... não coisas!" 💖
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  Para além do jantar, pela Dª Mila fiquei a saber que Cidadelhe e aquele seu
  espaço foram palco das filmagens de "
Fátima", do italiano Marco Pontecorvo, com Sonia Braga, Joaquim de Almeida e Lúcia
  Moniz, entre outros. E de barriga e alma cheias, recolhi à minha "Casa do
  Amparo".
 
  
  
    
      
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        | 03.11.2022 - Deixo Cidadelhe antes das | 
    
  
  
    
      
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        | 7h, de regresso ao vale do Côa | 
    
  
  
  
  
    
      
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        | Por um trilho fabuloso, uma hora depois estou na ponte da estrada para
          Figueira de Castelo Rodrigo | 
    
  
  Cruzado o 
Côa, a GR45 atravessa a
  
Reserva da Faia Brava, a primeira área protegida privada portuguesa, que abrange uma vasta área envolvente
  das arribas do Côa, entre Cidadelhe, Vale de Afonsinho e Algodres. Logo à
  entrada, um pequeno desvio da GR leva ao miradouro sobre as arribas, onde as
  vistas se deleitam sobre o "Rio Sagrado", no seu curso apertado em direcção ao
  Douro.
 
  
  
  
  
  
  
  
  
    
      
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        | Travessia da Reserva da
          Faia Brava, a primeira área protegida privada portuguesa, nas arribas do
          Côa | 
    
  
  Às dez e meia da manhã estava a pouco mais de 1 km de 
Algodres. Quando
  desenhei estes dois dias, o objectivo era que esta segunda etapa fosse de
  Cidadelhe a Castelo Melhor, deixando para outra altura a derradeira etapa até
  à foz do 
Côa. Contudo ... foi começando a surgir no pensamento a
  hipótese de poder terminar a GR, tanto mais que a meteorologia estava bem
  melhor do que a previsão.
 
  
  
  
    
      
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        | A caminho de Almendra, entre as 10h15 e as 11h00 ... e já se
          viam as serranias durienses... | 
    
  
  
  
    
      
        |   | 
      
        | Almendra, 11h40 - Igreja da Misericórdia e Pelourinho | 
    
  
  Não cheguei portanto a ir a Algodres, não é passagem "obrigatória" da GR45. E
  assim ... sem o ter planeado ... ao sabor do improviso ... foi-se delineando a
  ideia de completar a 
Grande Rota do Côa. O importante ... é Viver,
  gerir e saborear cada segundo. 
Castelo Melhor estava à vista!...
 
  
  
    
      
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        | Ia começar um banho de vinhedos com as cores outonais. Orgal, a
          última povoação atravessada, 13h50 | 
    
  
  
  
    
      
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        | E a seguir a Orgal ... à minha direita surge o
          Douro, imponente! | 
    
  
  A seguir a 
Orgal, a GR45 atravessa a cumeada das 
Tulhas, uma
  autêntica península entre o 
Côa e o 
Douro. A
  parte final, através dos vinhedos ... foi literalmente Viver um Sonho! Lá em
  baixo, já via o destino, a 
Foz do Côa, e a ponte da antiga linha
  ferroviária ... onde também terminei, com o meu "Mano velho" Mousinho, a
  grande rota
  
de Fregeneda à Foz do Côa
  ... já lá vão 10 anos!
 
  
  
  
    
      
        |   | 
      
        | A fabulosa descida para a foz do Côa, através dos vinhedos da
          margem direita do Côa e do Douro | 
    
  
  
  
  
    
      
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        | Antigo apeadeiro do Côa, junto à foz ... abandonado e
          esquecido | 
    
  
  
  A minha "missão" estava terminada. A
  
GR45 termina no
  
Museu do Côa, mas para mim o que conta é a foz, a "romagem" que iniciei há 12 anos na
  
Serra das Mesas, na nascente do 
Côa. Do Museu descem agora até à
  foz uns longos passadiços tão na moda ... mas eu não me guio por modas.
  Guio-me mais pelos acasos do destino: os velhos bastões que costumo usar nas
  terras raianas, há muito radicados em Vale de Espinho ... abriram nos últimos
  km desta jornada. E portanto ... que melhor local poderia escolher para lhes
  fazer o "funeral"? Ficaram junto à ponte ferroviária ... e poderão portanto
  contar aos caminheiros que virem passar ... que também eles desceram da
  nascente até à foz do 
Côa...💖
 
  E quando tudo parecia terminado ... ainda tive de subir os mais de 3 km da foz
  do Côa a Foz Côa ... enquanto esperava pelo taxista que me "pescou" de
  regresso a Pinhel. O Duster lá estava no mesmo local onde
  "dormiu"; ele sabia que eu voltava ... bem como a minha donzela. Eram seis da
  tarde (já noite) estava na nossa Vale de Espinho😍
  
  
    
      
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