| Brilhos e memórias das Guizias, das Fontes Lares... dos meus santuários perdidos... |
Como em todos os últimos 22 anos... o "retiro espiritual" de Vale de Espinho acolhe-nos no fim de outubro. Outono... tempo de castanhas, tempo de brilhos e de cores... tempo de Todos-os-Santos.
Segunda feira, 27. O dia parecia rejubilar. Sol, céu azul, temperatura
amena... o Universo a sussurrar-me:
"Sai. Respira estes teus ares. Vai beber a água das fontes... das fontes que brotam
muito mais do que água..."
E fui. Uma pequena caminhada à "Coba" Grande, às Guizias, às "minhas"
Fontes Lares e ao Seixel, com regresso pela Có Pequena e Areeiro.
Enquanto segues este post, deixa que a voz de Joaquim de Almeida te
acompanhe. Clica no leitor e caminha comigo…
|
| Sobre Vale de Espinho, 27.10.2025, 09h30 |
Caminhei só, sem estar só...
O sol acendia as cores, a paisagem em escuta.
No meu santuário, repousam botas que já conheceram léguas e abraços.
A Natureza vai-se encarregando de as fazer voltar à terra que tanto calcorrearam...
tudo tem o seu tempo para parar e adormecer...🌿🙏⭐️👣
Naquele dia... apenas silêncio, memória e luz...
Depois... depois fiquei à espera da chuva anunciada...
|
|
|
|
|
| Pelas Cabeças e pela Coba Grande, chego às Guizias |
|
|
|
|
|
| Através de um mundo de brilhos e de cores... |
|
| ... chego ao "santuário" das Fontes Lares, 11h00. Os fieitos quase cobrem o barroco! |
|
|
|
|
|
| Na velha casa das Fontes Lares... ou no que dela resta... |
|
| A Natureza vai cobrindo |
|
| ruínas e memórias... |
Quatro silêncios... quatro vozes que já caminharam comigo. As mais jovens,
dois pares Bestard – um dos quais fez o meu Caminho
de Vale de Espinho a Santiago de Compostela
– ainda guardam o fôlego dos trilhos (foto superior). As outras, as velhas
Meindl, também dois pares – as mais velhinhas vindas de terras da
Vanoise – jazem sob a manta morta do Tempo, quase invisíveis, quase pó;
há onze anos
que dormem naquele meu "santuário" de passos antigos (fotos inferiores).
|
| A noroeste do "santuário" das Fontes Lares. Ao fundo, a Serra da Estrela. |
Caminhei para os lados da Serra Madeira. Há muito que não ia ao
Seixel – um nome apenas, talvez, mas um nome com raízes, com ecos de
vidas e de trabalho, tal como as Fontes Lares, onde a água da fontinha
ficou a murmurar histórias que só as pedras e os passos antigos sabem escutar.
|
| Seixel, na encosta sul da Serra Madeira |
|
|
| A chegar ao Cruzeiro da Có Pequena, 12h30 |
Todos estes caminhos me conhecem...
Conhecem-me pelas cores, pelos sons, pelos cheiros… e até pelas memórias do
que não vivi.
São feitos dos relatos das gentes que me adoptaram — e que eu adoptei — há
mais de meio século.
Tudo começou, um dia, nos bancos da velha Faculdade de Ciências de Lisboa. O
Universo, em gesto de alquimia, uniu uma arraiana e um urbano que, apenas
três anos antes, descobrira uma das suas paixões: a Natureza, os grandes
espaços, o mundo rural, as pequenas aldeias serranas.
Quis o destino que só tivéssemos um cantinho nosso em
Vale de Espinho trinta anos depois... quando o Céu nos levou o grande
timoneiro — o nosso saudoso Zé “Malhadinhas”, pai da minha estrela arraiana.
São os mistérios, os desígnios… as fragas e pragas do destino. E se já antes
começara a conhecer e a amar estas terras e estas gentes… as últimas duas
décadas foram de descoberta permanente. Descoberta, sim — porque mesmo os
trilhos conhecidos nunca são os mesmos.
Cada passo é uma nota nova, numa melodia às quatro estações… como no título
do filme que também já se vai perdendo nas memórias do Tempo:
Vale de Espinho, Uma Melodia a Quatro Estações
(2006).
|
|
|
9 km que tão bem conheço... 9 km de magia (Clica para reviver... no Relive) |
|
E aqui estou eu, neste outono de 2025, nas minhas terras raianas…Com uns 72 anos de vida que me parecem irreais…Que me parece que voaram…À espera da chuva anunciada…À espera que o Tempo não traga o outono nem o inverno... da Vida...
👣 🍂





































