sábado, 19 de janeiro de 2019

Trilhos do Nabão, do Sobreirinho a Tomar

Quando em Setembro passado fiz o troço entre Tomar e Ansião do Caminho Central Português de Santiago,
Regressei ao Caminho de Santiago ...
19.Janeiro.2019
o troço ribeirinho do Nabão fez-me nascer a ideia de levar ali os "meus" Caminheiros Gaspar Correia. Lancei-lhes a proposta ... e a caminhada foi seleccionada para estrear as actividades do Grupo no ano de 2019. Com eles, a ideia seria descer o Nabão (portanto em sentido contrário ao de Santiago), mas precisaria de escolher um ponto emblemático para o início da descida pedestre, bem como também fugir o mais possível ao alcatrão. Com esse objectivo em vista e baseado em trilhos percorridos com os Novos Trilhos há 3 anos, no passado dia 21 de Dezembro fui reconhecer um troço ao longo do rio, a noroeste do Caminho de Santiago ... e encantei-me com o sítio do Sobreirinho, onde já estivera precisamente com os Novos Trilhos. O ​Sobreirinho é um dos locais mais aprazíveis das margens do Nabão; no verão, é o local por excelência para uns mergulhos. Uma estreita ponte - apenas para viaturas ligeiras e peões - une as margens da que hoje é a União de Freguesias de Além da Ribeira e Pedreira.
E pronto, assim nasceu a primeira caminhada do GCGC em 2019. Agendada para um sábado em que havia previsão de muita chuva ... os deuses com quem habitualmente tenho pacto enviaram-nos apenas uns pequenos borrifos intermitentes. E pouco depois das dez da manhã lá estávamos no Sobreirinho, a iniciar a descida pedestre do Nabão, até Tomar.
Sítio do Sobreirinho, nas margens do Nabão, 21.Dezembro.2018, no reconhecimento para a caminhada
Troço inicial do percurso, entre o Sobreirinho e a aldeia de Pedreira
Apesar do dia cinzento, a humidade emprestava ao rio e à vegetação envolvente um ar de misticismo que tornava o ambiente quase mágico. E com pouco mais de uma hora de andamento estávamos na aldeia de Pedreira, junto à antiga Fábrica de papel do Prado. Cruzando o Nabão, regressámos à margem esquerda ... e entrámos no ​Caminho de Santiago. Desde a Igreja de Santiago, em Lisboa, para a maioria dos Peregrinos este troço integra-se na 7ª etapa, entre Tomar e Alvaiázere. Nas nossas costas começaram a ficar, de vez em quando ... as tradicionais setas amarelas do Caminho.

Por cantos e recantos paradisíacos ... entramos no Caminho de Santiago
O almoço ... foi debaixo do viaduto do IC9. Pelo menos ali cabíamos todos e não chovia. E logo a seguir estávamos na Ponte de Peniche, sobre a ribeira do Tripeiro. A ​Ponte de Peniche é uma ponte medieval de dois arcos em ogiva, encimada por guardas laterais constituídas por pedras de calcário fincadas ao alto. Fazia parte da estrada Tomar - Coimbra, que deve ter existido no século XVI.

Ponte de Peniche ... no Caminho de Santiago
Continuando para sul, pouco depois das 13h30 chegávamos a outro dos locais mais aprazíveis dos trilhos nabantinos, o Açude da Pedra, ou ​Açude da Fábrica, construído há mais de 200 anos, com o objectivo de canalizar a água do Nabão para uma vala, em direcção à fábrica de fiação de Tomar. Ali existia também uma pequena central hidroeléctrica, para fornecimento de energia à unidade fabril. É pena o estado de degradação do que resta destas estruturas que ali em tempos existiram.

Açude da Pedra, ou da Fábrica, no Outeiro dos Frades
Com cerca de 9 km percorridos, entramos em Tomar pela "​Real Fábrica de Fiação, criada em 1789 por dois industriais franceses, a partir de uma unidade fabril preexistente, que cedo souberam adaptar às inovações da revolução industrial. Foi o primeiro espaço fabril português a introduzir a iluminação eléctrica, obtida através da central do ​Outeiro dos Frades, através da referida vala proveniente da central hidroeléctrica. A Fábrica de Fiação de Tomar chegou a ser considerada a maior unidade têxtil de Portugal e só deixou de laborar em 1993, esmagada pela concorrência têxtil estrangeira.

Entre o Nabão e a vala da
antiga Fábrica de Fiação
Duas e meia e estamos junto ao Parque de Campismo. Cruzamos uma última vez o Nabão pelo parque do Mouchão, ilha que é uma das zonas mais aprazíveis da cidade que durante muito tempo foi identificada como sendo a cidade romana de​ Nabância.
Tomar e o Nabão ... elementos de uma paisagem marcada pela Natureza e pelo Tempo
Do Mouchão subimos à Ermida de Nossa Senhora da Conceição e ao Castelo e Convento de Cristo ... onde foi obrigatória a foto de grupo. Depois ... restava a descida ao centro histórico de Tomar, onde se destaca a ​Praça da República, com a​ Igreja de S. João Baptista frente aos ​Paços do Concelho e a estátua do Mestre Templário e fundador da cidade, D. Gualdim Paes, no centro.

A foto de grupo tinha de ser ... no
Castelo de Tomar e Convento de Cristo
A actividade caminheira ... terminou num bar muito especial, a ​Taverna Antiqua; ali … "​Recriam-se tempos idos, em que os senhores feudais disputavam entre si reinos, castelos e terras, onde a lei era imposta pelo gume da espada e por crenças religiosas…​".
Ver o álbum completo

Sem comentários: