A máxima do saudoso Zeca Afonso, "
Traz outro amigo também" ... também poderia ser aplicada aos grupos de amigos que a paixão pelo pedestrianismo e pela Natureza tem proporcionado juntarem-se.
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Cheleiros, 12 de Fevereiro de 2017, 9h55 |
Efectivamente, cada nova caminhada, cada nova "aventura", traz novos conhecimentos, novos grupos, novas ideias. Hoje foi a vez das "
Rotas e Trilhos na Natureza", um grupo informal de caminheiros com um objectivo comum: proporcionar caminhadas pela Natureza, com uma componente lúdica e cultural.
Num dia que ameaçava chuva, a partida foi dada com muito Sol, em
Cheleiros, freguesia do Concelho de Mafra, na margem do rio
Lizandro. Para além das "
Rotas e Trilhos", tínhamos também a companhia de um numeroso grupo de
nuestros hermanos, vindos propositadamente da zona de Badajoz para um intercâmbio pedestre.
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Ponte Medieval de Cheleiros, sobre o Rio Lizandro |
Cruzada a ponte medieval, seguimos uma rota de muito arvoredo, por caminhos dos antigos moleiros, sempre por perto do
Ribeiro da Mata e subindo depois à típica aldeia da
Mata Pequena. Já por aqui tinha passado antes, inclusive quando da grande rota
entre a foz do Trancão e as Azenhas do Mar.
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Ao longo do |
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Ribeiro da Mata |
Mata Pequena é um pequeno povoado rural com uma dúzia de habitações simples, rústicas, pequenas, mas muito acolhedoras. Há uns anos pouco mais restava do que paredes e ruínas. As casas foram fruto do muito trabalho e dedicação de um casal que as recuperou e as destinou ao turismo rural, sendo hoje um lugar repleto de ternuras e de pedaços de um passado que nos é comum.
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Aldeia da Mata Pequena: um lugar repleto de ternuras |
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e de pedaços de um passado que nos é comum...
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Da
Mata Pequena rumámos a leste e ao
Penedo de Lexim. Com origem no complexo vulcânico de Lisboa, o
Penedo de Lexim constitui os restos de uma chaminé vulcânica. O magma sofreu arrefecimento lento e gerou minerais bem desenvolvidos e arranjados em forma de colunas prismáticas; o basalto alcalino das colunas é constituído por cristais de olivina, piroxenas e feldspatos, sob a forma de minerais desenvolvidos, visíveis a olho nú.
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Penedo de Lexim: história natural ao vivo |
O
Penedo de Lexim também é conhecido como sendo um dos pontos chave para a compreensão do Neolítico e da Idade do Cobre na Península Ibérica. Foi utilizado durante o Neolítico final, Calcolítico e Idade do Bronze, épocas das quais restam artefactos diversificados. Junto ao Penedo, proporcionou-se uma breve explicação sobre a geologia e a génese dos vulcões. E seguiu-se um frondoso trilho até à aldeia de
Lexim, onde fui encontrar uma
Imagem de Santiago. Decididamente, o
Caminho faz parte de nós...
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Santiago ... na aldeia de Lexim, com o Penedo ao fundo |
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Vale de Lexim, com a própria aldeia de Lexim ao fundo |
Passando a leste dos
Moinhos da Raimonda, subimos em direcção a
Anços, para voltar a descer às fantásticas
Cascatas de Anços, também conhecidas por cascatas do
Rio Mourão, afluente do
Lizandro É quase impensável o paraíso que ali existe, naquele ermo perdido da chamada região saloia, entre Sintra e Mafra. As águas são infelizmente muito turvas, mas a espectacularidade do local prende e encanta; sentimo-nos pequenos face à imponência da Natureza.
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Aldeia abandonada de Mourão, junto ao rio do mesmo nome, próximo de Anços |
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E descida às espectaculares Cascatas de Anços |
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Cascatas de Anços, ou
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do Rio Mourão
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Das cascatas, faltava regressar ao ponto de partida, sempre com as águas ao nosso lado, primeiro do rio
Mourão e depois do
Lizandro, até
Cheleiros. Mas - há sempre um mas... - tínhamos de atravessar o Lizandro. E atravessar o Lizandro ... foi uma pequena aventura... 😊
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Descida ao vale do Lizandro, dominado ao fundo pelo Penedo de Lexim |
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E agora? Temos que atravessar as águas turbulentas do "selvagem" Lizandro... |
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Quatro imagens ... de uma travessia épica... 😉 |
A última das imagens acima mostra os dois últimos aventureiros que passaram ... sim porque os outros, os
nuestros hermanos ... bateram em retirada. Voltaram a subir a encosta ... e devem ter chamado o autocarro que os trouxera de terras de Espanha. Com maior ou menor dificuldade, os nossos aguerridos "lutadores" passaram todos ... não sem que uma bota tenha ido
Lizando abaixo ... e ande provavelmente nesta altura a navegar no Atlântico... 😮
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Agora na margem direita do Lizandro ... já só faltava o regresso a Cheleiros |
Pouco depois das três e meia, mais ou menos enxutos, mais ou menos encharcados, mais ou menos enlameados ... e mais ou menos descalços ... estávamos de regresso ao "porto de abrigo" junto à Igreja de
Cheleiros. E, junto aos carros ... mais parecia um acampamento em troca de meias e botas.
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De regresso ao ponto de partida ... em várias modalidades e níveis de calçado e humidade... |
Quase seis horas de uma bela caminhada por entre vulcões extintos e cascatas ... e sem apanhar uma gota de água vinda do céu ... de um céu que as previsões ameaçavam que nos caísse em cima das cabeças. Boa estreia nas "
Rotas e Trilhos na Natureza".
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