A pouco mais de um mês do fim de um Outono que continua a parecer Verão, os Caminheiros Gaspar Correia tinham a sua actividade de Novembro agendada para as terras do
Sado.
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Bairro do Olival Queimado, Alcácer do Sal, 18.11.2017 |
Durante o domínio romano,
Salacia, como então se chamava
Alcácer do Sal, era tão importante que os seus habitantes tinham o privilégio de cidadãos de Roma. Essa importância manteve-se durante a dominação visigótica e árabe, de tal modo que o Castelo foi um dos mais fortes da Península Ibérica nesse tempo.
A caminhada começou no bairro do Olival Queimado, ligeiramente a norte de
Alcácer, caminhando em direcção ao
Sado.
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Ao longo da vala de irrigação, a norte
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dos bairros do Olival Queimado e S. João
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E chegamos ao grande Rio, o Sado, infelizmente com as suas margens muito mais baixas do que seria de esperar |
Seguiu-se um percurso de quase 7 km ao longo da margem esquerda do
Sado. Com uma produção média anual de seis toneladas por hectare, o cultivo do arroz é uma das principais actividades económicas de
Alcácer do Sal. A actual seca tem contudo levado a uma quase total paragem, dado que a maioria dos arrozais estão fora de água. Os bandos de aves continuam no entanto felizmente a pairar sobre o rio e as suas margens lodosas e ricas em salicórnia, substituto natural do sal.
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Ao longo da margem esquerda do Sado ... |
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... acompanhados por grandes bandos de aves voando para sul |
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Salicórnia (Salicornia ramosissima) planta halófita que é um substituto natural do sal |
Pouco depois do meio dia e meia hora estávamos sob a ponte nova de
Alcácer, a ponte do IC1. Numa caminhada sem qualquer desnível, tínhamos feito 11,1 km em menos de 3 horas, o que é uma boa média no grupo. E ali almoçámos, à vista do
Sado, da cidade e do seu Castelo.
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E continuamos para sul,
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acompanhados pelas cegonhas
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E estamos quase na velha Salacia romana, ou a Qasr Abu Danis árabe (قصر أبي دانس) |
A única subida desta jornada foi precisamente para o Castelo, passando pelo
Santuário do Senhor dos Mártires, um dos templos cristãos mais antigos do país, necrópole pública desde a Idade do Ferro, que foi depois uma Ermida de romagem e panteão dos Mestres da Ordem de Santiago.
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Santuário do Senhor dos Mártires, Alcácer |
Alcácer do Sal é aliás ponto de passagem do
Caminho de Santiago vindo do sul do país, por Santiago do Cacém e Grândola.
E a nossa jornada terminou precisamente no Castelo de
Alcácer, onde hoje se localiza a
Pousada D. Afonso II e a
Cripta Arqueológica, que visitámos. Escavada no subsolo da fortaleza e do antigo
Convento de Aracaelli, a cripta oferece uma verdadeira viagem no tempo. Vinte e sete séculos de história cruzam-se numa atmosfera única, em que é possível ver vestígios de todos os povos que viveram na colina aos pés da qual se ergue a cidade e que ali deixaram a sua marca, desde a Idade do Ferro aos períodos romano, visigótico e muçulmano.
Qasr Abu Danis - قصر أبي دانس - significa literalmente o castelo do filho de Danis. Mas a estrutura terá sido mandada construir em 1191 pelo califa almóada Ya’qub Al- Mansur. Da colina do Castelo, a panorâmica estende-se sobre o
Sado, da cidade aos velhos arrozais e às margens a pedirem a chuva que não vem. E ali terminámos ... a parte pedestre deste sábado Caminheiro.
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Alcácer do Sal e o Sado, vista da colina do Castelo |
A actividade dos Caminheiros Gaspar Correia de Novembro inclui sempre um Magusto Caminheiro ... para repor energias...
😊. Desta vez, o convívio foi na
Herdade da Barrosinha. Um lanche que foi mais um jantar, onde claro que não faltaram as castanhas, e, a destacar, uma divinal sopa de castanha com tirinhas de presunto; um autêntico manjar dos deuses!
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