sábado, 11 de janeiro de 2014

Cervigona ... a "princesa" do Xálima...

Em Junho de 2008, numa longa jornada a solo, desci as encostas do Xálima, descobri o paraíso das piscinas naturais de Jevero e da ponte de Carrecia, subi o vale da Cervigona, até à pequena barragem do Prado de Las Monjas, para acompanhar depois a ribeira de Acebo até à base da cascata da Cervigona, junto à antiga "fábrica de luz". Aquela cascata - uma das "princesas" da Sierra de Gata - ficou-me sempre na memória; se em Junho ela tinha a imponência que então me apresentara ... como estaria após semanas de chuvas intensas?
Puerto de Perales, 11.Jan.2014, 7:48h: O Sol acaba de nascer
De novo em jornada a solo, saí assim de Vale de Espinho rumo às terras de Xalmas, o deus vetão das águas ... o meu nickname em diversas áreas na internet...J. Por Navasfrias e Payo, o ponto estudado para dar corda às botas e às pernas foi no Puerto de Perales, limite entre terras castelhanas e estremenhas. Com o Sol ainda a espreguiçar-se de uma longa noite, a Sierra de Gata acordava para aquele que viria a ser um belo dia.

E aí está o Xalmas imponente (Xalmas, Xálima, Jálama, Xalama...)
O objectivo era contornar, a norte, as cabeceiras das diversas linhas de água que correm para a Ribera de Acebo, que alimenta a pequena barragem do Prado de Las Monjas e as piscinas naturais de Jevero, próximo de Acebo, que no verão são chamariz de tantas e tantas gentes. Logo do Teso de Santa Marta, ainda a 965 metros de altitude ... a cascata da Cervigona lá estava, do outro lado do vale. Aquela zona é um verdadeiro miradouro natural para o Xalmas e toda a sua encosta nordeste.

A Cervigona surge nas faldas do Xálima
Pelo corta fogo que separa Castela da Extremadura, subi o Cerro de La Pizarra até onde, em 2008, tinha subido desde o vale de Acebo. Depois ... depois era o corta mato até ir ao encontro da parte alta das tuberías da antiga "fábrica de luz", a central eléctrica que outrora aproveitava a energia destas águas revoltas. Na minha memória ficou sempre o que tinha sido aquele pequeno troço ... a subir ... que agora foi a descer. Na parte inicial, o sendero ... desaparecia no mato tão misteriosamente como depois reaparecia. Até às tuberías ... foi corta mato puro e duro...

No meio da "selva" ... aparecem vestígios de épocas que o tempo apagou

E chego às "tuberías" da velha "fábrica da luz"
Ao longo deste percurso, e também já no fundo do vale, a caminho da Cervigona, cruzei-me com diversos pequenos grupos de caminheiros. Neste confins "perdido" da Sierra de Gata, em Janeiro, não estava à espera de encontrar tanto senderista.
Com mais de 400 metros de desnível vencidos em menos de dois quilómetros, chegar ao vale da ribera de Acebo ... é chegar ao paraíso! Águas que parecem de cristal, no meio de uma vegetação rica e densa, um mundo à parte, longe das crises e do bulício dos aglomerados.

E chego às águas límpidas da Rivera de Acebo
A Cervigona são mais propriamente duas imponentes cascatas da Rivera de Los Alisos, que se despenha no vale para logo se juntar à Rivera de Acebo. Subindo um pouco o seu curso, diversos conjuntos de mariolas assinalam bem o caminho até à base das cascatas. Para uma melhor perspectiva, as agulhas xistosas facilitam a trepada até diversos estreitos patamares, de onde se assiste àquele fabuloso espectáculo natural. Fotografias ... são sempre mais que muitas...

Cascatas da Cervigona:
retalhos de magia
Da Cervigona, a Rivera de Acebo corre célere para o vale
Pouco abaixo da base das cascatas situam-se as ruínas da "fábrica de luz". Memórias atrás dos tempos...! Memória também de alguém que se apaixonou por estas terras, eternizada numa placa que passa despercebida, na parede de uma ruína: "A nuestro angel de la guarda. Descansa en los senderos que te vieron caminar. Siempre estarás con nosotros."

Ruínas da antiga "fábrica de luz"
Da "fábrica da luz" à barragem do Prado de Las Monjas foi uma rápida mas bonita descida, ao longo do vale. Do paredão da barragem, percebia-se já a zona das piscinas de Jevero, as belas piscinas naturais de Acebo, junto à Ponte de Carrecia.

A caminho do Prado
de las Monjas
Abre-se o vale de Acebo
Barragem de Prado de Las Monjas
Dos 550 metros de altitude do Prado de las Monjas ... havia que subir de regresso ao Puerto de Perales ... acima dos 900 metros. O percurso foi o da senda da Jara del Rey, nome do arroyo que corre da encosta poente do Teso de Santa María e que conduz também ao miradouro de La Ventosa, com espectacular panorâmica sobre a barragem e todo o vale, com o "meu" Xalmas sempre a dominar.

Ao longo da Jara del Rey
No miradouro de La Ventosa
"Fronteira" Extremadura / Castilla, com o Xalmas a dominar ... e o destino está já próximo
Reentrando em terras castelhanas, pouco faltava já para o Puerto de Perales ... e o "bólide" lá estava onde o deixei, com umas boas horas de descanso. A Sierra de Gata tinha-me acabado de mostrar uma das suas princesas, em todo o esplendor da água e da vida. O regresso a Vale de Espinho não tardou...

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2 comentários:

lupuscanissignatus disse...

É um regalo para a alma pousar os olhos neste blogue com título aquilino...

Obrigado pela partilha.

Chico Lei disse...

Obrigado pelo amor, pelo carinho e pelo gosto com que reproduzes as belezas naturais das "nossas terras" (de todos)!...
Continua!...